quinta-feira, 24 de novembro de 2016

OS ESTUDANTES QUEREM UM OUTRO BRASIL E UM OUTRO TIPO DE POL[ITICA




Os estudantes querem um outro Brasil e um outro tipo de política,
por Leonardo Boff, Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor.

“Seria ingênuo pensar que o movimento dos estudantes ocupando escolas e universidades se esgota na crítica de um dos mais vergonhosos projetos já havidos, da reforma do ensino médio, ou no protesto contra a PEC 241 da Câmara e agora PEC 55 do Senado, PEC da brutalização contra os mais vulneráveis da nação. O que se esconde atrás das críticas é algo mais profundo: a rejeição do tipo de Brasil que até agora construímos e da política corrupta, feita por parlamentares em proveito próprio. Junto vem o lado mais positivo: a demanda por uma outra forma de construir o Brasil e de reinventar uma democracia, não de costas para o povo, mas com ele participando nas discussões e decisões das grandes questões nacionais.
Já abordei neste espaço este tema, a propósito do movimento dos jovens de 2013. Este movimento retorna com mais vigor e mais capacidade de se impor aos responsáveis pelos destinos de nosso  país. Três autores continuam a nos inspirar, pois sempre lutaram por um outro Brasil e sempre foram derrotados.
O primeiro é 
Darcy Ribeiro: num texto de 1998, como prefácio ao meu livro “O caminhar da Igreja com os oprimidos”, ele afirma: “Nós brasileiros surgimos de um empreendimento colonial que não tinha nenhum propósito de fundar um povo. Queria tão-somente gerar lucros empresariais exportáveis, com pródigo desgaste de gentes”. Esta lógica do ultraliberalismo atual se radicalizou no Brasil.
O segundo é de 
Luiz Gonzaga de Souza Lima, na mais recente e criativa interpretação do Brasil (“A refundação do Brasil: rumo à sociedade biocentrada”, São Carlos, 2011). Diz ele: “Quando se chega ao fim, lá onde acabam os caminhos, é porque chegou a hora de inventar outros rumos; é hora de outra procura; é hora de o Brasil se refundar; a refundação é o caminho novo e, de todos os possíveis, é aquele que mais vale a pena, já que é próprio do ser humano não economizar sonhos e esperanças; o Brasil foi fundado como empresa. É hora de  refunda-lo como sociedade” (cf. a contracapa). Essa hora chegou.
O terceiro é um escritor francês, François-René de Chateaubriand (1768-1848), que afirma: “Nada é mais forte do que uma ideia, quando chegou o momento de sua realização”. Tudo indica que este momento de realização está a caminho.
Os jovens que estão ocupando os lugares de ensino estão revelando mais inteligência (a exemplo da jovem Ana Júlia Ribeiro, falando na Câmara Legislativa do Paraná), do que a maioria dos representantes sentados em nossas casas parlamentares, interessados mais em seus negócios e na própria reeleição, do que no destino do povo brasileiro.
Sem definição partidária, com seus cartazes incisivos, os estudantes nos querem dizer:: “estamos cansados do tipo de Brasil que vocês nos apresentam, com democracia de baixa intensidade, que faz políticas ricas para os ricos, e pobres para os pobres; políticas nas quais as grandes maiorias são feitas invisíveis e jogadas nas periferias, sem estudo, sem saúde, sem segurança e sem lazer Queremos outro Brasil, que esteja à altura da nossa consciência, feito de povo misturado e junto, alegre, sincrético e tolerante.
Efetivamente, até hoje, o Brasil foi e continua sendo um apêndice do grande jogo econômico e político do mundo. Mesmo politicamente libertados, continuamos sendo recolonizados, esta é a palavra exata; recolonizados, pois as potências centrais antes colonizadoras, nos querem manter colonizados, condenando-nos a ser uma grande empresa neocolonial que exporta commodities: grãos, carnes, minérios. Desta forma, nos impedem de realizarmos nosso projeto de nação independente, soberana e altiva.
Diz, com fina sensibilidade social, Souza Lima: “Ainda que nunca tenha existido na realidade, há um Brasil, no imaginário e no sonho do povo brasileiro. O Brasil vivido dentro de cada um é uma produção cultural. A sociedade construiu um Brasil diferente do real histórico, o tal país do futuro, soberano, livre, justo, forte, mas, sobretudo, alegre e feliz” (p.235). No movimento atual renasce este sonho exuberante de Brasil.
Caio Prado Júnior em sua “A revolução brasileira”, Brasiliense 1966, acertadamente escreveu: ”O Brasil se encontra num daqueles momentos em que se impõem, de pronto, reformas e transformações capazes de reestruturarem a vida do país de maneira consentânea com suas necessidades mais gerais e profundas e as aspirações da grande massa de sua população, que -no estado atual- não são devidamente atendidas” (p. 2).
Com os personagens que estão aí na cena política, grande parte acusada de corrupção ou feita réu ou condenada, não podemos esperar nada senão mais do mesmo. Devem ser democraticamente alijados da história, para termos campo limpo para o novo.
Sobre que bases se fará a Refundação do Brasil? Souza Lima nos diz que é sobre aquilo que temos de mais fecundo e original: a cultura nacional, tomada no seu sentido mais amplo, que envolve o econômico, o político e o especificamente cultural: “É através de nossa cultura que o povo brasileiro passará a ver suas infinitas possibilidades históricas. É como se a cultura, impulsionada por um poderoso fluxo criativo, tivesse se constituído o suficiente para escapar dos constrangimentos estruturais da dependência, da subordinação e dos limites acanhados da estrutura socioeconômica e política da empresa Brasil, e do Estado que ela criou só para si. A cultura brasileira então escapa da mediocridade da condição periférica e se propõe a si mesma, com pari dignidade, em relação a todas as culturas, apresentando ao mundo seus conteúdos e suas valências universais” (p.127).
Por este texto,  Souza Lima se livra da crítica justa de Jessé Souza, feita à maioria de nossos intérpretes do status quohistórico: “A tolice da inteligência brasileira”, Leya 2015, completada com “A radiografia do golpe”, Leya 2016.
A maioria destes clássicos intérpretes olhou para trás e tentou mostrar como se construiu o Brasil que temos. Souza Lima, como os jovens de hoje, olha para frente e tenta mostrar como podemos refundar um Brasil na nova fase planetária, ecozoica, rumo ao que ele chama de “uma sociedade biocentrada”.
Ou o Brasil diferente nascerá destes jovens estudantes, ou corremos o risco de perdermos novamente o carro da história. Eles podem ser os protagonistas daquilo que deve nascer”

terça-feira, 15 de novembro de 2016

TEMER, SOBRE A PRISÃO DE LULA NO RODA VIVA



         POR THEODIANO BASTOS

Foi de alto nível a entrevista do Michel Temer no Roda Viva. Ele demonstrou que é realmente um político extremamente competente, inteligente e preparado para enfrentar as adversidades que virão na travessia até 2018.
Nem Fernando Henrique nem Lula conseguiram uma maioria tão ampla na Câmara e no Senado. 
Seu sucesso até agora é que ele está governando como verdadeiro Primeiro Ministro e não como presidente, daí sua enorme maioria na Câmara e no Senado e se conseguir aprovar as reformas propostas, vai entrar para a história como um estadista da maior grandeza. Sua entrevista provocou grande repercussão nas redes sociais. 

Vale a pena ver a entrevista no            https://www.youtube.com/watch?v=KHd__UtWAcs
Ricardo Noblat: Extratos da entrevista de Temer ao Roda Viva
Eu já fui presidencialista lá atrás e estou convencido de que precisa ter parlamentarismo sólido

- Eu espero que, se houver acusações contra o ex-presidente, que elas sejam processadas com naturalidade, mas a prisão de Lula eu acho que causa problemas para o país. Porque haverá movimentos sociais, e isso pode criar uma instabilidade. Por mais que você descreva o que o governo está fazendo, surge uma noticiazinha qualquer e isso cria a instabilidade. Imagine a hipótese de uma prisão do Lula.
Sobre o risco de a Justiça Eleitoral impugnar a chapa formada por ele e Dilma nas eleições de 2014:
- Acredito piamente que a figura do presidente da República e do vice são apartadas. As contas são julgadas juntamente e prestadas em apartado. (...) Evidentemente, vocês conhecem a obediência que eu tenho às instituições, se um dia o TSE lá pra frente disser, 'olha, o Temer tem que sair...
Sobre uma mudança de regime:
- Eu já fui presidencialista lá atrás e estou convencido de que precisa ter parlamentarismo sólido.
Sobre a anistia para quem fez caixa dois:
- Criminalização do caixa dois é decisão do Congresso e não posso interferir. Se eu disser uma coisa ou outra vão dizer que eu estou defendendo.
Sobre o movimento liderado dentro do Congresso pelo senador Renan Calheiros para cortar salários altos pagos a juízes:
- Parece que cortar salário de R$ 130 mil, R$ 140 mil é perseguição, mas não é. Isto é cumprimento do preceito constitucional, é o que a Constituição diz.
Sobre como conheceu Marcela, sua mulher:
- Fui a um restaurante do tio dela, meu cabo eleitoral. Ela estava lá. Fiquei entusiasmado. Quando fui eleito deputado federal, ela mandou cumprimentos a mim. Mas foi pro escritório do [assessor Gaudencio] Torquato e ele me repassou. Cheguei em casa, apanhei o telefone e liguei para a casa dela. Marquei no sábado de visitá-la. Cheguei lá estava a mãe. Demos uma volta, e depois de sete meses estávamos casados. Fonte: http://noblat.oglobo.globo.com/ 15/11/16 


Temer quer Lula preso depois da segunda instância

“Michel Temer tentou emendar seus disparates sobre a prisão de Lula. E piorou ainda mais.
Ele disse ao UOL:
“O que se fala muito hoje é que o Lula pode ser preso pelo Moro de forma temporária ou preventiva. Na entrevista, entendi que a pergunta era sobre isso. Respondi: se ele for processado, isso deve seguir com muita naturalidade. Agora, se ele for preso — eu quis dizer neste momento —, isso cria problema para o governo, porque alguns movimentos sociais que fazem objeção ao meu governo vão sair às ruas. Hoje, depois de seis meses, está passando um pouco aquela onda do ‘Fora, Temer’. Só agora está começando a passar. Se prender o Lula, o que vai acontecer? Essa foi a minha resposta, com muita franqueza: vai criar problema, instabilidade. Mas, evidentemente, se lá para a frente houver uma condenação judicial e Lula for detido em função dessa condenação, acabou”.
O UOL perguntou se ele receberia com naturalidade a prisão de Lula depois da segunda instância.
Ele respondeu:
“Claro que sim. Convenhamos, sendo da área jurídica eu jamais me atreveria a dizer que alguém condenado não pode ser preso. Se a prisão vier depois de uma condenação, não haverá o que objetar. Nem poderia”.
E Michel Temer acha que pode objetar contra a prisão temporária ou preventiva de Lula?” O ANTAGONISTA 16/11/16

PRISÃO DE LULA
Michel Temer, no Roda Viva, disse que a prisão de Lula pode criar problemas para o Brasil: “Em hipótese de prisão do ex-presidente Lula, pode-se criar problemas. Não tenho dúvida disso”. Quais problemas? Meia dúzia de pelegos queimando pneus na Anhanguera? Ou quatro dias de festa popular?
Eterna enquanto dure
No Roda Viva, Michel Temer disse que a reforma previdenciária já está "formatada" e que será enviada ao Congresso Nacional ainda em 2016. Ele disse igualmente que sua meta é fazer uma reforma "para perdurar para sempre". Mentira. A reforma de Michel Temer vai tapar o rombo previdenciário por dez anos. É melhor do que nada.                Fonte: O Antagonista newsletter@oantagonista.com 15/11/16

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PRISÃO DE LULA
Michel Temer, no Roda Viva, disse que a prisão de Lula pode criar problemas para o Brasil: “Em hipótese de prisão do ex-presidente Lula, pode-se criar problemas. Não tenho dúvida disso”. Quais problemas? Meia dúzia de pelegos queimando pneus na Anhanguera? Ou quatro dias de festa popular?
Eterna enquanto dure
No Roda Viva, Michel Temer disse que a reforma previdenciária já está "formatada" e que será enviada ao Congresso Nacional ainda em 2016. Ele disse igualmente que sua meta é fazer uma reforma "para perdurar para sempre". Mentira. A reforma de Michel Temer vai tapar o rombo previdenciário por dez anos.   `´E melhor do que nada.                                                                                                   Fonte: O Antagonista newsletter@oantagonista.com 15/11/16 


A declaração foi feita durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura,



"O presidente Michel Temer afirmou que uma eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato poderá causar instabilidade para o governo e para o País. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, exibido ontem. 

Temer afirmou que a reação poderia ser liderada por movimentos sociais ligados ao PT. “Em hipótese de prisão do ex-presidente Lula, pode-se criar problemas. Não tenho dúvida disso”, disse o presidente. Lula é réu em três ações – uma por obstrução da Justiça, acusado por tentar prejudicar as investigações da Lava Jato, e em outras duas sob acusação de envolvimento em casos de corrupção. 
O presidente disse que o Parlamentarismo é o melhor para o País, mas defendeu que esse possível regime de governo seja avaliado em um referendo após uma reforma no Congresso. “Eu já fui presidencialista lá atrás e estou convencido de que precisa ter parlamentarismo sólido”, disse. Ele não comentou se apoia a recondução de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara. 
Temer afirmou ainda que o projeto de criminalização do caixa 2 como um crime comum e não eleitoral é uma decisão do Congresso Nacional e que não pode interferir no assunto. Ele disse que ouviu de amigos advogados que, caso haja a mudança, a criminalização seria apenas considerada após a aprovação do projeto, mas evitou dar uma opinião pessoal sobre o tema. “Criminalização do caixa 2 é decisão do Congresso e não posso interferir”, disse"                                                 Fonte: http://diariodopoder.com.br/15/11/16