quarta-feira, 12 de outubro de 2022

GOVERNABILIDADE EM 2023

 

Por MURILO ARAGÃO

Antes mesmo que se saiba o nome do próximo presidente da República, os principais vetores da governabilidade já estão postos. Tanto por seus aspectos exógenos quanto pelos endógenos. Serão eles que imporão os limites e os desafios à governabilidade do presidente a ser eleito em 30 de outubro. Vamos começar pelos aspectos exógenos. Em 2023, o mundo exterior será desafiador, por causa de situações críticas como as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia. Não há expectativa de curtíssimo prazo...

O mundo vive uma tempestade perfeita, juntando guerra com inflação, estagnação, crise energética e, ainda, as sequelas da pandemia. Tal quadro estará presente em 2023, desafiando seriamente o Brasil...

Temos ainda nossos próprios problemas, que também colocarão à prova o futuro governo. Institucionalmente, vivemos uma longa transição do hiperpresidencialismo para uma espécie de semiparlamentarismo...

O novo presidente, seja ele qual for, será ainda mais fraco que o atual. O Judiciário, pelo seu lado, prosseguirá ativo e sendo chamado a decidir questões políticas...

A sociedade brasileira, crescentemente mobilizada, deseja soluções que vitalizem a economia e a redução da desigualdade. O desmonte da economia informal pela pandemia agravou aspectos críticos, tornando a retomada do crescimento um imperativo para que a sociedade não entre em conflito.

O Brasil jamais se transformará em uma nova Venezuela, em razão da força de nossas instituições públicas e privadas. Mas não podemos dar chance ao azar em um momento em que o mundo não nos ajudará. Os desafios internos e externos vão exigir prudência, pragmatismo e liderança. E enfrentamento de problemas históricos, como o corporativismo, o patrimonialismo, a corrupção, a opacidade dos poderes públicos e a desigualdade.

O primeiro turno das eleições mostrou um Brasil cauteloso e conservador, no sentido de apoiar a moderação. É um bom sinal.                                                E o Congresso Nacional de 2023 refletirá tais características. É um bom sinal, já que devemos prosseguir como uma sociedade cujo modelo político principal é o da construção de consensos. Isso exigirá do novo presidente capacidade para construir acordos, a fim de nos proteger de um mundo instável, e, ao mesmo tempo, capacidade para enfrentar nossos problemas internos.”                                                         Publicado em VEJA de 12 de outubro de 2022, edição nº 2810                                                                                  LEIA MAIS EM: https://veja.abril.com.br/coluna/murillo-de-aragao/governabilidade-em-2023/

 

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