CARDEAL ARNS LUTOU
CONTRA A DITADURA E PELOS DIREITOS HUMANOS, por Theodiano Bastos
Não tiver a honra de
conhecer pessoalmente Dom Paulo Evaristo Arns, embora tenha ido em 1978 a sua
residência em São Paulo quando ele não estava, mas pelos Correios enviou-me uma
"Bênção Especial" pelos meus artigos publicados. Na orelha de meu
livro “A PROCURA DO DESTINO”: “Agradeço as delicadas palavras de sua carta de
14/11/78 e o belo artigo O Despertar da Justiça, (o julgamento sobre a morte do
jornalista Vladimir Herzog), retribuindo com cordiais saudações, os
melhores votos e o pedido de continuar sempre com seu precioso apoio às grandes
causas”.
Lembro que em um de seus
livros, ao ser perguntado se o feitiço existe, ele respondeu: — Se você
acredita ele existe.
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Dom Paulo Evaristo Arns
lutou contra a ditadura e pelos direitos humanos
Arcebispo emérito atuou ainda como jornalista,
professor e escritor
Morre,
aos 95 anos, o Cardeal Paulo Evaristo Arns
Dom Paulo
Evaristo Arns morreu
nesta quarta-feira (14) em São Paulo aos 95 anos de vida, sendo mais de 76 anos
de dedicação à igreja. Sua trajetória ficou marcada pela defesa dos direitos
humanos durante a ditadura militar e pela retomada da democracia, o que lhe
rendeu o apelido de cardeal da resistência.
Quinto de
13 filhos de imigrantes alemães, Arns nasceu em 1921 em Forquilhinha, Santa
Catarina. Ingressou na Ordem Franciscana em 1939 e iniciou seus trabalhos como
líder religioso em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Formou-se em teologia e
filosofia em universidades brasileiras. Ordenado sacerdote em 1945, ele foi
estudar na Sorbonne, em Paris, onde cursou letras, pedagogia e também defendeu
seu doutorado.
Foi bispo
e arcebispo de São Paulo entre os anos 60 e 70. Teve uma atuação marcante na
Zona Norte da cidade, região em que desenvolveu inúmeros projetos para a
população de baixa renda.
Ao longo
de sua trajetória, trabalhou ainda como jornalista, professor e escritor, tendo
publicado 57 livros. Torcedor fanático do Corinthians, ele sempre exaltou seu
amor pelo clube paulista e escreveu o livro "Corintiano Graças a
Deus".
O então
Bispo Auxiliar da Zona Norte de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, durante
missa de fim de ano no Pavilhão 3 da Penitenciária do Carandiru, em São Paulo,
em dezembro de 1968
Durante a
ditadura militar, destacou-se por sua luta política, em defesa dos direitos
humanos, contra as torturas e a favor do voto nas Diretas Já. Ganhou projeção
na militância em janeiro de 1971, logo após tornar-se arcebispo de São Paulo e
denunciar a prisão e tortura de dois agentes de pastoral, o padre Giulio Vicini
e a assistente social Yara Spadini. No mesmo ano, apoiou Dom Hélder Câmara e
Dom Waldyr Calheiros, que estavam sendo pressionados pelo regime militar.
Nesse período, encontrou-se com o então presidente,
Emílio Garrastazu Médici e questionou a truculência da ditadura: "Senhor
presidente, eu estou aqui pra dizer ao senhor que nós gostaríamos que houvesse
julgamento em São Paulo, que as pessoas não fossem presas assim sem mais nem
menos", diz.
Conta que ouviu do general:
"Nós não temos conversas, nós sabemos o que temos que fazer. O seu lugar é na igreja, na sacristia, e o nosso lugar é aqui para governar o estado". Fonte: http://g1.globo.com 14/12/16
"Nós não temos conversas, nós sabemos o que temos que fazer. O seu lugar é na igreja, na sacristia, e o nosso lugar é aqui para governar o estado". Fonte: http://g1.globo.com 14/12/16