Visão conspiratória e vitimização lulopetistas
O PT, mais uma vez, deve se explicar diante da
descoberta de outro caso de corrupção no primeiro nível da administração de seu
governo
EDITORIAL
de O GLOBO de 25/06/2016
Desde março de 2014, quando foi
lançada a Operação Lava-Jato, casos de roubalheira de lulopetistas e aliados se
concentraram no grupo Petrobras e em alguma outra empresa pública. Golpes dados
contra o Erário na administração direta, na manipulação de verbas de
ministérios, em que os desvios no Denit (Transportes) são grande exemplo,
haviam ficado para trás.
Mas, vê-se agora, na Operação
Custo Brasil, na qual foi preso o ex-ministro Paulo Bernardo, que a corrupção
no primeiro nível da administração federal continuou campeando. O esquema
montado no Planejamento, com Paulo Bernardo, é prova disso. Por ele foram
ordenhados, segundo o MP de São Paulo, R$ 100 milhões em cobranças indevidas de
servidores federais clientes de crédito consignado. Parte foi para o PT,
sobraram R$ 7 milhões para o ex-ministro, e assim por diante.
A sede do partido, em São Paulo,
também foi visitada pela Operação. Logo, parlamentares petistas e outros
representantes do PT , inclusive a executiva nacional da legenda, reagiram de
forma típicamente petista: pela vitimização e a partir de uma visão
conspiratória.
Nessas circunstâncias, o partido
sempre se apresenta como vítima de tenebrosas maquinações dos adversários e
inimigos. Desta vez, tudo acontece porque o Planalto de Michel Temer enfrenta
desgastes devido ao envolvimento, de alguma forma, de gente do governo interino
com a Lava-Jato. Por serem investigados ou acusados pela operação, como também
por tramarem para conter o desbaratamento do petrolão, com leis aprovadas no
Legislativo e lobbies em Cortes judiciais.
Acham petistas — ou dizem achar —
que o governo interino, jogado às cordas por gravações feitas pelo
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, por exemplo, manobrou para que o
Ministério Público e a Polícia Federal desfechassem a Custo Brasil.
Acredite quem quiser que o MP,
independente por determinação constitucional, e a PF, operacionalmente
autônoma, aprontaram esta operação para prejudicar o PT e nesta hora. O partido
se prejudica a si mesmo, sem ajuda. Ele precisa é, mais uma vez, se explicar.
Há várias descobertas graves feitas pelas investigações: a Consist, empresa
contratada, cobrou um sobrepreço na tarifa de serviço aos clientes do crédito e
com isso arrecadou R$ 100 milhões, dos quais saíram propinas e dinheiro para o
PT. Uma das ligações do caso com a senadora Gleisi Hoffmann (PT), mulher de
Bernardo, é a participação no esquema do seu advogado em campanhas, Guilherme
Gonçalves.
Um aspecto relevante em tudo isso
é que a operação comprova que a “organização criminosa” do partido e aliados
(PMDB, PP, PCdoB) não atuou apenas na Petrobras. Já haviam sido detectadas
ramificações dela no setor elétrico (Eletronuclear, Belo Monte). Agora, na
administração direta. E obedecendo ao mesmo padrão: financiamento eleitoral e
bolsos pessoais.
Fonte: http://oglobo.globo.com/opiniao/visao-conspiratoria-vitimizacao-lulopetistas-19579446#ixzz4CbBRAzoz
Fonte: http://oglobo.globo.com/opiniao/visao-conspiratoria-vitimizacao-lulopetistas-19579446#ixzz4CbBRAzoz