domingo, 6 de novembro de 2022

NEM-NEM, 11 MILHÕES NÃO ESTUDAM NEM TRABALHAM


 Brasil é o segundo país com maior proporção de jovens "nem-nem"

População entre 18 e 24 anos que não estuda, nem trabalha corresponde a 36% da faixa etária no Brasil. Problema é considerado estrutural

O desemprego e a falta de motivação entre os jovens é um problema estrutural, por isso os desafios geracionais em relação ao mercado de trabalho são difíceis de serem transpassados. O Brasil é o segundo país na esfera da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com a maior proporção de jovens, de idade entre 18 e 24 anos, que não conseguem nem emprego e nem continuar os estudos — os chamados "nem-nem" —, ficando atrás apenas da África do Sul. Nessa faixa etária, 36% da população de jovens brasileiros está sem ocupação.

De acordo com ela são, em média, 11 milhões de jovens que se encaixam nessa descrição. A maioria são mulheres e estão entre os mais pobres, com renda de até R$ 400 por família. "Entre aqueles que estão sem estudar e sem trabalhar temos os que ainda procuram, mas a maioria já está de fora por estarem desengajados e desmotivados. A maior parte desses jovens têm baixa escolaridade, são pobres, negros e são mulheres, responsáveis por tarefas domésticas e com filhos. Esses devem ser a maior preocupação", ressalta.

Planos e sonhos

Ana Clara Ribeiro Vieira, 23 anos, ainda sonha em conquistar um diploma de graduação. A jovem engravidou e se casou logo que terminou o ensino médio. Hoje, com dois filhos, um de cinco e outro de dois anos, é dona de casa, mas ainda sonha em fazer um curso superior e trabalhar fora. "Os filhos acabaram vindo primeiro, mas eu ainda quero fazer uma faculdade. Por enquanto ainda está difícil, porque os meninos dependem de mim. Meu sonho era fazer odontologia. Sei que não é fácil, que é um curso caro, mas mesmo que eu não consiga, pretendo ter alguma formação", diz.

A pandemia acabou impondo mais obstáculos aos que tiveram prejuízos educacionais — jovens que iriam se formar ou começar no mercado de trabalho durante este período. A crise sanitária aumentou a evasão escolar, além de ter pressionado os índices de desemprego. Um exemplo desses milhares de jovens que aguardam uma oportunidade de retornar ao mercado de trabalho é Úrsula Barbosa, 24 anos.

Cenário econômico

Conforme o estudo da OCDE, a proporção de jovens "nem-nem" brasileiros é mais que o dobro da média dos países-membros da organização, da qual o Brasil almeja fazer parte. O documento avaliou a situação de ensino superior e de emprego dos 38 países-membros. Também foram analisados os dados da Argentina, China, Índia, Indonésia, Arábia Saudita e África do Sul. Das 45 nações avaliadas, o Brasil também é o segundo com o maior percentual de jovens por mais tempo na condição "nem-nem". Dos que estão sem emprego e sem trabalhar no país, 5,1% se encontram nesse contexto há mais de um ano.

Políticas públicas

Segundo a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Enid Rocha, um lapso temporal no currículo, correspondente ao tempo fora do mercado, pode gerar consequências difíceis de recuperar. "Tivemos uma crise perversa da pandemia que se juntou a um problema estrutural do mercado de trabalho para os jovens", diz. Este período, de acordo com Rocha, resulta em uma marca permanente na trajetória de vida laboral.

"Esses jovens da geração da pandemia, que ficaram um tempo sem acumular capital humano, quando voltam vão competir com outra geração posterior que não tem essa marca. Dificilmente se recupera a trajetória de um jovem que ficou sem experiência de trabalho. Se nada for feito eles sempre terão salários menores e uma inserção mais precária ao mercado de trabalho", avalia.                                                                  SAIBA MAIS EM: https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2022/11/5049770-brasil-e-o-segundo-pais-com-maior-proporcao-de-jovens-nem-nem.html

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