ISRAEL E TERRA SANTA O QUE
VI
THEODIANO BASTOS
Foi uma viagem inesquecível, minha esposa Maria
do Carmo e eu consideramos essa viagem como a mais importante e marcante de
nossas vidas; superou em muito todas nossas melhores expectativas. O grupo
tinha 38 pessoas, todas maravilhosas, sendo três padres, dois deles do Rio
Grande do Sul e um do Paraná, de diversas partes do Brasil.
O guia nasceu na Argentina, cidadão israelense,
mas fala português. Ficamos em excelentes hotéis: (Grand Beach Tel Aviv, perto
de uma linda praia do Mediterrâneo), no Hagoshrim Kibbutz And Resort Hotel na
Galiléia, que fica num bosque lindíssimo, com muitas, mas muitas flores e no
Grand Court em Jerusalém. Nesses hotéis tremulavam as bandeiras de Israel,
Estados Unidos e União Européia.
Voamos num 777 da El Al, empresa aérea
israelense, com excelente tratamento aos passageiros.
Ao lado das estradas, em pleno deserto, muita
agricultura irrigada por gotejamento, um emaranhado de finos tubos levando água
e fertilizante para verduras e frutas tropicais, como banana, manga, laranja
etc. Israel é um grande exportador de flores. Existem pomares em pleno deserto.
Israel retira 70% da água que utiliza do Mar da Galiléia, que na verdade é um
lago de água doce e está a mais de 20m abaixo do nível do mar, e que alimenta o
Rio Jordão que leva água para o Mar Morto, que por sua vez está a mais de 400m
abaixo do nível do mar e por isso existe uma comporta para evitar a vazão de
maior volume de água.
ISRAELENSES E
PALESTINOS
Segundo um brasileiro que encontrei trabalhando
no hotel em Tel Aviv, já cidadão israelense, disse que quem quiser trabalhar e
viver em paz encontra ambiente favorável, e que o problema são os extremistas
islâmicos e também judeus (que até já assassinaram um presidente de Israel
porque estava fazendo as pazes com os palestinos).
Muro das Lamentações: ninguém lê os pedidos, e
quando as gretas ficam cheias, os pedidos são recolhidos, colocados em um saco
e após cerimônia com preces a Javé, o saco é sepultado. Jerusalém tem 800 mil
habitantes, m/m 60% são árabes/muçulmanos. Na parte murada (cidade velha) moram
m/m 15 mil pessoas, a maioria árabes.
Shabat é o dia santificado que vai do por do sol
da sexta ao por do sol do sábado. Nesse dia ao visitarmos o Templo do Cenáculo
onde está o túmulo de Davi, quase uma centena de jovens estavam trajando
bermuda e camiseta que identificava uma tropa de elite, segundo o guia. Todos
portando metralhadoras de última geração e estavam em treinamento e iam
assistir a uma palestra.
CRISTIANISMO,
JUDAÍSMO E ISLAMISMO
A Terra Santa é sagrada para as três religiões,
e têm Abraão como patriarca e fundador dessas religiões. O Cristianismo,
judaísmo e islamismo têm a mesma origem e têm mais pontos em comum do que o
leitor imagina; as três religiões têm muitos profetas e um só Deus. Adão, Noé,
Abraão, Jacó, José e Moisés estão nas três religiões, e Maomé, é o profeta do
Islã. O Templo da Rocha em Jerusalém, tem a cúpula dourado. Os mulçumanos
proibiram desde 2001 a visita dos turistas, e são reservadas somente para
celebrações religiosas.
Tanto nas sinagogas como nas mesquitas, as
mulheres ficam separadas dos homens, e até no Muro das Lamentações é assim. Em
Safed, cidade da Cabala e do misticismo judaico, tivemos a sorte de ver uma
procissão em direção a uma sinagoga para a iniciação religiosa de dois garotos
de 13 anos (as meninas são aos 12 anos), tendo acima de suas cabeças uma
espécie de manto suspenso por quatro pessoas da família, com uma vara em cada
ponta do manto. Um trio tocava uma música muito alegre, com um tocando violão e
cantando, um tocando clarinete e outro com um tambor cerimonial. Um dos garotos
irradiava no semblante uma felicidade que não consigo esquecer.
Trata-se de uma região de grande valor
estratégico, pois é ponto de passagem para três continentes: Europa, Ásia e
África, e para as maiores reservas de petróleo do mundo. Jaffa, que tem 4.000
anos, por exemplo, foi invadida e destruída 14 vezes... O conquistador que
demorou menos ficou na área por mais de 100 anos. Napoleão invadiu a cidade
para conquistar o Egito, mas logo se retirou porque a tropa ficou doente.
Consta nas Professias de
Nostradamus (1.503/1.566) que a batalha do Armagedom (um vale ao lado do Monte Carmel em Israel,
perto do Iraque), marcará o final dos tempos, e o “Livro das Revelações” das
Bíblia tem um texto fantástico e confuso de São João, dizendo que surgirão as
figuras sinistras de Gog e Magog e os quatro cavaleiros do Apocalipse: morte,
fome, peste e guerra.
CLIMA DE TENSÃO
A ONU, Estados Unidos, União Européia e Rússia
trabalham para encontrar a paz na região, que só será possível com a criação do
Estado da palestina independente, a demarcação das fronteiras, a aceitação do
Estado de Israel e a internacionalização de Jerusalém, acredito.
Dia 7/6/10 na visita à Cidade Velha de Jerusalém
(entre os muros) vimos muitos, mas muitos soldados do Exército de Defesa de
Israel armados até o dentes e muitos, mas muitos policiais e um dirigível
não-tripulado parando sobre a área, deslocando-se vagarosamente de um lado para
o outro e filmando toda a movimentação.
Israel foi criado em 1948, tem apenas 62 anos de
existência, 7,5 milhões de habitantes, (80% são israelenses), mas já ganharam
oito prêmios Nobel.
Israel
foi criado em 1948, tem apenas 62 anos de existência, 7,5 milhões de
habitantes, 80% são israelenses, mas já ganharam oito prêmios Nobel.
Você sabia que 152
personalidades judaicas já ganharam o Prêmio Nobel?
Desde seu
lançamento, em 1901, o Prêmio Nobel foi conferido a 700 personalidades – 152
delas judeus. É uma estatística que impressiona: os judeus são, hoje um grupo
de quase 13 milhões para o Escritório Central de Estatísticas de Israel, 14
milhões para a Enciclopédia Britânica de 1999 e cerca 16 milhões para outras
fontes, num planeta habitado por 6 bilhões de pessoas. Mas são os responsáveis
por grande parte das grandes novidades científicas e dos avanços na medicina no
mundo todo, deste e do século passado.
Ao todo, já
receberam o Prêmio Nobel de Literatura 12 judeus, o Nobel da Paz outros 9
judeus, o de Química 25, o de Economia 15, o de Medicina a impressionante
quantidade de 50 judeus e a expressiva do de Física 41. Outros israelenses que
já receberam o Nobel foram, em 1978, o então primeiro-ministro Menahem Begin,
que dividiu o Nobel da Paz com o presidente egípcio Anuar Sadat; em 1994, o
ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, e o primeiro-ministro Yitzhak
Rabin, com o Nobel da Paz. E, em 1966, Shmuel Yosef Agnon conquistou o Nobel de
Literatura com a escritora sueca Nelly Sachs, também judia.
Judeus com
Nobel:
Literatura: 1910 – Paul Heyse, 1927 – Henri Bérgson,
1958 – Boris Pasternak, 1966 – Shmuel Yosef Agnon, 1966 – Nelly Sachs, 1976 –
Saul Bellow, 1978 – Isaac Bashevis Singer, 1981 – Elias Canetti, 1987 – Joseph
Brodsky, 1991 – Nadine Gordimer, 2002 – Imre Kertesz e 2004 – Elfriede Jelinek.
Paz: 1911 – Alfred Fried, 1911 – Tobias Michael Carel Asser,
1968 – Rene Cassin, 1973 – Henry Kissinger, 1978 – Menachem Begin, 1986 – Elie
Wiesel ,1994 – Shimon Peres e Yitzhak Rabin e 1995 – Joseph Rotblat.
Química: 1905 – Adolph Von Baeyer, 1906 – Henri
Moissan, 1910 – Otto Wallach, 1915 – Richard Willstaetter, 1918 – Fritz Haber,
1943 – George Charles de Hevesy, 1961 – Melvin Calvin, 1962 – Max Ferdinand
Perutz, 1972 – William Howard Stein, 1977 – Ilya Prigogine, 1979 – Herbert
Charles Brown, 1980 – Paul Berg e Walter Gilbert, 1981 – Roald Hoffmann, 1982 –
Aaron Klug, 1985 – Albert A. Hauptman e Jerome Karle, 1986 – Dudley R.
Herschbach, 1988 – Robert Huber, 1989 – Sidney Altman, 1992 – Rudolph Marcus,
1998 – Walter Kohn, 2000 – Alan J. Heeger, 2004 – Avram Hershko e Aaron
Ciechanover.
Economia: 1970 – Paul Anthony Samuelson, 1971 –
Simon Kuznets,1972 – Kenneth Joseph Arrow, 1975 – Leonid Kantorovich, 1976 –
Milton Friedman, 1978 – Herbert A. Simon, 1980 – Lawrence Robert Klein, 1985 –
Franco Modigliani, 1987 – Robert M. Solow, 1990 – Harry Markowitz e Merton
Miller, 1992 – Gary Becker, 1993 – Rober Fogel, 1994 – John C. Harsanyi e 2002
– Daniel Kahneman.
Medicina: 1908 – Elie Metchnikoff, 1908 – Paul
Erlich, 1914 – Robert Barany, 1922 – Otto Meyerhof, 1930 – Karl Landsteiner,
1931 – Otto Warburg, 1936 – Otto Loewi, 1944 – Joseph Erlanger e Herbert
Spencer Gasser, 1945 – Ernst Boris Chain, 1946 – Hermann Joseph Muller, 1950 –
Tadeus Reichstein, 1952 – Selman Abraham Waksman, 1953 – Hans Krebs e Fritz
Albert Lipmann, 1958 – Joshua Lederberg, 1959 – Arthur Kornberg, 1964 – Konrad
Bloch, 1965 – Francois Jacob e Andre Lwoff, 1967 – George Wald, 1968 – Marshall
W. Nirenberg, 1969 – Salvador Luria, 1970 – Julius Axelrod, 1970 – Sir Bernard
Katz, 1972 – Gerald Maurice Edelman, 1975 – David Baltimore e Howard Martin
Temin, 1976 – Baruch S. Blumberg, 1977 – Rosalyn Sussman Yalow e Andrew V.
Schally, 1978 – Daniel Nathans, 1980 – Baruj Benacerraf, 1984 – Cesar Milstein,
1985 – Michael Stuart Brown e Joseph L. Goldstein, 1986 – Stanley Cohen e Rita
Levi-Montalcini, 1988 – Gertrude Elion, 1989 – Harold Varmus, 1991 – Erwin
Neher e Bert Sakmann, 1993 – Richard J. Roberts e Phillip Sharp, 1994 – Alfred
Gilman e Martin Rodbell, 1995 – Edward B. Lewis, 1997 – Stanley B. Prusiner,
2000 – Eric R. Kandel e 2002 – H. Robert Horvitz.
Física: 1907 – Albert Abraham Michelson, 1908 –
Gabriel Lippmann, 1921 – Albert Einstein, 1922 – Niels Bohr, 1925 – James
Franck, 1925 – Gustav Hertz, 1943 – Gustav Stern, 1944 – Isidor Issac Rabi,
1952 – Felix Bloch, 1954 – Max Born,1958 – Igor Tamm, 1959 – Emilio Segre, 1960
– Donald A. Glaser, 1961 – Robert Hofstadter, 1962 – Lev Davidovich Landau,
1965 – Richard Phillips Feynman e Julian Schwinger,1969 – Murray Gell-Mann,1971
– Dennis Gabor,1973 – Brian David Josephson,1975 – Benjamin Mottleson, 1976 –
Burton Richter, 1978 – Arno Allan Penzias e Peter L Kapitza, 1979 – Stephen
Weinberg e Sheldon Glashow, 1988 – Leon Lederman, Melvin Schwartz e Jack
Steinberger, 1990 – Jerome Friedman, 1992 – Georges Charpak,1995 – Martin Perl,
1995 – Frederik Reines, 1996 – Douglas D. Osheroff e David M. Lee, 1997 –
Claude Cohen-Tannoudji,1999 – Martinus J. Godefriedus Veltman, 2002 – Raymond
Davis, 2003 – Vitaly Ginzburg, 2004 – David J. Gross e David Politzer. Fonte: https://www.facebook.com/notes/associa%C3%A7%C3%A3o-cultural-jewish-in/voc%C3%AA-sabia-que-152-personalidades-judaicas-j%C3%A1-ganharam-o-pr%C3%AAmio-nobel/10151974845690980
É densamente povoado e cercado por inimigos de todos os
lados. Tem 3.324km (apenas 80km de largura). O Hebraico, até a criação de
Israel em 1948, era uma língua que só era usada nas cerimônias religiosas, mas
passou a ser a língua oficial. A moeda é o Shekel e pelas cotações em 01/06/10
um dólar equivalia 3,78 Shekels, e um real, dois Shekels.
Israel tem Jerusalém como Capital
(surpreendentemente uma cidade muito arborizada, mas muito quente e seca),
onde mantém o poder executivo, judiciário e legislativo, mas todos os países
que têm relações com Israel só tem consulados em Jerusalém e embaixadas em Tel
Aviv, uma cidade bonita, muito arborizada, ao lado do mar Mediterrâneo.
Desafiando os que lutam pela paz na região: ONU, União Européia, Estados Unidos
e Rússia, Israel está construindo 1.600 residências no setor palestino da
cidade, acirrando ainda mais os ânimos.
BELÉM NA
CISJORDÂNIA
Na visita a Belém para ver o local de nascimento
de Jesus Cristo, vimos com tristeza a cidade cercada por muros, muita pobreza e
crianças pedindo esmolas. Um contraste gritante com o que se vê em Israel. A
igreja tem três cruzes e em seu interior tem outras igrejas: a Ortodoxa Grega,
a mais bonita, a Católica e a da Armênia, isso no local de nascimento de
Cristo...
Observei a face triste e suja de um menino
palestino malvestido na praça em frente à Igreja da Natividade em Belém pedindo
esmola. Não costumo dar esmola a crianças e fiquei sem saber o que fazer com a
situação. Mas essa cena não me sai da lembrança; isso me marcou na visita ao
território da Palestina, onde a pobreza do gueto cercado por muros de mais de
oito metros de altura é marcante.
NAVIOS
ABORDADOS EM ÁGUAS INTERNACIONAIS
Quando chegamos a Tel Aviv dia 31/05/10, a
marinha de Israel atacava com helicópteros, e os soldados desceram por cordas
na frota humanitária, que tinha o Mavi Marmara como nau capitânia e que levavam
10 mil toneladas de todo tipo de produtos, como ajuda para os palestinos
sitiados na Faixa de Gaza; prendem 700 e matam nove, sendo oito turcos e um
americano, morto com quatro tiros na cabeça. Em 09/06 deportam os 700 ativistas
presos para a Turquia; o navio irlandês segue para tentar furar o bloqueio, e
em 10/6 a marinha de Israel invade esse navio em águas internacionais, mas sem
violência e 19 pessoas são presas.
O mais grave nesse perigoso episódio é que
Israel acusa o Irã, que tem por meta aniquilar Israel, de estar por trás dessas
ações para montar um porto em Gaza. Antes os israelenses ironizavam a recusa
dos palestinos em aceitar a existência de Israel (o que viriam a fazer em
1993), e diziam que “os árabes não perdem oportunidade de perder oportunidade”,
e atualmente Israel tomou dos palestinos o papel de perdedor contumaz de
oportunidade, diz o editorial de O Estado de São Paulo de 08/06/10.
Ao voltarmos à tarde da Galiléia para Tel Aviv,
o ônibus da excursão parou na estrada que passava paralela à fronteira com a
Jordânia (Israel tem apenas 80km de largura) e encontramos diversos ônibus
parados, e ao longe, colunas de fumaça subiam e por duas vezes novas bombas
explodiram. O trânsito foi liberado nos dois sentidos e mais adiante vimos uma
ambulância e um veículo da segurança se comunicando. Quando íamos visitar a Via
Dolorosa, o ônibus parou e quando o grupo descia, ouviu-se estampido de tiro, e
o motorista e guia mandaram voltarmos depressa para dentro do ônibus.
Sinceramente não consegui
vislumbrar um clima de paz tão cedo na região, entre árabes e israelenses, pois
os extremistas de ambos os lados sabotam os entendimentos. Todos nós nos
lembramos a foto histórica na Casa Branca, com Bill Clinton, presidente dos
Estados Unidos entre Yitzak Rabim, presidente de Israel apertando a mão de
Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestina. Yaatzak Rabim foi
assassinado em 04/11/95 frente ao teatro nacional com dois tiros, cujo local
vimos com um monumento de pedra negra e três bandeiras de Israel. O assassino
era um extremista judeu que se opunha a sua política de paz com os palestinos e
que continua preso, condenado a prisão perpétua.
A confusão na Faixa de
Gaza, uma pequena área onde moram espremidos 1,5 milhões de habitantes, de
grande pobreza, com 45% desempregados, iniciou-se em 2007, com a vitória na
região do grupo extremista Hamas, inimigos da Fatah que querem a paz com Israel
em troca da criação da Palestina, e por isso Egito e Israel fecharam as
fronteiras.
Sobre o mesmo tema,
leiam no blog: o artigo “Cristianismo,
Judaísmo, Islamismo e a Terra Santa”