Teori inclui Lula no ‘quadrilhão’, maior inquérito da Lava Jato
Veja a nova lista de Rodrigo Janot:
Luiz Inácio Lula da Silva, Jaques
Wagner, Ricardo Berzoini, Jader Barbalho, Delcídio do Amaral, Eduardo Cunha, Eduardo
da Fonte, Aguinaldo Ribeiro, André Moura, Arnaldo Faria de Sá, Altineu Cortes, Manoel
Junior, Henrique Eduardo Alves, Giles Azevedo, Erenice Guerra, Antonio Palocci,
José Carlos Bumlai, Paulo Okamotto, André Esteves, Silas Rondeau, Milton Lyra, Jorge
Luz, Sérgio Machado, José Sergio Gabrielli, Lúcio Bolonha Funaro, Alexandre
Santos, Carlos William, João Magalhães, Nelson Bornier, Solange Almeida.
Na lista de suspeitos, além de Lula, segundo a Folha de
São Paulo, estão personagens como o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL); o ex-presidente da Câmara Waldir Maranhão (PP-MA); e presidente do
PP, senador Ciro Nogueira (PI).
Decisão atende a pedido do procurador Rodrigo
Janot. Agora, lista de investigados passa a ter 66 nomes. Inquérito foi fatiado
“Atendendo a solicitação do
Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, o ministro Teori Zavascki,
relator dos processos resultantes da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal,
fatiou o inquérito que apura a formação de quadrilha no esquema do petrolão –
chamado pelos investigadores de “quadrilhão”. Com a decisão, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva passa a ser alvo de investigação, bem como diversos
políticos do PT e do PMDB e o ex-ministro Jaques Wagner. O inquérito tinha 39
investigados e passa agora a ter 66.
Segundo o Ministério Público
Federal, as investigações da Operação Lava Jato reuniram informações sobre 31
pessoas e que escancaram a “atuação da organização criminosa de forma
verticalizada”, com dois flancos principais de articulação tanto dentro do PT
quanto do PMDB. As evidências foram colhidas, entre outros, na compartilhamento
de provas sobre investigações já em tramitação contra o presidente da Câmara
Eduardo Cunha, nos grampos em que o ex-presidente aparece em conversas pouco
republicanas com a presidente Dilma Rousseff, por exemplo, e em delações
premiadas como as do senador Delcídio do Amaral e do ex-presidente da
construtora Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo. Os diálogos interceptados
com autorização judicial não deixam dúvidas de que, embora afastado formalmente
do governo, o ex-presidente Lula mantém o controle das decisões mais
relevantes, inclusive no que concerne as articulações espúrias para influenciar
o andamento da Operação Lava Jato”, afirma o MP.
Na cúpula petista, além do
ex-presidente Lula, Janot afirma haver provas do envolvimento dos ministros
Edinho Silva (Comunicação Social), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), do
ex-chefe da Casa Civil e atual chefe de gabinete de Dilma Jaques Wagner. Na
nova lista de Janot também estão o ex-ministro Antonio Palocci, a ex-ministra
Erenice Guerra, o ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (ex-PT-MS),
o ex-chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, o pecuarista e amigo de Lula,
José Carlos Bumlai, o atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o
ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli. “No âmbito dos membros do PT,
os novos elementos probatórios indicam uma atuação da organização criminosa de
forma verticalizada, com um alcance bem mais amplo do que se imagina no início
e com uma enorme concentração de poder nos chefes da organização: Edinho Silva,
Ricardo Berzoini, Jacques Wagner, Delcídio do Amaral”, disse o
procurador-geral.
Ao STF, Rodrigo Janot informou
haver um “esquema ilícito comandado e articulado” por políticos, que atuavam em
um esquema de propinas, desvio de dinheiro público, financiamento ilegal de
campanhas e enriquecimento ilícito com o objetivo de “garantir a perpetuação no
poder”. “No âmbito do núcleo do PT, a organização, ao que tudo indica, era
especialmente voltada à arrecadação de valores ilicitos, por meio de doações
oficiais ao Diretorio Nacional, que, posteriormente, fazia os repasses de
acordo com a conveniência da organização criminosa. Esse projeto de poder fica
evidente em diversos os relatos de colaboradores”, informou o procurador-geral.
Entre os peemedebistas, o chefe
do MP alega haver uma divisão no partido entre Câmara dos Deputados e Senado
Federal e indica que precisam ser investigados o atual presidente da Câmara
Eduardo Cunha, o ex-ministro do Turismo Henrique Alves, os deputados Alexandre
dos Santos, Altineu Cortes, André Moura, Arnaldo Faria de Sá, Carlos William,
João Magalhães, Manoel Junior, Nelson Bornier e a atual prefeita de Rio Bonito
(RJ), Solange Almeida. Todos aliados de Cunha. No núcleo do PMDB do Senado as
provas indicam haver evidências da participação do senador Jader Barbalho
(PMDB-PA), do ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, dos lobistas Milton
Lyra e Jorge Luz, além do ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado. “Estes
dois grupos, embora vinculados ao mesmo partido, ao que parece, atuam de forma
autônoma, tanto em relação às indicações políticas para compor cargos
relevantes no governo quanto na destinação de propina arrecadada a partir dos
negócios escusos firmados no âmbito daquelas indicações”, diz Janot.
Segundo as investigações, o grupo
atuava na indicação de apadrinhados para a Petrobras e para a Caixa Econômica,
“vendia” requerimentos e emendas parlamentares para beneficiar empresas OAS,
Odebrecht e o banco BTG Pactual. Na avaliação do MP, há evidências de que André
Esteves, ex-BTG Pactual, e o operador do mercado financeiro Lúcio Bolonha
Funaro, apontado como “sócio oculto” do deputado Eduardo Cunha, integravam o
esquema.
O Partido Progressista (PP),
legenda que tem o maior número de parlamentares já investigados no escândalo do
petrolão, também teve nomes citados no novo pedido de ampliação do inquérito
sobre a Lava Jato. O procurador-geral disse ao Supremo que devem ser incluídos
na investigação sobre a quadrilha que atuava no propinoduto da Petrobras os
deputados federais Eduardo da Fonte e Aguinaldo Ribeiro.
Em nota, Wager afirma que está
seguro sobre suas atividades sempre motivadas pelo interesse público, tranquilo
e não acredita na aceitação definitiva do seu nome no processo. Ele informou
que está à disposição das autoridades e vai aguardar o resultado definitivo das
investigações. Já a defesa de Paulo Okamotto, representada pelo criminalista
Fernando Augusto Fernandes afirma: “Ainda não tivemos acesso a integralidade do
pedido do Procurador Geral para verificar a legalidade. Quanto a seus
fundamentos, o Supremo deverá impedir investigações sem justa causa e fora dos
contornos legais. No entanto, respeitados o juiz natural e a Constituição, não
se receia qualquer investigação”. A defesa de André Esteves “reitera que ele
não cometeu nenhuma irregularidade.” Fonte: http://veja.abril.com.br 06/10/16