Por THAIANA BROTTO
O termo “crise existencial” se refere ao descontentamento que surge devido à
insatisfação ou à confusão com a própria identidade e sentido da vida. Também
pode ser chamada de “ansiedade existencial” já que incita a pessoa em crise a se preocupar excessivamente com seu futuro e propósito
de vida
Você já se perguntou por que está aqui
ou quem você é? Já teve a sensação de que a vida é frágil e, portanto, pode
cessar abruptamente? Já quis descobrir qual é o seu propósito de vida? Esses
questionamentos são normais e a maioria das pessoas dedica tempo para encontrar
respostas apropriadas para eles em algum momento de suas vidas.
A busca excessiva pelo sentido da vida,
como também o impacto de grandes transformações em nossa rotina, como uma
mudança repentina de cidade ou os primeiros dias em um novo emprego, pode
desencadear sentimentos desagradáveis. Eventualmente, eles podem causar uma
crise existencial.
Psicólogos afirmam
que desafios do cotidiano raramente são o suficiente para provocar esse tipo de
crise. Normalmente, ela surge por conta de um momento de grande desespero, um
evento de vida marcante ou um trauma.
O que é crise existencial?
O termo “crise existencial” se refere
ao descontentamento que surge devido à insatisfação ou à confusão com a própria
identidade e sentido da vida. Também pode ser chamada de “ansiedade existencial”
já que incita a pessoa em crise a se preocupar excessivamente com seu futuro
e propósito de vida.
Durante uma crise surgem devaneios
sobre o “verdadeiro” significado da vida, pendendo sempre para uma visão
pessimista. A pessoa em crise pensa que sua existência ou a existência de todos
os seres humanos não têm sentido, que passar por problemas é sofrido demais em
comparação com as recompensas da vida, e que tudo vai acabar algum dia.
Essas preocupações costumam aparecer
durante períodos de transição e normalmente reflete a dificuldade da pessoa em
crise de se adaptar às novas circunstâncias. O sentimento-chave deste tipo de
crise é a sensação de que a base da sua vida (família, relacionamento,
trabalho, objetivos pessoais) está abalada, ameaçando a sua segurança emocional
e física.
Tipos de crise existencial
O termo “crise existencial” pode,
ainda, ser utilizado para descrever uma série de conflitos de origem emocional.
Medo da responsabilidade
O medo da responsabilidade associado à
crise não é somente temer atender compromissos. É o temor que nasce com a
realização de que precisamos nos responsabilizar por nossas ações e
escolhas.
Como não há um caminho 100% certo ou
errado para nos guiar ao longo da vida, o medo de tomar decisões que causem
sofrimento e dificultem a realização de sonhos pode ocasionar muita ansiedade.
Quando a responsabilidade de “ter uma
boa vida” parece adquirir proporções maiores do que nossos esforços e força de
vontade, podemos desenvolver hábitos e comportamentos negativos para fugir da
mesma.
Pessoas que fazem tudo para evitar se
comprometerem com o trabalho ou um relacionamento, por exemplo, por vezes
sofrem desse tipo de crise existencial.
Sentido da vida
Pessoas que experimentam a ansiedade
existencial tendem a se perguntar com frequência qual é o sentido da vida. “Por
que estou aqui?”, “Qual é o meu propósito?” e “Qual é o verdadeiro sentido da
existência humana?” são alguns questionamentos em que elas se perdem por horas.
Quando passamos por momentos de
transição e perdemos momentaneamente a segurança proporcionada pelo nosso lar e
pessoas queridas, sobretudo, podemos começar a nos questionar qual é o sentido
de passar por tudo isso.
Embora não haja nada de errado em se fazer essas
perguntas, elas podem se tornar um fardo quando feitas em excesso. Você pode
encontrar o seu propósito de vida à medida
que acumula experiências, mas dificilmente encontrará a resposta para o sentido
da vida.
Morte e doenças
A morte de alguém próximo pode despertar
diversos questionamentos existencialistas, bem como a contração de uma doença
grave. Você pode começar a se questionar sobre a efemeridade da vida e ficar ansioso diante da realidade de que
ela pode acabar abruptamente, independente de seus planos.
Do mesmo modo, você pode causar o mesmo
sentimento desagradável ao começar a fazer questionamentos sobre o sentido da
vida em si. A sua busca por um propósito maior pode causar uma mistura de medo e ansiedade, além de despertar
preocupações com a fragilidade da vida. Realmente importa se você trabalha bem
ou mal perante a sua própria imortalidade? No fim da vida importará quanto
dinheiro, sucesso ou conquistas você teve?
Evento de vida significativo
Muitas pessoas passam por crises
existenciais quando se deparam com grandes eventos de vida ou, em outras
palavras, mudanças. Um acontecimento significativo consequentemente muda a sua
vida, seja em grandes ou pequenas proporções.
Uma formatura, por exemplo, é um evento
marcante para a maioria dos indivíduos. Apesar de ser emocionante, também
representa a transição da condição de estudante para a de profissional. Essa
mudança e as expectativas incumbidas nela podem
despertar ansiedade.
Mesmo que a formatura seja um evento
com o qual todo estudante sonha, quando acontece de verdade, a sensação é de
vivenciar uma mudança de vida “súbita”. Os eventos de vida, quando vivenciados,
são mais intensos do que quando imaginados. Assim, podem causar reações
intensas.
Repressão de emoções e
sentimentos
Não se dar permissão para sentir emoções e sentimentos pode ocasionar uma crise
existencial. Algumas pessoas bloqueiam o sofrimento para tentar esquecer da sua
origem. Elas acreditam que a repressão as ajudará a encontrar a felicidade
novamente.
Porém, essa atitude acaba causando um
falso senso de felicidade. Elas não sentem, de fato, que estão contentes e
satisfeitas, apenas fingem estar. Quando deixamos de experimentar a felicidade
autêntica, a vida parece vazia e sem sentido.
Como saber se estou tendo uma
crise existencial?
Você provavelmente está passando por
uma crise existencial se:
- Questiona demasiadamente a razão para estar
vivo e ser quem você é;
- Não vê sentido em se esforçar para obter o que
deseja porque a morte é o destino de todos;
- Sente-se triste a maior parte do tempo;
- Não acredita que merece a felicidade, então
não tenta mudar a sua condição atual ou o seu humor;
- Sente desesperança acerca do futuro e de metas
de vida;
- Se preocupa constantemente com as suas
decisões;
- Se sente incomodado com a sua própria
existência;
- Sente que não se encaixa em nenhum grupo;
- Tem dificuldade para tomar decisões e fazer
planos porque teme se comprometer com um determinado futuro;
- Experiencia sentimentos de impotência com
frequência; e
- Tem a necessidade de se perguntar sobre o
sentido da vida de novo e de novo.
Como lidar com uma crise
existencial?
A crise existencial pode ser um alerta
para você procurar um psicólogo. Pessoas
deprimidas costumam sentir necessidade de questionar a razão de
suas existências, podendo chegar ao ponto de nutrir pensamentos suicidas.
Dedicar tempo para modificar a sua
perspectiva sobre a vida também pode ajudá-lo a combater a ansiedade
existencial. Você pode sim refletir e buscar o seu propósito de vida em seu
trabalho, em seu cotidiano, em seu relacionamento, em sua família ou em uma causa
social. Só não pode deixar que essa busca dite seus pensamentos, ações e
emoções.
Em seguida, veja formas de lidar com
uma crise existencial além da psicoterapia.
1. Recupere
o controle de seus pensamentos
Você tem o poder de controlar os seus
pensamentos, não importa o que eles sejam. Lembre-se disso sempre quando pensamentos ansiosos tentarem fazê-lo
mudar a sua perspectiva de vida, autoimagem ou visão de relacionamentos. Comece
a pensar em coisas boas, como lembranças de momentos agradáveis, conquistas do
passado, sonhos e pessoas queridas.
2. Tenha um
diário de gratidão
Uma forma de contra-atacar a
insatisfação com a vida ou a sensação de falta de sentido é listar pelo que
você é grato. Você pode começar esse exercício pela sua saúde,
independentemente de que condição ela esteja, e passar para outros aspectos os
quais tornam a sua vida mais feliz. Pode ser algo simples, como o café da
tarde, ou grandioso, como um relacionamento.
3. Liste por
que sua vida tem sentido
Semelhante ao exercício interior, você
pode tanto listar quanto refletir sobre o porquê de sua vida/sua existência ter
sentido. Por exemplo, quais são as suas motivações? O que o ajuda a se levantar
da cama todos os dias? O que o leva a se esforçar e aperfeiçoar as suas
competências pessoais?
4. Não
espere encontrar todas as respostas
Compreenda que simplesmente não existem
respostas para determinadas perguntas. Você pode passar anos da sua vida (e
muitos estudiosos já passaram) tentando respondê-las e não encontrar uma única
resposta satisfatória. Aceite essa realidade e transforme a ansiedade e o
descontentamento em algo bom através da reflexão e do autoconhecimento. Aprender a lidar com
sentimentos negativos lhe ajudará a crescer como pessoa.