segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

ALMIRANTE TRAVA A VACINA?

 



O fato é que mais de 50 países do mundo já vacinaram e mais de 12 milhões estão vacinados e o Brasil ficou prá trás. A Índia, por exemplo, abre caminho para campanha de vacinação gigante 

Antônio Barra Torres, contra-almirante, diretor presidente da ANVISA, foi nomeado por Bolsonaro em 04/11/20 para um mandato até 21/12/24

Barra Torres nega politização da Anvisa

Durante participação da comissão mista que discute ações contra a covid-19, almirante e presidente da agência voltou a reiterar o papel técnico da instituição. Mas não comentou a possível ida de mais um militar para a diretoria da instituição

Almirante se disse favorável ao maior número possível de vacinas disponíveis, no mercado, para o combate à covid-19 - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), almirante Antonio Barra Torres, participou, nesta sexta-feira (13/11), da reunião da comissão mista do Congresso que acompanha as ações contra a covid-19.

Na ocasião, ele voltou a frisar o papel isento de ideologias da instituição e defendeu que a decisão em suspender os testes da vacina chinesa CoronaVac foi estritamente técnica.

"A Anvisa não deseja, não quer e passa longe de qualquer tipo de politização a respeito desta questão e de qualquer outra", ressaltou o presidente da agência, ao responder perguntas de deputados e senadores. Esta foi apenas uma das manifestações feitas nesse sentido por Barra Torres, ao longo da audiência pública.

indicação do tenente-coronel Jorge Luiz Kormann para a segunda função mais alta da agência também foi tema de debate. Durante reunião, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) questionou se um perfil militar seria o melhor para o cargo da Anvisa. "Não seria mais prudente, mais eficiente a indicação de pesquisadores ou alguém mais voltado para a área de saúde?", perguntou ao almirante Barra.

Em resposta, o diretor da Anvisa não quis comentar a escolha do nome, já que a agência "não indica ninguém para esse cargo". "Certamente são atribuições que devem estar da posse dos indicadores e daqueles que indicam. A mensagem é presidencial, para que o Senado submeta sabatina, conforme, aliás, aconteceu comigo por duas vezes", pediu, destacando que não é atribuição da Anvisa fazer avaliações de posturas do governo, quer seja federal ou estadual.

Barra Torres aproveitou o momento para mandar um recado à população e pediu para que as interrupções de rotina feitas nos estudos clínicos que ocorrem dentro do país não sejam vistas como um problema. "Confie nos institutos desenvolvedores, confie na Fiocruz, confie no Butantan, confie nos laboratórios que estão fazendo o desenvolvimento da Janssen Johnson & Johnson, da Pfizer e Biontech, e confie na Anvisa. Isso é um evento de rotina. Não foi o primeiro e poderá não ser o último", assegurou. https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2020/11/4888608-barra-torres-nega-politizacao-da-anvisa.html

 

sábado, 2 de janeiro de 2021

HIPERSEXUALIZAÇÃO DOS CORPOS E DAS PSIQUES

A professora de sociologia franco-israelense afirma em seu último ensaio que o sexo cria novas desigualdades sociais

EL PAÍS, ÁLEX VICENTE, 02/01/21

A socióloga franco-israelense Eva Illouz (Fez, 59 anos) especializou-se no estudo das consequências do capitalismo nas nossas relações amorosas. Professora da Escola de Estudos Superiores em Ciências Sociais (EHESS) de Paris ―onde ministra seminários bem concorridos―, publicou dois novos ensaios: O Fim do Amor, onde se aprofunda em seu diagnóstico do modelo pós-romântico em que entramos, e O Capital Sexual na Modernidade Tardia, coescrito com Dana Kaplan, em que descreve como a aparência física e a atratividade sexual tornaram-se vetores decisivos no modelo econômico atual.

Pergunta. Como define o capital sexual e emocional, e como quantificá-lo?

Resposta. Continuando com a expansão do conceito de capital que o sociólogo Pierre Bourdieu propôs há mais de 30 anos, procuro entender como um indivíduo tira proveito econômico de sua pessoa no contexto do capitalismo, como usa sua aparência e seus atributos emocionais para se integrar e ascender no mundo corporativo. O que detecto é que a sexualidade desempenha um papel cada vez mais importante na valorização da pessoa nesse contexto. Em especial para as mulheres...

P. Você diz que se tornou “a base normativa” do sistema econômico. A beleza prevalece sobre as aptidões?

R. É algo que já existia, mas se generalizou. A capacidade de explorar a beleza já existia nas sociedades pré-modernas, mas apenas para as mulheres de status social inferior. O capitalismo contemporâneo transformou isso em uma norma. É a primeira vez na história que alguém pode usar de forma legítima o seu corpo e sua beleza para obter valor econômico. As profissões onde isso acontece já não são menosprezadas, como acontecia em outras épocas, mas celebradas: atores, modelos e influencers fazem parte da lista dos trabalhos de maior prestígio da época atual. A única exceção é a prostituição, que permanece marginal.

P. Com as redes sociais e, em particular, o Instagram, todo usuário põe sua aparência no mercado?

R. Exato. E ainda mais: a atratividade sexual se tornou um critério autônomo de avaliação em relação aos demais. No Tinder, o perfil não importa muito: o mais importante é sempre a foto. A seleção é feita, em primeiro lugar, seguindo critérios visuais. O Tinder e o Instagram se tornaram a nova lei do mercado.

P. Esse fenômeno corresponde à importância adquirida pela sexualidade nas sociedades ocidentais nas últimas décadas?

R. Sim, é o resultado de uma pornificação da cultura, e que fique claro que não estou fazendo uma crítica religiosa ou puritana à liberdade sexual. A partir dos anos 70, o capitalismo entendeu que o mercado de bens materiais é limitado por definição ―não se pode comprar cinco geladeiras ao mesmo tempo―, e que a única coisa que possibilita o consumo infinito é o corpo e as emoções. Essa crescente sexualização se produz em um contexto em que o indivíduo se torna uma mercadoria. Hoje nos consumimos uns aos outros e mostramos o espetáculo de nossos próprios corpos aos outros.

P. Você diz que, diante dessa transformação, o grupo mais vulnerável é a classe média.

R. É a classe média que está mais sujeita ao risco de desclassificação. A cada momento histórico, o capital se acumula de maneiras diferentes e favorece um ou outro grupo social, estabelecendo novas hierarquias. Hoje vemos emergir uma nova classificação social que separa quem consegue tirar proveito de seu corpo e quem não consegue. Estes últimos são vítimas de exclusão, como Michel Houellebecq tão bem descreve em seus livros. O sexo cria novas desigualdades sociais. E também novas reações a essas desigualdades, como demonstra o caso dos incels [celibatários involuntários], esses homens incapazes de fazer sexo que expressam sua frustração por meio da violência misógina. Essa desclassificação sexual tem importantes efeitos sociológicos. Parte do eleitorado de Donald Trump integrava esse grupo: eram homens que haviam perdido o poder econômico e o poder dentro da família, mas também o poder sexual.

P. Em O Fim do Amor você fala de uma cultura sentimental que está desaparecendo. Para qual modelo estamos nos dirigindo?

R. A cultura moderna secularizou o amor a Deus e o transformou em amor por outro ser humano. Ou seja, o amor romântico nada mais é do que uma transformação secular do amor cristão. A época atual rompe com esse romantismo.

Vivemos em um mundo colonizado pela hipersexualização de corpos e psiques e dominado por uma incerteza que é nova.

As interações sexuais de nosso tempo estão marcadas por este sentimento incerto: ao contrário do que acontecia até pouco tempo atrás, hoje não se sabe mais quais são as regras que regulam essas relações, nem qual é o seu objetivo preciso. A liberdade se tornou o único fator regulador. O que estou tentando mostrar é que nessa liberdade também existe uma grande desigualdade de gênero. No campo sexual e afetivo, as mulheres continuam tendo muito menos poder do que os homens.

P. Em um artigo recente no Le Monde você comparava o feminismo com o cristianismo. Você o vê como uma religião?

R. O que eu dizia é que ambos aspiram igualmente a uma mudança radical de comportamento. O cristianismo transformou a natureza do desejo, redefiniu a ideia de pertencer a um clã e prefigurou a individualidade. A batalha cultural do feminismo é igualmente poderosa. A diferença é que, ao contrário do cristianismo, não conta com Estados nem exércitos para defendê-lo. Ao contrário: não só ninguém o defende, mas é atacado incessantemente. Embora essa seja, afinal, a maneira usual que o patriarcado tem para se proteger: por meio da difamação. É preciso distinguir as críticas justificadas ao feminismo ―que, como qualquer movimento, por mais justo que seja, pode ter algum desvio de rota― dos ataques que emanam de velhas ideologias que uma parte da população não quer superar.

P. Por último, que consequências todos esses meses de distanciamento compulsório terão em nosso comportamento afetivo?

R. Vai depender da vacina. Se funcionar e a epidemia desaparecer, nada mudará fundamentalmente. Mas, se a vacina não surtir o efeito esperado, entraremos em um mundo diferente, em que as formas de socialização com desconhecidos, que é um tipo de sociabilidade muito importante, vão mudar ainda mais do que nos últimos meses. Se for o caso, veremos se estabelecerem grupos cada vez menores e cada vez mais impermeáveis ao que acontece no mundo exterior. https://brasil.elpais.com/cultura/2021-01-02/eva-illouz-vivemos-em-um-mundo-colonizado-pela-hipersexualizacao-dos-corpos-e-das-psiques.html

 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

SEM VACINAS NEM SERINGAS, GOVERNO BOLSONARO É UMA CALAMIDADE

 

Somente no fim de dezembro o ministério da Saúde decido comprar as seringas...

‘Corremos o risco real de termos vacina e não termos agulhas e seringas’, alerta Conselho de Secretários de Saúde https://oglobo.globo.com/sociedade/corremos-risco-real-de-termos-vacina-nao-termos-agulhas-seringa-dizconselho-de-secretarios-de-saude-24817512

Pregão fracassa e governo compra só 3% de 331 milhões de seringas para vacina

 Pregão fracassa e governo compra só 3% de 331 milhões de seringas para vacina

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/12/29/pregao-fracassa-e-governo-compra-so-3percent-de-331-milhoes-de-seringas-para-vacina.ghtml (falecom@valor.com.br

‘Corremos o risco real de termos vacina e não termos agulhas e seringas’, alerta Conselho de Secretários de Saúde https://oglobo.globo.com/sociedade/corremos-risco-real-de-termos-vacina-nao-termos-agulhas-seringa-dizconselho-de-secretarios-de-saude-24817512

Falta de seringas para vacina contra coronavírus é risco apontado pela UE

https://www.hypeness.com.br/2020/07/falta-de-seringas-para-vacina-contra-coronavirus-e-risco-apontado-pela-ue/

São Paulo e outros estados já compraram seringas e agulhas.   O ES comprou em outubro 7 milhões de seringas e agulhas e só agora o MS resolve comprar, uma vergonha, pois o ministro da Saúde é um general especializado em logística...  

ANVISA NÃO CUMPRE A LEI


Lei obrigar Anvisa a analisar possível vacina em apenas 72 horas. https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/12/09/lei-pode-reduzir-prazo-para-anvisa-analisar-vacina-para-apenas-72-horas  

O BRASIL TEM A SEXTA POPULAÇÃO DO MUNDO E É O SEGUNDO EM MORTES.

192.681 MORTES ATÉ 29/12/20

PROTESTE! 50 PAÍSES JÁ ESTÃO VACINANDO E O BRASIL NEM DATA TEM PARA COMEÇAR

ANVISA, OUVIDORIA: 0800 642 9782

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

IDOSOS DE 104 VENCEM O VÍRUS E NADADORA DE 14 ANOS NÃO RESISTE

 Mas uma nadadora de 14 anos, Mariana Franklin Ferreira Silva, era de Presidente Prudente/ SP, morre em decorrência da Covid-19 https://tribunaonline.com.br/nadadora-de-14-anos-morre-em-decorrencia-da-covid-19

Ao ver esses exemplos lembro de minha Therezinha, 83 anos, espírita, que diz que só se morre quando chega o dia... São os caprichos de Deus.

 

domingo, 20 de dezembro de 2020

PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO

NUM LIVRO publicado em 1988, o cientista político Sérgio Abranches criou uma expressão que sintetiza perfeitamente as relações entre os poderes brasileiros e a capacidade do governo em promover mudanças no país. O título do trabalho: “Presidencialismo de coalizão”. Em poucas palavras, é a necessidade que o presidente da República tem de formar uma maioria no Congresso para aprovar projetos de seu interesse. Pelas regras do sistema político nacional, a construção dessa base parlamentar é determinante para o sucesso de uma gestão. Quando eleito, o presidente Jair Bolsonaro decidiu romper com essa prática e tentou impor ao Parlamento, passando por cima de partidos e lideranças, suas vontades. Com esse equívoco, o governo perdeu o timing mais precioso para conduzir a agenda necessária ao desenvolvimento do país: o início da administração, aquele momento histórico em que o governo sai mais forte das urnas. Com exceção da reforma da Previdência, em que deputados e senadores demonstraram total cooperação, pouco foi feito nessa direção.


Abre-se agora a segunda janela de oportunidade para que o processo seja retomado. As disputas pelas presidências da Câmara e do Senado representam, nesse caminho, um instante decisivo. 
Como comentado neste mesmo espaço na semana passada, ter aliados no comando dessas Casas ajudará e muito a destravar os planos do ministro Paulo Guedes. Mas, como nada é tão fácil na política nacional, um fantasma surge no horizonte. Ainda que seja bem-sucedida a operação para eleger colaboradores no Congresso, seria crucial que o presidente se dedicasse ao que é prioritário para o país neste momento, e não permanecesse ao lado daquilo que só causa confusão. Em entrevista na Páginas Amarelas desta edição, o ministro Fábio Faria, importante articulador do governo, defende, por exemplo, a implementação de uma agenda conservadora, com projetos sobre homeschooling (em que os pais dão aulas em casa para as crianças) e a redução da maioridade penal. Sem entrar no mérito de tais iniciativas, é possível dizer, logo de cara, que essas não são as prioridades para um ano tão complicado como o de 2021.

Como relata o ministro Paulo Guedes, em entrevista exclusiva, o Brasil precisa romper de vez os voos de galinha de sua economia, impulsionados por eventos cíclicos, para cimentarmos as reformas estruturantes que farão o país virar “a superfronteira do investimento” mundial. O próprio Jair Bolsonaro parece não entender que esse caminho será um divisor de águas. Recentemente, na Ceagesp, numa aglomeração absolutamente reprovável do ponto de vista da pandemia, o presidente ainda cometeu outro deslize: soltou uma declaração contrária à privatização do órgão, apenas para agradar à massa presente. A privatização de empresas públicas é parte obrigatória da pauta deste governo, além do respeito ao teto fiscal, do pacto federativo, da reforma administrativa e de outros pontos que farão a economia deslanchar no ano que vem.

É preciso, de uma vez por todas, que Bolsonaro ajuste a sua atenção para esses temas. Se perder tempo com brigas ideológicas, para agradar a seguidores no Twitter, vai desperdiçar seu capital político e entrar em 2022 muito mais enfraquecido do que imagina. Sobre isso, o marqueteiro de Bill Clinton, James Carville, cunhou uma frase definitiva para explicar a vitória de seu candidato sobre o republicano George Bush, em 1992: “It’s the economy, stupid!”. O recado, dado ao presidente americano há duas décadas, ainda ecoa como uma advertência extremamente pertinente nos dias de hoje.
Mauricio Lima, Diretor de Redação de Veja https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/FMfcgxwKjxBlPrXSRRJNGXkVgSdZXXNr