O governo Bolsonaro tem mais de 8 mil militares no governo e “Lula em anúncio de ministros: Forças Armadas têm de ficar fora da política.
Presidente eleito manda recado aos militares ao
enfatizar que as três instituições não foram feitas para ter candidato. Ele
confirma cinco ministros e avisa que, na terça-feira, anunciará os demais
integrantes do primeiro escalão
No primeiro pacote de anúncio de
ministros, ontem, na sede do governo de transição, no CCBB, o presidente eleito
Luiz Inácio Lula da Silva priorizou não só as áreas consideradas estratégicas
como nomes mais ligados ao PT. Até mesmo o novo ministro da Justiça, o senador
eleito e ex-governador do Maranhão Flávio Dino, do PSB, é muito mais próximo do
futuro chefe do Executivo do que o vice-presidente eleito e correligionário de
partido Geraldo Alckmin.
Além de Dino, foram confirmados os
novos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; das Relações Exteriores, o
embaixador do Brasil na Croácia, Mauro Vieira; da Casa Civil, o governador da
Bahia Rui Costa; e da Defesa, o ex-deputado e ex-presidente do Tribunal de
Contas da União, José Múcio Monteiro.
Apenas o embaixador não esteve presente
na entrevista coletiva convocada para o anúncio dos primeiros nomes do novo
gabinete. Ele está na Croácia e embarca amanhã para o Brasil. Tem reunião
marcada com Lula na segunda-feira.
Ao comentar o papel de José Múcio
Monteiro na Defesa, o presidente eleito deixou bem claro o que pensa sobre o
envolvimento dos militares na política. "As Forças Armadas não foram
feitas para fazer política, para fazer candidatos. Quem quiser ser candidato,
que se aposente e se torne candidato", avisou Lula. A principal missão no
novo ministro será "pacificar" a caserna (leia reportagem abaixo).
Entre os anunciados, Fernando Haddad e
Rui Costa são quadros históricos do PT. Ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro
da Educação, Haddad disputou e perdeu a eleição ao governo de São Paulo para o
candidato do presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Infraestrutura
Tarcísio Freitas. Costa cumpre o final do mandato como governador — preferiu
não disputar cargos eletivos em outubro. Ele foi um dos principais coordenadores
da campanha de Lula no Nordeste, garantindo a vitória do candidato petista na
Bahia com mais de 70% dos votos. E ainda fez o sucessor, elegendo Jerônimo
Rodrigues para o Palácio de Ondina.
Vieira e Monteiro foram ministros em
governos petistas. O primeiro voltará ao posto de chanceler, cargo que ocupou
no governo de Dilma Rousseff. O ex-presidente do TCU, por sua vez, foi ministro
das Relações Institucionais no segundo mandato de Lula e é considerado um dos
políticos mais habilidosos de Brasília. Antes de assumir o comando da Corte de
Contas, José Múcio Monteiro foi deputado federal por cinco mandatos.
"Tomei a decisão porque preciso
que algumas pessoas comecem a trabalhar para montar o governo e para criar
condições para que a nossa estrutura, que começa no dia 1º, comece a
funcionar", explicou o presidente eleito, ao justificar os motivos que o
levaram a antecipar a divulgação de ministros, prevista para começar apenas
depois da diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcada para segunda-feira.
Lula informou que, no dia seguinte à diplomação, anunciará um novo pacote, com
"pelo menos o dobro" de nomes.