Bolsonaro nomeia militar
para cargo de número 2 do MEC
Renata Cafardo, https://educacao.estadao.com.br/ 29/03/19
O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta sexta-feira
um militar para número 2 do Ministério da Educação (MEC). O cargo de secretário
executivo estava vago desde o dia 13. Quem vai assumir agora é o tenente
brigadeiro Ricardo Machado Vieira, que foi do Secretário de Pessoal, Ensino,
Saúde e Desporto do Ministério da Defesa e chefe do Estado-Maior da
Aeronáutica.
Machado Vieira atualmente era
chefe de gabinete no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
órgão do MEC que cuida de compras de livros didáticos, transporte, merenda.
Segundo fontes, o ministro Ricardo Vélez
Rodríguez pode ser demitido e Machado Vieira ficaria como ministro interino
até o governo encontrar um outro nome. Outra opção seria manter Vélez para
preservá-lo, mas sem poder algum. Seria um movimento para “organizar a casa” e
tentar atrair profissionais de educação.
Vélez foi chamado para um reunião
com Bolsonaro hoje pela manhã. Ele havia anunciado outros dois secretários
executivos e foi
desautorizado pelo governo. O ministro enfrenta uma crise há mais de um mês
marcada por disputas
internas, mais de 15 exonerações, medidas polêmicas e recuos.
Machado Vieira é homem forte no
círculo militar, especialista em logística e pode ajudar a combater a
influência dos chamados olavistas no MEC, segundo o Estado apurou. Ontem, Vélez nomeou dois simpatizantes do guru do
bolsonaristas, Olavo de Carvalho, para assessores diretos dele.
Machado Vieira é muito amigo do
general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI),
e contemporâneo do vice-presidente Hamilton Mourão e do ministro da Secretaria
de Governo Carlos Alberto Santos Cruz.
Os cargos vagos no MEC têm
causado paralisia na pasta. O governo deve anunciar ainda hoje um novo
presidente do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep).
Marcus Vinicius Rodrigues foi demitido nesta semana e fez
duras críticas a Vélez. Segundo mostrou o Estado, a falta de comando no
órgão pode
inviabilizar até a polêmica comissão formada para analisar questões do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O ex-secretário executivo do MEC
Luiz Antonio Tozi foi
demitido a pedido de Bolsonaro, depois que tentou enfrentar os “olavistas”.
Tozi era do chamado grupo técnico do ministério, foi dirigente no Centro Paula
Souza, autarquia do governo paulista, e por isso chegou a ser chamado de
“tucano” por Olavo de Carvalho.