segunda-feira, 22 de agosto de 2016

OLIMPÍADAS SUPEROU AS EXPECTATIVAS



Imprensa estrangeira destaca superação para realizar Jogos e aumenta o astral do país. Realmente superamos todas as adversidades, e o Brasil surpreendeu o mundo com as Olimpíadas do Rio pela organização e com as cerimônias de abertura e de encerramento que encantaram a todos. O projeto era ficar em 10º lugar com 25 medalhas. Mas só ficou em 13º lugar com 19 medalhas, sendo 7 de ouro, 6 de prata e 6 de bronze. 

No encerramento o Maracanã se transformou num grande baile, como a Marquês de Sapucaí no Carnaval. 

“Fomos muito injustos com vocês. Tudo na Rio 2016 foi perfeito”

Rio de Janeiro
Turistas chegaram assustados com o marketing negativo do evento antes dele começar. Voltam satisfeitos com a organização e destacam a gentileza dos cariocas que partilharam a cidade http://brasil.elpais.com/ 22/08/16

VAIAS DO MARACANÃ
Segundo Nelson Rodrigues, no Macanã se vaia até um minuto de silêncio. Em 2007, no Pan-Americano Lula foi vaiado com tanto intensidade que desistiu de falar. Dilma foi vaiada e até mandaram ela tomar no c e Temer tomou sua dose de vaia, como também o bom prefeito do Rio, Eduardo Paes. Somente Medici foi aplaudido de pé num Fla x Flu em 1969...

E a famosa vaia a minuto de silêncio ocorreu em 19 de julho de 1967, na partida entre Botafogo e América, em pleno regime militar. O general Humberto Castello Branco, presidente da República entre 1964 e 1966, havia morrido no dia anterior, em um acidente aéreo. Quando o locutor pediu um minuto de silêncio em sua homenagem, vaias tomaram parte do Maracanã. 

Olimpíada do Rio de Janeiro superou as expectativas, por Celso Rocha de Barros (*)




“Supondo que a festa de encerramento da Olimpíada não tenha tido Paulinho da Força repetindo a performance de Gisele Bundchen na abertura, já é possível dizer que os jogos do Rio de Janeiro superaram as expectativas. E isso não foi só porque as expectativas eram completamente alucinadas: a impressão era de que hordas de zumbis canibais devorariam os atletas e uma nova peste negra surgida na Baía de Guanabara daria início a outra idade das trevas.
Por que as expectativas eram tão ruins? Na verdade, as Olimpíadas acabaram servindo para que inúmeros analistas, no Brasil e no exterior, tentassem compensar o excesso de otimismo com o Brasil nos anos 2000 sendo excessivamente pessimistas agora. A Olimpíada não era a Nova Matriz Econômica, não era nosso impeachment  bananeiro, não era Dilma nem Temer, mas apanhou como se fosse.
É óbvio que há muito o que criticar, mas a Olimpíada provavelmente estive perto do melhor possível em um país pobre, desigual e democrático.
Esse último ponto foi, na maioria das vezes, ignorado nas análises. As desapropriações em comunidades pobres foram péssimas, mas foram fortemente contestadas na sociedade civil, e uma pequena parte dos moradores da Vila Autódromo, ao fim de uma luta heroica, conseguiu mesmo o direito de permanecer onde estavam, agora com casas decentes construídas pelo poder público. O caminho até a Olimpíada do Rio foi bagunçado pelo escândalo das empreiteiras, mas só houve escândalo porque o judiciário pegou as empreiteiras. Não é fácil imaginar essas coisas na China ou na Rússia.
A China e a Rússia, aliás, puderam alocar muito mais dinheiro em suas Olimpíadas porque suas populações têm menos voz no processo orçamentário. Tanto a belíssima Olimpíada de Pequim quanto a Olimpíada de Inverno de Sochi, na Rússia, foram muito mais caras do que a Olimpíada na terra de Bezerra da Silva.
Há toda uma tradição de usar grandes eventos para denúncias sociais, e isso é excelente. Parabéns aos ativistas que aproveitaram o foco internacional no Rio de Janeiro para denunciar o descaso com a Baía de Guanabara ou a situação das comunidades pobres. Até mais do que antes dos jogos, agora é a hora de tentar incorporar essas críticas à discussão sobre a cidade. Como integrar a Zona Norte ao Centro renovado? Afinal, o que fazer para limpar a Baía? Essas são as perguntas para os próximos anos.
Mas também é preciso tomar cuidado com a história de que os jogos olímpicos foram apenas um festival de exclusão: não tenho dúvida de que a decisão de construir a Cidade Olímpica da Barra foi influenciada pela especulação imobiliária, mas a infraestrutura de transportes construída está longe de servir só aos mais ricos. Dêem uma olhada na lista de estações dos corredores de ônibus do BRT, procurem os bairros ricos. O centro da cidade do Rio de Janeiro foi reorganizado com evidente ênfase no transporte coletivo. Os jogos foram uma luta em que também houve vitórias para o projeto de uma cidade mais inclusiva.
Enfim, se não foi a Olimpíada dos sonhos, foi porque não foi nos sonhos que ela aconteceu. Mas as Olimpíadas provaram que mesmo nesta cidade aqui, real, concreta, há mais tarefas possíveis do que se pensava.” (*) É doutor em sociologia pela Universidade de Oxford, com tese sobre as desigualdades sociais após o colapso de regimes socialistas no Leste Europeu. É analista do Banco Central. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br 22/08/16


domingo, 21 de agosto de 2016

OLIMPÍADAS: EXEMPLOS DE SUPERAÇÕES



OLIMPÍADAS: EXEMPLOS DE SUPERAÇÃO

Do trauma de infância ao pódio: a incrível história de 5 atletas

Obstáculos enfrentados durante os primeiros anos de vida podem ajudar a moldar a resistência de atletas de ponta chat_bubble_outline more_horiz

Histórias de abandono e dificuldades na infância vividas por campeões olímpicos como o brasileiro Thiago Braz ou a americana Simone Biles levaram muitas pessoas a se questionar se os obstáculos enfrentados durante os primeiros anos de vida podem ajudar a moldar a resistência de atletas de ponta. Segundo Alessandra Dutra, psicóloga do Comitê Olímpico Brasileiro, esportistas vencedores têm um perfil diferenciado, que lhes permite lidar com perdas e frustrações de maneira altamente eficaz.
“O que acontece é que atletas de excelência têm uma habilidade espantosa para usar eventos do passado como fator de encorajamento – sejam eles bons ou catastróficos. Os verdadeiros campeões sabem transformar as adversidades em motivação”, afirma a psicóloga, que trabalha com a preparação mental da seleção feminina de handebol e participa de sua terceira Olimpíada.
Dessa maneira, as grandes frustrações no passado se tornam um dos vários golpes que os jogadores devem enfrentar na sua preparação esportiva. Afinal, os atletas são confrontados, a todo momento, com a perda, com a iminência da derrota e com obstáculos que, inicialmente, parecem intransponíveis. Além disso, um esportista de excelência sabe que sua rotina será de longos e estafantes treinos que podem trazer dores, reduzir a vida social e afastá-los da família.
“Perdas familiares irreparáveis durante infância são uma das muitas lições que a vida ensina aos atletas. Elas preparam o jogador para os muitos vazios que constituem a trajetória até o pódio. Campeões olímpicos sabem que as perdas e infortúnios não são o fim do caminho, mas etapas necessárias até a vitória e, por isso, conseguem superá-las com uma enorme habilidade. Os vencedores possuem uma grande persistência para enfrentar as desgraças e passar por cima delas”, afirma Katia Rubio, professora da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP) e uma das maiores autoridades brasileiras em psicologia do esporte.

Superar dificuldades

A incrível capacidade de resistir a adversidades e lidar com contrariedades é uma característica conhecida entre os profissionais de saúde como resiliência.
“Como todo grande profissional os campeões olímpicos sabem usar as dificuldades para ultrapassar seus próprios limites”, diz Alessandra. “Além do mais, precisamos nos lembrar de que jogadores com infância difícil são uma parcela muito pequena em meio aos quase 1.000 atletas que ganharão medalhas em Olimpíadas.”
Confira as histórias dos 5 atletas que superaram a infância difícil e chegaram ao pódio:
A infância do atleta, hoje com 22 anos, foi bastante diferente da glória dos dias atuais. Ainda pequeno, em Marília, no interior de São Paulo, foi abandonado pela mãe na casa dos avós. De acordo com os familiares, o menino esperou durante dias o retorno da mãe com uma mochila nas costas – até perceber que esse dia não chegaria. Na adolescência, encantou-se com a possibilidade de poder chegar aos céus – não com um avião, mas com o auxílio da vara. Percebendo a paixão do rapaz, o tio, Fabiano Braz, atleta do decatlo, começou a treinar o jovem de 13 anos sob sua supervisão. Com 16 anos, conquistou a prata nos primeiros Jogos Olímpicos da Juventude, em Cingapura-2010, mas, em sua primeira competição adulta, em 2013, não passou da fase classificatória. Em 2014, Braz se mudou para a Itália para treinar com o mítico Vitaly Petrov, mentor das grandes lendas Sergey Bubka e Yelena Isinbayeva. Sofreu uma fratura na mão esquerda que exigiu cirurgia e uma penosa recuperação, mas, ainda assim, garantiu sua participação nas Olimpíadas. Após dez saltos, na última segunda-feira, conseguiu uma altura histórica: voou a 6,03 metros de altura, levou o ouro e ainda estabeleceu um novo recorde olímpico.
A ginasta tinha três anos quando o serviço social dos Estados Unidos chegou em sua casa e retirou da mãe a custódia de Simone e seus três irmãos. Shanon Biles, dependente de álcool e drogas, não tinha capacidade de educar as quatro crianças. O pai de Shanon, Ronald Biles e sua segunda mulher, Nellie, ficaram com as duas meninas menores e os irmãos mais velhos foram morar com a irmã de Ronald. Pouco tempo depois, os avós adotaram as meninas que, hoje, chamam os avós de pais. "Quando era mais nova me perguntava o que teria sido da minha vida se nada disso tivesse acontecido. Às vezes ainda me pergunto se minha mãe biológica se arrepende e se queria ter feito as coisas de forma diferente, mas evito me prender a essas perguntas porque não sou eu quem tem que respondê-las", disse a veículos americanos. Em um passeio da escola em um centro de ginástica artística Simone, então com 6 anos, mostrou algumas das piruetas que gostava de fazer em casa a alguns instrutores. Admirados, os professores escreveram um bilhete aos pais da menina sugerindo matriculá-la nas aulas. Dois anos depois, Aimee Borman, descobriu a garota e, até hoje, é sua treinadora. Na adolescência, deixou de lado as atividades extracurriculares, festa de formatura e até a escola. Fez o ensino médio em casa para conseguir estender os treinos de 20 para 32 horas semanais. Um ano depois, ganhou seu primeiro título e, nessas Olimpíadas, aos 19 anos, consagrou-se com cinco medalhas: quatro de ouro e uma de bronze.
Quando tinha 9 anos, os pais de Phelps se divorciaram e, por muito tempo, o nadador se sentiu abandonado pelo pai. Na mesma idade, o garoto isolado e que sofria bullying constante dos amigos por causa do tamanho de suas orelhas, foi diagnosticado com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A natação, junto com a terapia e o uso de medicamentos, foi a válvula de escape do garoto que sofria com dificuldade para se concentrar em suas atividades e tinha raros amigos. O treinador Bob Bowman viu Phelps nadando aos 11 anos e identificou o incrível potencial do garoto. O atleta sempre foi treinado por Bowman e desenvolveu com ele laços paternais, que o ajudaram a enfrentar os problemas com o vício em bebidas alcoólicas e jogos, que quase o levaram a deixar o esporte após as Olimpíadas de Londres, em 2012. Chegou a ser detido por dirigir embriagado, teve depressão e chegou a pensar em suicídio, mas reencontrou o equilíbrio dentro das piscinas. Na Rio -2016, Aos 31 anos, ganhou cinco ouros e uma prata e é o atleta mais premiado da história dos Jogos Olímpicos.
4 . Isaquias Queiroz, que conquistou três medalhas na prova canoagem, é filho de uma família humilde de Ubaitaba, na Bahia. Sua infância foi marcada por queimaduras no corpo após um acidente doméstico, um rápido sequestro e uma queda perigosa de uma árvore, aos dez anos, que lhe custou um rim. Começou a remar no Rio das Contas, em um projeto social local, já com o apelido de Sem Rim, dado pelos amigos. “Os desafios fazem com que a gente se supere cada dia mais. As dificuldades que eu passei no início da minha carreira, no início da canoagem, me fizeram chegar hoje onde eu estou, conseguindo melhores resultados. Com força de vontade você acaba chegando” afirmou o rapaz de 22 anos, que encara as dificuldades com bom humor: “Nunca deixei ninguém ganhar de mim para depois eu falar: ‘Eu perdi porque só tenho um rim’. Não, eu gosto de competir de igual pra igual. O ruim é quando uma pessoa perde para mim e diz: ‘Nossa, perdi para um cara que só tem um rim!”
Prata conquistada com Erlon Souza, canoísta é primeiro brasileiro a ganhar três medalhas em uma mesma Olimpíada
O sérvio Novak Djokovic, nasceu na Sérvia, região que corresponde à ex-Iugoslávia. O garoto cresceu em meio a guerras civis, hiperinflação, crise econômica e diversos bombardeios da Otan Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que terminaram por separar em várias partes o lugar em que nasceu. Aos 6 anos decidiu que queria ser tenista e desenvolveu sua paixão em meio às bombas, que levavam o jovem a se esconder em abrigos e viver à base de pão e água. “Ficávamos na quadra de tênis das dez da manhã até a hora do crepúsculo. Nossos filhos treinavam durante o bombardeio. Treinando e ouvindo as sirenes”, conta Djana, mãe de Djokovic, na biografia do jogador. O atleta costuma dizer em entrevistas que o tênis salvou sua vida e que teve a sorte de ter pais que acreditavam em sua habilidade. Djokovic é o tenista número 1 do ranking mundial e, na Rio-2016, foi eliminado pelo argentino Del Potro na primeira rodada do masculino de tênis.