quinta-feira, 23 de junho de 2011

O DONJUANISMO NO HOMEM E NA MULHER

Theodiano Bastos (*)

“Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado”, diz Clarice Lispector. “Faz a paz com o teu passado, para que ele não estrague o teu presente”.

Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo.
Betty Milan, psicanalista e articulista de VEJA abordou em sua coluna o problema abaixo:
“Sou casada há 9 anos, mas tenho o ímpeto de conquistar outros homens. Vou me aproximando, fazendo charme, até conseguir. Um encontro e nada mais. Não faço sexo com eles, só quero despertar o sentimento amoroso. Quero que fiquem atraídos por mim. Gosto de manter alguém "à minha espera" para o caso de necessidade. O problema é que eu tenho sofrido muito com isso. O último homem se apaixonou e eu não queria ficar com ele. Só queria ouvir as declarações de amor. Agora, ele enfim se afastou, mas saiu muito machucado. Me sinto culpada. Na verdade, quero ficar com meu marido, mas não consigo abrir mão da conquista. O desafio me tenta”.
“Don Juan é homem, mas pode também ser mulher. A sua história mostra que o donjuanismo não tem sexo, é o comportamento de quem seduz para se afirmar. Don Juan seduz pelo gosto de vencer a resistência. Faz o que for preciso até conseguir, exatamente como você, responde Betty Milan. Ele não ama nenhuma das belas. Amor, só por si mesmo. Todas servem para que se sinta vitorioso e todas são vencidas. Do ponto de vista dele, o fim justifica os meios. O amor para Don Juan é indissociável da guerra e é justo compará-lo a um general”.

Verdade que Don Juan quer sexo e você só quer o sentimento amoroso mas, nos dois casos, a sedução está a serviço do narcisismo. A meta é suscitar a paixão para se saber amado.
Muitas mulheres e homens nascem com o que se chama de It= magnetismo pessoal, encanto, fascínio, atração, charme e fazem uso desses atributos nas conquistas das presas. No fundo são pessoas infelizes.
O problema é que você não pode “abrir mão da conquista”, é uma compulsão. Conquistar é um imperativo a que você obedece por razões que eu desconheço. Um imperativo que a impede de ficar com o seu marido, como você deseja. Em outras palavras: você não é livre.

O seu verdadeiro desafio é a conquista da liberdade e para tanto você tem de se livrar da compulsão a que está sujeita, descobrindo por que precisa se afirmar e não para de se repetir. Vive sempre tentada a caçar e a abandonar a presa, quase sempre com zombaria para ferir o macho. Um contínuo desassossego; nunca consegue um relacionamento estável. E homens que têm a mesma compulsão, mas que tem vontade mas não tem coragem de consumar por temer as conseqüências.
“A liberdade sexual depende da liberdade subjetiva que pode ser alcançada, ensina a psicanalista Betty Milan. Escrevi pode porque não nascemos livres, nos tornamos livres. Desde que aceite a existência do inconsciente e se disponha a decifrá-lo. A via é esta”.
Nelson Rodrigues, o anjo pornográfico, autor de Vestido de Noiva, A Dama do lotação e outros e tinha na imprensa do Rio, além de sua famosa coluna “A VIDA COMO ELA É”, também apareceu o “CORREIO SENTIMENTAL”, assinada por Suzana Flag, um sucesso, até a mulherada descobrir que Suzana Flag nunca existiu, era pseudônimo do Nelson Rodrigues e foi uma revolta geral. Nesta coluna deu o seguinte conselho a uma mulher que escreveu se dizendo traída pelo marido com sua melhor amiga e ele aconselha: “amar, querida, é ser fiel a quem nos trai”
Periguete é um termo surgido na Bahia e que se espalhou pelo país e que significa “moça ou mulher que, não tendo namorado, demonstra interesse por qualquer um; mulher considerada desavergonhada ou demasiado liberal”. Esse termo foi criação feminina e no nordeste se confunde com a “mulher tomba homem”, isto é, as que usam o charme para atrair os homens e logo descartá-los com zombarias.

O texto está na Internet no OFICINA DE IDÉIAS, O BLOG DO THEDE:
theodianobastos.blogspot.com e leia outros textos

(*) Theodiano Bastos é escritor, autor dos livros: O Triunfo das Idéias, A Procura do Destino e a publicar, “Liderança, Chefia e Comando” e “Líderes Carismáticos no Brasil, Legados do Lulopetismo”. Coordenador e introdutor das antologias publicadas pela UFES/CEPA: “Resgate da Família: alternativa para enfrentar sua dissolução, a violência e as drogas”, “Corrupção, Impunidade e Violência: O que fazer?”, “Globalização é Neocolonialismo? Põe a Ciência e a Tecnologia a Serviço do Social e da Vida” e “Um Novo Mundo é Possível? Para Aonde Vamos”. Idealizador e executor, em parceria com a UFES/CEPA, do JOCICA – Jovem Cientista Capixaba I,II,II e IV. idealizador e presidente do Círculo de Estudo, Pensamento e Ação, CEPA / ES www.proex.ufes.br/cepa.

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