quinta-feira, 27 de agosto de 2009

LULISMO, PETISMO E OS MITOS POLÍTICOS NO BRASIL

                LULISMO, PETISMO E OS MITOS POLÍTICOS NO BRASIL


                                     THEODIANO BASTOS

O povo brasileiro parece procurar um Messias. A expectativa de um messias é um modismo comum que ocorre em países com alto índice de desigualdade social, baixo grau de escolaridade da população e descrédito das instituições ou tremendamente injustos como é o caso do Brasil, onde existe a fantasia de que cada parto, se esteja dando a luz a um messias... Elegeram Getúlio Vargas em 1950 vendo nele o “Pai dos Pobres” e que deixou a presidência cometendo suicídio em 24.08.1954. Elegeram Jânio Quadros em 1960 e que renunciou em 08.08.1961 como Homem da Providência e depois em 1989 elegeram Fernando Collor de Mello como o Salvador da Pátria e na quarta tentativa elege como Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva como o Messias, é o mito do Operário Salvador, e que consta no livro de minha autoria O Triunfo das Idéias. “Quanto mais um país depende de pessoas, e não de instituições, menos republicano ele é”, diz Roberto Romano, da Unicamp e conclui: “O líder se torna um messias, os políticos próximos a ele tendem a imitar seu comportamento. Assim, ele vira um mito. Qualquer crítica ao líder carismático, portanto, vira uma blasfêmia”

Lula elegeu-se prometendo a mudança, e no governo praticou o continuísmo, mas mirando o bolso dos ricos e a barriga dos pobres. E segundo Paulo Arantes (Idéias JB 10/03/07), ao falar do colapso do petismo e da falência do governo Lula, diz: “o petismo sucumbiu ao pior tipo de capitulação, a capitulação sem combate e a adesão prévia ao programa do inimigo. A vitória de Lula foi uma derrota acachapante da esquerda”, conclui “Sem um núcleo de formulação de estratégia econômica, mas incontida ambição pelo poder”. Segundo Reinaldo Gonçalves, competente intelectual que pediu desligamento do PT, em entrevista ao Jornal do Brasil de 06/02/05, diz: havia ausência de diretrizes. O objetivo passou a ser, não a transformação, mas a chegada ao poder... e centralizar os esforços na reeleição. E é isso que está ocorrendo. A consolidação de estruturas retrógradas e a quebra da esquerda brasileira. Racha-se também o movimento sindical e a sociedade civil organizada. A herança de Lula, nesse sentido, pode ser pior que a do FHC e conclui: o partido não estava preparado para ser governo e, ao mesmo tempo, manter a sua identidade. Não havia maturidade e força política suficientes. O PT seria o único partido capaz de clamar por mudanças. Não existe mais o petismo, mas o lulismo, em decorrência da exaltação do próprio ego e da autopromoção, Lula até autodenominou-se “uma metamorfose ambulante”... ! “As prioridades de Lula são: Lula, ele próprio e si mesmo”, diz Veja em sua edição de 26/08/08. “O presidente Lula parece considerar-se uma espécie de marco zero. Nada de bom teria acontecido antes dele neste país”, diz Maílson da Nóbrega em seu artigo Lula e mistério do desenvolvimento (Veja 26/08/08 pág. 74. A república sindicalista implantada pelo lulismo e o petismo, ao anestesiar o país e desmoralizar a política, deixará um triste legado. Lula não entregou os sonhos que vendeu.

Com a eleição de Lula, o mundo inteiro (menos os que sabiam), julgou que o Brasil iria mudar para melhor, pois acreditavam no que alguns petistas pregavam de que só eles eram honestos e conheciam todos os problemas e a solução, que dariam um salto para frente, mas nós saltamos para trás. diz Fausto Wolff. Já Felipe Pigna, escritor e jornalista argentino, diz: “O triunfo de Lula deixou contentes os progressistas argentinos. Lamentavelmente, logo Lula se mostrou mais preocupado em acalmar as inquietações do governo direitista dos Estados Unidos e mostrar-se como um muchacho confiável para o poder econômico mundial”. O país vai mal, eticamente mal.

“O PT jogou a ética no lixo e vai ter de achar outro caminho. Deu as costas ao povo, à sociedade e às bandeiras tão caras a tantas pessoas. Tenho vergonha de estar no PT. Vou pedir à Justiça que concorde com meu argumento de que houve quebra do ideario partidário”, diz o Senador Flávio Arns, ao anunciar sua saída do partido em agosto de 2008. Também a Senadora Marina Silva, que também pediu para sair do partido, desabafou: “ Tantos projetos que eu não consegui aprovar nestes anos... Se eu não consegui com o Lula, como vou lutar por mais oito anos com a Dila? Não posso ficar no PT para convencer que o meio ambiente tem de ser prioridade. Este é um governo insensível às causas sociais”, disparou.

O futuro do país está conturbado e nebuloso. 20 mil famílias, em 2005, ganharam R$ 105 bilhões, graças aos juros obscenos que o governo do PT pagou, ao passo que apenas R$ 7 bilhões para os 8 milhões de beneficiários das bolsas-esmolas, segundo estimativas de Márcio Pochmann. Também a respeito do Governo Lula, diz o pensador César Benjamim, ex-integrante da cúpula do PT, vice na chapa de Heloísa Helena: “Temos 83% da população brasileira nas cidades, bloqueamos a mobilidade social e o Estado Nacional tornou-se refém do sistema financeiro. Estamos em vôo cego pois não temos uma teoria contemporânea do país”. O governo Lula, em números concretos, distribuiu R$ 530 bilhões para remunerar os rentistas e apenas R$ 30 bilhões para o Bolsa-Família, destinados aos mais pobres. “Os ricos nunca ganharam tanto dinheiro como no meu governo”, diz Lula com razão. O PT e Lula eram até há pouco
tempo, considerados uma certa reserva da nação, mesmo por seus adversários.

“Lula foi uma falsa chegada do povo ao poder. Lula foi uma fantasia coletiva, a encarnação do líder que ia comandar essa transformação fomos nós que criamos, porque precisávamos disso. Lula nunca foi isso, nem sequer foi um reformista, sempre foi conservador. O Lula é um tremendo equívoco. Um equívoco tão grande que não sei responder qual o efeito desse equívoco sobre o povo brasileiro. É um episódio meio patético, meio dramático, e que terá um impacto grande porque a decepção com Lula é muito mais profunda do que as decepções anteriores e sem limites éticos”, conclui César Benjamim.

“Toda grande causa começa como um movimento, vira um negócio e finalmente degenera numa quadrilha”, diz Eric Hoffer, cientista político americano.

(*) Theodiano Bastos é escritor, autor dos livros: O Triunfo das Idéias, A Procura do Destino e a publicar, “Liderança, Chefia e Comando”. Coordenador e introdutor das antologias publicadas pela UFES/CEPA: “Resgate da Família: alternativa para enfrentar sua dissolução, a violência e as drogas”, “Corrupção, Impunidade e Violência: O que fazer?”, “Globalização é Neocolonialismo? Põe a Ciência e a Tecnologia a Serviço do Social e da Vida” e “Um Novo Mundo é Possível? Para Aonde Vamos”. Idealizador e executor, em parceria com a UFES/CEPA, do JOCICA – Jovem Cientista Capixaba I,II,II e IV. idealizador e presidente do Círculo de Estudo, Pensamento e Ação, CEPA / ES www.proex.ufes.br/cepa.


Leia também no Blog: “LULA É UM MITO, UMA ILUSÃO COLETIVA”, “OS LÍDERES MESSIÂNICOS”, “O FENÔMENO LULA” e “REFORMAS: LULA E FHC FALHARAM” e o “GOLPISMO NÃO PROSPEROU NO BRASIL”

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