quinta-feira, 20 de setembro de 2018

MARCHA DA INSENSATEZ


MARCHA DA INSENSATEZ
Fernando Henrique Cardoso divulgou hoje uma carta “aos eleitores e eleitoras” em que faz uma análise do momento político brasileiro a menos de três semanas da eleição presidencial, informa o Estadão.
No longo texto, FHC diz que em poucas ocasiões viu “condições políticas e sociais tão desafiadoras quanto as atuais”. Cita a “fragmentação social e política” e os “desatinos de política econômica herdados pelo atual governo”. E diz que “ainda há tempo para deter a marcha da insensatez”.

Leia, abaixo, a íntegra:
“Carta aos eleitores e eleitoras
Fernando Henrique Cardoso
Em poucas semanas escolheremos os candidatos que passarão ao segundo turno. Em minha já longa vida recordo-me de poucos momentos tão decisivos para o futuro do Brasil em que as soluções dos grandes desafios dependeram do povo. Que hoje dependam, é mérito do próprio povo e de dirigentes políticos que lutaram contra o autoritarismo nas ruas e no Congresso e criaram as condições para a promulgação, há trinta anos, da Constituição que nos rege.

Em plena vigência do estado de direito nosso primeiro compromisso há de ser com a continuidade da democracia. Ganhe quem ganhar, o povo terá decidido soberanamente o vencedor e ponto final.

A democracia para mim é um valor pétreo. Mas ela não opera no vazio. Em poucas ocasiões vi condições políticas e sociais tão desafiadoras quanto as atuais. Fui ministro de um governo fruto de outro impeachment, processo sempre traumático. Na época, a inflação beirava 1000 por cento ao ano. O presidente Itamar Franco percebeu que a coesão política era essencial para enfrentar os problemas. Formou um ministério com políticos de vários partidos, incluída a oposição ao seu governo, tal era sua angústia com o possível despedaçamento do país. Com meu apoio e de muitas outras pessoas, lançou-se a estabilizar a economia. Criara as bases políticas para tanto.

Agora, a fragmentação social e política é maior ainda. Tanto porque as economias contemporâneas criam novas ocupações, mas destroem muitas outras, gerando angústia e medo do futuro, como porque as conexões entre as pessoas se multiplicaram. Ao lado das mídias tradicionais, as ‘mídias sociais’ permitem a cada pessoa participar diretamente da rede de informações (verdadeiras e falsas) que formam a opinião pública. Sem mídia livre não há democracia.

Mudanças bruscas de escolhas eleitorais são possíveis, para o bem ou para o mal, a depender da ação de cada um de nós.
Nas escolhas que faremos o pano de fundo é sombrio. Desatinos de política econômica, herdados pelo atual governo, levaram a uma situação na qual há cerca de treze milhões de desempregados e um déficit público acumulado, sem contar os juros, de quase R$ 400 bilhões só nos últimos quatro anos, aos quais se somarão mais de R$ 100 bilhões em 2018. Essa sequência de déficits primários levou a dívida pública do governo federal a quase R$ 4 trilhões e a dívida pública total a mais de R$ 5 trilhões, cerca de 80% do PIB este ano, a despeito da redução da taxa de juros básica nos últimos dois anos. A situação fiscal da União é precária e a de vários Estados, dramática.

Como o novo governo terá gastos obrigatórios (principalmente salários do funcionalismo e benefícios da previdência) que já consomem cerca de 80% das receitas da União, além de uma conta de juros estimada em R$ 380 bilhões em 2019, o quadro fiscal da União tende a se agravar. O agravamento colocará em perigo o controle da inflação e forçará a elevação da taxa de juros. Sem a reversão desse círculo vicioso o país, mais cedo que tarde, mergulhará em uma crise econômica ainda mais profunda.

Diante de tão dramática situação, os candidatos à Presidência deveriam se recordar do que prometeu Churchill aos ingleses na guerra: sangue, suor e lágrimas. Poucos têm coragem e condição política para isso. No geral, acenam com promessas que não se realizarão com soluções simplistas, que não resolvem as questões desafiadoras. É necessária uma clara definição de rumo, a começar pelo compromisso com o ajuste inadiável das contas públicas.  São medidas que exigem explicação ao povo e tempo para que seus benefícios sejam sentidos. A primeira dessas medidas é uma lei da Previdência que elimine privilégios e assegure o equilíbrio do sistema em face do envelhecimento da população brasileira. A fixação de idades mínimas para a aposentadoria é inadiável. Ou os homens públicos em geral e os candidatos em particular dizem a verdade e mostram a insensatez das promessas enganadoras ou, ganhe quem ganhar, o pião continuará a girar sem sair do lugar, sobre um terreno que está afundando.

Ante a dramaticidade do quadro atual, ou se busca a coesão política, com coragem para falar o que já se sabe e a sensatez para juntar os mais capazes para evitar que o barco naufrague, ou o remendo eleitoral da escolha de um salvador da Pátria ou de um demagogo, mesmo que bem intencionado, nos levará ao aprofundamento da crise econômica, social e política.

Os partidos têm responsabilidade nessa crise. Nos últimos anos, lançaram-se com voracidade crescente ao butim do Estado, enredando-se na corrupção, não apenas individual, mas institucional: nomeando agentes políticos para, em conivência com chefes de empresas, privadas e públicas, desviarem recursos para os cofres partidários e suas campanhas. É um fato a desmoralização do sistema político inteiro, mesmo que nem todos hajam participado da sanha devastadora de recursos públicos. A proliferação dos partidos (mais de 20 na Câmara Federal e muitos outros na fila para serem registrados) acelerou o ‘dá-cá, toma-lá’ e levou de roldão o sistema eleitoral-partidário que montamos na Constituição de 1988. Ou se restabelece a confiança nos partidos e na política ou nada de duradouro será feito.

É neste quadro preocupante que se vê a radicalização dos sentimentos políticos. A gravidade de uma facada com intenções assassinas haver ferido o candidato que está à frente nas pesquisas eleitorais deveria servir como um grito de alerta: basta de pregar o ódio, tantas vezes estimulado pela própria vítima do atentado. O fato de ser este o candidato à frente das pesquisas e ter ele como principal opositor quem representa um líder preso por acusações de corrupção mostra o ponto a que chegamos.

Ainda há tempo para deter a marcha da insensatez. Como nas Diretas-já, não é o partidarismo, nem muito menos o personalismo, que devolverá rumo ao desenvolvimento social e econômico. É preciso revalorizar a virtude da tolerância à política, requisito para que a democracia funcione. Qualquer dos polos da radicalização atual que seja vencedor terá enormes dificuldades para obter a coesão nacional suficiente e necessária para adoção das medidas que levem à superação da crise. As promessas que têm sido feitas são irrealizáveis. As demandas do povo se transformarão em insatisfação ainda maior, num quadro de violência crescente e expansão do crime organizado.

Sem que haja escolha de uma liderança serena que saiba ouvir, que seja honesto, que tenha experiência e capacidade política para pacificar e governar o país; sem que a sociedade civil volte a atuar como tal e não como massa de manobra de partidos; sem que os candidatos que não apostam em soluções extremas se reúnam e decidam apoiar quem melhores condições de êxito eleitoral tiver, a crise tenderá certamente a se agravar. Os maiores interessados nesse encontro e nessa convergência devem ser os próprios candidatos que não se aliam às visões radicais que opõem ‘eles’ contra ‘nós’.

Não é de estagnação econômica, regressão política e social que o Brasil precisa. Somos todos responsáveis para evitar esse descaminho. É hora de juntar forças e escolher bem, antes que os acontecimentos nos levem para uma perigosa radicalização. Pensemos no país e não apenas nos partidos, neste ou naquele candidato. Caso contrário, será impossível mudar para melhor a vida do povo. É isto o que está em jogo:
o povo e o país. A Nação é o que importa neste momento decisivo.”  Fonte: https://www.oantagonista.com/ 20/09/18

BRASIL NUM POÇO SEM FUNDO


O BRASIL SE ENCONTRA NUM POÇO SEM FUNDO


O Brasil a ser administrado pelo presidente que tomará posse em 1º de janeiro de 2019 é um país de ponta-cabeça. O Executivo está quebrado. O Legislativo, pulverizado. O Judiciário, abarrotado de escândalos por julgar. Esse já não é um cenário de fundo do poço. 
O BRASIL SE ENCONTRA NUM POÇO SEM FUNDO



O Brasil a ser administrado pelo presidente que tomará posse em 1º de janeiro de 2019 é um país de ponta-cabeça. O Executivo está quebrado. O Legislativo, pulverizado. O Judiciário, abarrotado de escândalos por julgar. Esse já não é um cenário de fundo do poço. O Brasil se encontra num poço sem fundo.

Mantido o Fla-Flu, quem não morre de amores pelo capitão nem sonha com a volta da turma do presidiário terá de se posicionar. 

Muita gente votará em Haddad para evitar Bolsonaro. Outra parte optará pelo anti-PT para esconjurar o preposto de Lula. A preferência será substituída pela exclusão.

O Brasil é, hoje, um belo ponto no mapa, ideal para reerguer uma nação. Isso exige união. O problema é que a polarização deve produzir não um presidente, mas um herói vingador que os pára-choques de caminhão xingarão 15 dias depois da posse

https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/



PARAMOS NO TEMPO: 1989 2018


PARAMOS NO TEMPO

1989

O ANTAGONISTA 20.09.18 Mauro Paulino, do Datafolha, comparou 2018 a 1989: 
“Em 89, a três semanas da eleição, Fernando Collor conseguia 26%, PT e PDT somavam os mesmos 29% de hoje e o candidato mais ao centro e com maior tempo na TV, Ulysses Guimarães, estacionava bem abaixo de seu potencial.”

A segunda escolha   

O Datafolha mostra que 40% dos eleitores podem mudar o voto.

Entre eles, 15% indicaram Ciro Gomes como segunda escolha, 13% Marina, 12% Haddad e Alckmin e 11% Bolsonaro.
Isso quer dizer que Ciro Gomes ainda tem chance de superar Fernando Haddad e que Jair Bolsonaro pode ganhar no primeiro turno.
“Há trinta anos vivíamos em uma encruzilhada: Collor ou Lula? Essa é mais uma coincidência dessa eleição com a de 1989, a primeira direta depois da redemocratização. Essa história já conhecemos, e termina mal”, escreveu Merval Pereira no Globo.
O colunista argumenta que o País está parado no tempo. Temos os mesmos personagens políticos e mesmos hábitos de décadas atrás. Merval dá destaque aos candidatos que lideram a eleição e afirma que ambos pertencem a campos antidemocráticos. ESTADÃO E BR18 20/09/18

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

ONDA NA RETA FINAL DEFINIRÁ ELEIÇÃO


PESQUISAS ELEITORAIS
ONDA NA RETA FINAL DEFINIRÁ ELEIÇÃO 
 
Segundo o TSE, o Brasil tem no próximo dia 7 de outubro, 147.302.357 eleitores brasileiros poderão votar e os institutos de pesquisas consultam apenas 2002, 2506, 2860 ou 8.601 eleitores.                                 

Mas a 18 dias da eleição (em 19/9), a eleição ainda não está decidida e pode haver uma onda de última hora contra os extremistas. 

1989

 
Mauro Paulino, do Datafolha, comparou 2018 a 1989:
 

“Em 89, a três semanas da eleição, Fernando Collor conseguia 26%, PT e PDT somavam os mesmos 29% de hoje e o candidato mais ao centro e com maior tempo na TV, Ulysses Guimarães, estacionava bem abaixo de seu potencial.”

A segunda escolha   

O Datafolha mostra que 40% dos eleitores podem mudar o voto.

Entre eles, 15% indicaram Ciro Gomes como segunda escolha, 13% Marina, 12% Haddad e Alckmin e 11% Bolsonaro.
Isso quer dizer que Ciro Gomes ainda tem chance de superar Fernando Haddad e que Jair Bolsonaro pode ganhar no primeiro turno.


O debate em 4 de outubro na Rede Globo será decisivo.

A Opinião do Estadão: A antecipação do ‘voto útil’
“A sombria perspectiva de um segundo turno da eleição presidencial disputado entre extremistas, francamente indispostos à negociação política para alcançar o urgente consenso nacional, antecipou a estratégia do chamado “voto útil” – quando se defende o voto em determinado candidato não em razão de suas qualidades, mas por ser capaz de impedir a eleição de alguém considerado indesejado.” 

Pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada nesta terça-feira, 18, mostra que o eleitorado parece não estar interessado nos candidatos “mornos” e tem uma preferência pelos extremos. Jair Bolsonaro (PSL) oscilou novamente para cima, com 28% das intenções de voto. Do outro lado do espectro ideológico, Fernando Haddad (PT) cresceu 11 pontos porcentuais, bateu nos 19% e deixou para trás os adversários mais ao centro. Haverá uma sinalização do petista aos “moderados” em um possível segundo turno contra o ex-capitão? Uma nova “Carta ao Povo Brasileiro” convenceria alguém? Do lado do PSL, quem vai aparecendo como um vice nada decorativo é o general Hamilton Mourão, que não tem receio de declarações polêmicas. Alguns aliados de Bolsonaro estão preocupados com possível “desgaste” do militar. No ninho tucano, Geraldo Alckmin se diz “horrorizado” com Mourão e novos ataques contra a chapa devem aparecer nos próximos dias, após reunião entre os membros de sua coligação.                                                                      Fonte: https://br18.com.br/ Estadão