Presidente dos EUA, Donald Trump, antes de foto oficial de reunião sobre Gaza em Sharm el-Sheikh, no Egito
Por THEODIANO BASTOS
— A guerra
acabou. A guerra acabou. Certo. Você entendeu? — disse Trump antes de embarcar
para Israel, na noite de domingo, anunciando o tom que seria adotado em seus
discursos e aparições públicas nas horas seguintes.
"Este é um momento muito interessante para Israel e
o Oriente Médio", afirmou, diante do Parlamento de Israel, o presidente
dos EUA, Donald
Trump, em
um discurso marcado por louvores ao acordo firmado entre os israelenses e o
Hamas, que permitiu um cessar-fogo e
o retorno dos reféns capturados em outubro de 2023. Um plano gestado
pela Casa Branca, apresentado como a pedra angular da paz regional, e usado por
Trump para ressaltar a sua persona de “Grande Pacificador”, hoje em exibição em
Israel e no Egito.
Pouco se sabe sobre o que foi de fato assinado. Ao
mesmo tempo em que o cessar-fogo, o retorno dos reféns, a libertação de
prisioneiros palestinos e a retomada da entrada de ajuda em Gaza foram
confirmadas, há questões importantes em aberto. Até que ponto o Hamas concordou
com o desarmamento? Quem fará parte do governo provisório de Gaza? E o que
fazer com a Cisjordânia,
cuja anexação foi aprovada em moção simbólica pelo Parlamento israelense em
julho, e é crucial nos planos para um futuro e hipotético Estado palestino?
No roteiro trumpista havia espaço apenas para
notícias positivas e para elogios, que não foram poucos em sua primeira escala,
Israel.
— [Trump] é o maior amigo que Israel já teve na Casa
Branca — disse o premier Benjamin
Netanyahu, em discurso no Parlamento. — Senhor presidente, o senhor
está comprometido com esta paz. Eu estou comprometido com esta paz. E juntos,
senhor presidente, alcançaremos esta paz.
Trump é ovacionado de pé no Parlamento de Israel
A cada menção ao presidente, o plenário se enchia de
palmas. Quando Trump tomou o púlpito, não era mais o convidado de uma Casa
legislativa, mas sim alguém em um familiar palanque de campanha, ou como se
estivesse em algum veículo de imprensa aliado.
— Após dois anos angustiantes, escuridão e cativeiro,
20 reféns corajosos estão retornando ao glorioso abraço de suas famílias —
afirmou Trump, sob aplausos.
Por pouco mais de uma hora, Trump destinou elogios a
Netanyahu, o chamando de um dos maiores líderes em tempos de guerra, pediu que
um processo por corrupção contra o premier fosse abandonado e criticou seus
dois antecessores na Presidência, Barack
Obama e Joe Biden.
Sobrou espaço para elogios ao líder da oposição, Yair Lapid (com um sorriso
amarelo de Netanyahu) e para louvar o bombardeio contra instalações nucleares
iranianas, em junho. Ignorando o longo caminho até uma paz duradoura, ele
afirmou que o acerto entre Israel e Hamas era o “alvorecer histórico de um novo
Oriente Médio".
— Vamos construir um legado do qual todos os povos
desta região se orgulharão. Novos laços de amizade, cooperação e comércio
unirão Tel Aviv a Dubai, Haifa a Beirute, Jerusalém a Damasco, e de Israel ao
Egito, da Arábia Saudita ao Catar, da
Índia ao Paquistão,
da Indonésia ao Iraque, da Síria ao Bahrein, da Turquia à
Jordânia, dos Emirados Árabes Unidos a Omã e da Armênia ao Azerbaijão — afirmou
Trump.
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