NÃO HÁ MAIS DÚVIDA de que o roubo de mensagens do ex-juiz Sérgio Moro e demais
autoridades, é um crime de encomenda, com o objetivo de soltar Lula e outros
criminosos e condenar Moro.
O presidente da CCJ da Câmara afirmou, porém, que não há irregularidade apenas na divulgação jornalística de conteúdos obtidos de forma ilegal, assim como não se pode falar na condenação de quem foi alvo dos grampos.” O ANTAGONISTA 29/07/19
‘Se houve conluio entre jornalistas e hackers, há crime de ambos’, diz presidente da CCJ
Felipe Francischini disse que, se ficar provado um “conluio” entre hackers e jornalistas para a divulgação de mensagens roubadas da Lava Jato, todos os envolvidos cometeram crime.O presidente da CCJ da Câmara afirmou, porém, que não há irregularidade apenas na divulgação jornalística de conteúdos obtidos de forma ilegal, assim como não se pode falar na condenação de quem foi alvo dos grampos.” O ANTAGONISTA 29/07/19
"Suspeita
de cumplicidade Manuela D’Ávila cometeu alguma
irregularidade no caso dos hackers de Moro? Manuela D'Ávila foi a candidata a
vice-presidente da República na chapa do PT em 2018.
O
depoimento Walter Delgatti Neto à Polícia Federal (PF) levantou uma suspeita de
cumplicidade da candidata a vice-presidente em 2018, Manuela D’Ávila (PCdoB),
com a invasão dos celulares de dezenas de autoridades, incluindo o ministro da
Justiça, Sergio Moro. A ex-deputada foi citada pelo hacker como sendo a
"ponte" entre ele e o jornalista Glenn Greenwald, do site The
Intercept Brasil. Desde que foi mencionada no depoimento, a pergunta que todos
passaram a fazer nas redes sociais é: Manuela cometeu alguma irregularidade?
A
defesa dela afirma que a ex-deputada não tomou parte na ação do suposto hacker.
"Ela não teve envolvimento nenhum com apoio financeiro [a Delgatti Neto]
ou coisa parecida. Manuela não tem preocupação alguma, apenas preocupação em
dizer a verdade", afirmou o advogado Alberto Toron. "Ela simplesmente
indicou o jornalista Glenn e se retirou do cenário".
Segundo
o especialista em direito penal Gustavo Polido, não houve crime na conduta da
ex-deputada no episódio. “Comunicar conteúdo de um crime à imprensa não é
crime. A imprensa é livre, a Constituição Federal garante a liberdade de
imprensa”, diz. “A pergunta central deveria ser: e se não tivesse sido a
Manuela, tivesse sido qualquer pessoa que tivesse o telefone do Glenn? Essa
pessoa também recairia sobre a investigação? Não, porque comunicar a imprensa
um conteúdo, você sabendo ou não se ele é de origem ilícita, não é crime”,
ressalta o especialista.
O hacker sabe de tudo, mas precisa de
Manuela para saber o telefone de Glenn
Bolsonaro diz que jornalista pode preservar
fonte desde que não tenha “origem criminosa”
Segundo
Polido, há pessoas obrigadas por lei a comunicar a possibilidade de crime às
autoridades, mas esse não é o caso de Manuela. “A obrigação de notificar crimes
se dá para determinadas pessoas, as quais por lei têm essa obrigação. O cidadão
comum não é obrigado a fazer nada. Por exemplo, se vejo uma pessoa cometendo um
homicídio na minha frente, eu posso dar voz de prisão para ele, porque ele está
em flagrante delito. Mas se não o fizer, eu não cometi crime algum. Eu tenho a
faculdade”, explica o advogado.
O
especialista alerta, ainda, que punir a ex-deputada por ter feito a ponte entre
o hacker e o jornalista pode criar uma sensação de coação para que não se
divulgue nada contra o governo. “O simples fato de suscitar eventual
investigação sobre a Manuela já fere os princípios democráticos e
constitucionais. É uma eventual possibilidade de coação a pessoas que receberem
informações contra o governo para não as divulgarem”, explica.
Como surgiu o nome de Manuela
Walter
Delgatti Neto foi preso pela PF na última terça-feira (23) na operação
Spoofing, junto com outros três suspeitos de envolvimento no crime de invasão
dos celulares de autoridades: o DJ Gustavo Henrique Elias Santos e sua
companheira, Suelen Priscila de Oliveira, e o motorista de aplicativo Danilo
Marques. Em depoimento à PF, Delgatti confessou ter hackeado as contas do
Telegram de dezenas de autoridades, inclusive Moro e o procuradores da
força-tarefa da Lava Jato.
No
depoimento, o hacker também diz ter repassado a Greenwald o conteúdo de
conversas entre o procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e outros colegas
da força-tarefa e entre Deltan e Moro, que era juiz do caso até novembro do ano
passado – quando deixou a magistratura para assumir um cargo no governo
Bolsonaro. O Intercept vem publicando reportagens sobre as conversas desde o
início de junho deste ano. As reportagens mostram supostas irregularidades
cometidas pela Lava Jato no decorrer do caso.
O
nome de Manuela surgiu quando Delgatti explicou como entrou em contato com
Greenwald. Segundo o hacker, ele conseguiu o contato do jornalista com a
ex-deputada do PCdoB. Delgatti contou que conseguiu o telefone dela através da
lista de contatos no Telegram da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que também
foi alvo do hacker.
Delgatti
disse que no Dia das Mães ligou para Manuela, dizendo que “possuía o acervo de
conversas do MPF contendo irregularidades” e que precisava do contato de
Greenwald. Segundo o depoimento de Delgatti, a ex-deputada não teria acreditado
nele, “motivo pelo qual fez o envio para ela de uma gravação de áudio entre os
procuradores da República Orlando e Januário Paludo”. Cerca de dez minutos após
o envio, Greenwald teria entrado em contato com Delgatti, afirmando ter
interesse em publicar o material.
Contradições entre Delgatti e Manuela
Após
ter sido citada por Delgatti, a ex-deputada Manuela D’Ávila se manifestou sobre
o caso nas redes sociais. Enquanto o suspeito diz ter ligado para Manuela, ela
afirma ter se comunicado com ele através de mensagens pelo Telegram.
Hacker
deixou cópias de diálogos com pessoas de dentro e fora do país, dizem advogados Em 2015, hacker invadiu Telegram e revelou
falhas de segurança
“No
dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo
dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos.
Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que,
inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos
para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era
alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por
autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior,
afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem
falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer
natureza”, disse a ex-candidata em nota.
Manuela
também disse que repassou ao hacker o contato do jornalista do Intercept. Pelo
depoimento de Delgatti, foi Greenwald que entrou em contato com ele depois do
envio de um áudio para Manuela – o que ela não relata em seu posicionamento
oficial sobre o caso.
Em
nota, a ex-deputada também afirmou que seus advogados vão entregar cópia das
mensagens trocadas por ela com o invasor de seu celular à Polícia Federal.
Manuela também se dispôs a entregar o celular para perícia, além de se colocar
à disposição da PF para esclarecimentos.” https://www.gazetadopovo.com.br/