sábado, 25 de junho de 2016

ESQUERDA X DIREITA, POLÊMICA




“Um dos piores cacoetes da vida intelectual brasileira é a tentativa de desqualificar pela rotulagem. É emburrecedor, tribal, no pior sentido da palavra — ou é da minha tribo de esquerda ou da minha tribo de direita. A complexidade da vida política não cabe no primarismo de uma polarização binária” Eduardo Giannetti, economista, ex-professor de Cambridge, na Inglaterra.


O MANUAL DA IDIOTICE NEOESQUEDISTA,               por MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA (*)

Na magistral obra de Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Alvaro Vargas Llosa, “O Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”, explica o escritor Mario Vargas Llosa no prefácio:
“A idiotice que impregna esse “Manual” não é a congênita, mas de outra índole. Postiça, deliberada e eleita, se adota conscientemente por preguiça intelectual, modorra ética e oportunismo civil. Ela é ideológica e política, mas acima de tudo, frívola, pois revela a abdicação da faculdade de pensar por conta própria, de cotejar as palavras com os fatos que elas pretendem descrever, de questionar a retórica que faz às vezes de pensamento. Ela é a beataria da moda reinante, o deixar-se levar sempre pela correnteza, a religião do estereótipo e do lugar comum”.
No Brasil temos um grande partido de esquerda e partidos nanicos que gravitam ao seu redor, São dotados da mesma idiotice a que se referiu Mario Vargas Llosa, sendo bom esclarecer que temos três grupos de idiotas neoesquerdistas: o que compõe a massa de manobra, os oportunistas e as espertas lideranças políticas:
Os que se tornam massa de manobra são os que recebem uma lavagem cerebral que geralmente começa na juventude, quando se é doutrinado na escola por alguns professores marxistas. Sem maturidade para cotejar os fatos à luz da realidade os cérebros juvenis absorvem algumas noções recheadas com palavras de ordem.  Aprendem que ser de esquerda é ser bom, é ser defensor dos pobres, um sujeito de caráter. Na direita, ao contrário, está a elite maldosa, seguidora de um tal de neoliberalismo, opressora dos fracos e oprimidos. Idealistas, em busca de bandeiras que justifiquem seu existir às vezes sem graça, os jovens abraçam com ardor ideias que os transformarão em fanáticos. Tudo será justificado em nome de uma fé ideológica distorcida.
Os jovens doutrinados quando formados seguirão idiotizados. Serão artistas, profissionais liberais, clérigos, sindicalistas, militantes de grandes ou de pequenos partidos de esquerda, ou seja, lá o que for, pois eles estão em todas as profissões. Nenhum terá noção do que foi o comunismo com seus horrores e opressões como ocorreu em tantos países que sofreram na carne sob seu domínio.
Os idiotas neoesquerdistas desconhecem o que foram os totalitarismos comunistas e nazistas, irmãos xifópagos que infelicitaram a vida de milhões de pessoas. Ruins, dizem soberbamente, são os Estados Unidos, o grande Satã Branco onde eles mesmo vão frequentemente passear, comprar, estudar, tratar da saúde, sendo que muitos vão até para morar.
Se nem todos passaram por universidades, a massa de manobra foi sendo generalizada na sociedade através de uma visão distorcida de mundo na qual se repete que, para ser decente, a pessoa tem que ser de esquerda. Note-se que nenhum dos nossos partidos políticos, esses trampolins para alcançar o poder, se rotulam como de direita. São todos de esquerda, centro-esquerda, centro e, no máximo de centro direita. Direita hoje virou palavrão. Conservador e neoliberal, que não têm a mesma significação conceitual, são insultos para muita gente.
Foi através desse processo orientado pelo Foro de São Paulo, entidade que congrega as esquerdas latino-americanas, que o PT triunfou para chegar agora à sua profunda decadência cuja causa reside na ganância, na incompetência e na corrupção institucionalizada de  muitas de suas lideranças.
Na verdade, as lideranças de esquerda em todo mundo nunca fugiram deste padrão. No poder enriqueceram, se tornaram corruptos, se aferram ao poder e produziram ditaduras cruéis, como sabemos acontecem ainda.
Escapamos por enquanto disto, por conta do retumbante fracasso do governo petista, mesmo assim, em que pese o desastre sob o comando do governo recente,  que levou o País aos abismos da recessão, da inflação, da inadimplência, do desemprego, dos Pibinhos, muitos idiotas neoesquerdistas ou espertos oportunistas bem pagos pelos movimentos sociais, sindicais ou estudantis vão às ruas gritar: “volta querida”, “fora Temer”. Já há provas de que o PT como partido quase acabou, mas o petismo segue firme.
Dia destes em Brasília, uma manifestação cuja maioria devia ser petista tornou-se o símbolo máximo da idiotice neoesquerdista. Perto do Palácio da Alvorada um bando tirou a parte de baixo das roupas e exibiu seus traseiros gordos para depois gritar: “Fora Temer”. Mostraram assim que é com essa parte do corpo que raciocinam e não com o cérebro. Isso por si só explica muita coisa sobre o neoesquerdismo. Imagine-se o que acontecerá se Dilma Rousseff voltar. Com perdão da expressão, viveremos sob a ditadura de uma bundocracia.                                                           Fonte:http://www.institutoliberal.org.br/
*Maria Lucia Victor Barbosa é professora universitária formada em Sociologia e Administração Pública e tem especialização em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UNB). Possui experiência em planejamento e execução de programas sociais para populações de baixa renda. É autora de “O voto da pobreza e a pobreza do voto – A ética da malandragem” (Jorge Zahar, 1988), “América Latina – Em busca do paraíso perdido” (Saraiva, 1995), “Fragmentos de uma época” (UEL, 1998), “Contos da meia-noite” (UEL, 1999) e “A colheita da vida” (UEL, 2000).
Daniel Porcel Bastos, 18 anos, estudante de Relações Internacionais na UFF em Niterói, opina:
25/06/16 Bom dia Vovô.
Venho por meio deste e-mail expressar minha discordância total com o texto que me foi enviado. Acredito que este esteja repleto de senso comum e estereótipos.
A esquerda brasileira e mundial não se trata de um bloco monolítico. Ser de esquerda não é ser petista. Há muitos, como eu, que acreditam que o PT traiu a esquerda e já não mais representa esse campo.
Ressalto também que existe uma grande falácia em torno da "doutrinação marxista" que muitos dizem ocorrer na universidade. Tenho pouquissimos professores marxistas, apesar de querer ter mais. Como expressou Paulo Freire, a educação deve ser emancipatória, e não pode estar vinculada ao sistema capitalista, pois este tende a torná-la uma mercadoria.
Além disso, é consenso entre historiadores que se prezam que o nazifascismo em nada se relaciona com o comunismo e socialismo. Nem economicamente e muito menos politicamente. Os estereótipos em relação à direita tampouco são benéficos para o desenvolvimento da democracia.
Por fim, a participação ativa da juventude na política tem se mostrado importante para pressionar e repudiar a corja política na qual há grande ausência de negros, mulheres e LGBTs.
Não compartilho da palavra de ordem "volta, querida", porém luto junto a todos que gritam pelo " Fora, Temer". Como se diz entre a juventude: só a luta muda a vida.
Democracia e diálogo, sempre!
Grande abraço, do seu neto,
Daniel  
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VITIMIZAÇÃO DO LULOPETISMO



Visão conspiratória e vitimização lulopetistas
O PT, mais uma vez, deve se explicar diante da descoberta de outro caso de corrupção no primeiro nível da administração de seu governo

EDITORIAL de O GLOBO de 25/06/2016
Desde março de 2014, quando foi lançada a Operação Lava-Jato, casos de roubalheira de lulopetistas e aliados se concentraram no grupo Petrobras e em alguma outra empresa pública. Golpes dados contra o Erário na administração direta, na manipulação de verbas de ministérios, em que os desvios no Denit (Transportes) são grande exemplo, haviam ficado para trás.
Mas, vê-se agora, na Operação Custo Brasil, na qual foi preso o ex-ministro Paulo Bernardo, que a corrupção no primeiro nível da administração federal continuou campeando. O esquema montado no Planejamento, com Paulo Bernardo, é prova disso. Por ele foram ordenhados, segundo o MP de São Paulo, R$ 100 milhões em cobranças indevidas de servidores federais clientes de crédito consignado. Parte foi para o PT, sobraram R$ 7 milhões para o ex-ministro, e assim por diante.
A sede do partido, em São Paulo, também foi visitada pela Operação. Logo, parlamentares petistas e outros representantes do PT , inclusive a executiva nacional da legenda, reagiram de forma típicamente petista: pela vitimização e a partir de uma visão conspiratória.
Nessas circunstâncias, o partido sempre se apresenta como vítima de tenebrosas maquinações dos adversários e inimigos. Desta vez, tudo acontece porque o Planalto de Michel Temer enfrenta desgastes devido ao envolvimento, de alguma forma, de gente do governo interino com a Lava-Jato. Por serem investigados ou acusados pela operação, como também por tramarem para conter o desbaratamento do petrolão, com leis aprovadas no Legislativo e lobbies em Cortes judiciais.
Acham petistas — ou dizem achar — que o governo interino, jogado às cordas por gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, por exemplo, manobrou para que o Ministério Público e a Polícia Federal desfechassem a Custo Brasil.
Acredite quem quiser que o MP, independente por determinação constitucional, e a PF, operacionalmente autônoma, aprontaram esta operação para prejudicar o PT e nesta hora. O partido se prejudica a si mesmo, sem ajuda. Ele precisa é, mais uma vez, se explicar. Há várias descobertas graves feitas pelas investigações: a Consist, empresa contratada, cobrou um sobrepreço na tarifa de serviço aos clientes do crédito e com isso arrecadou R$ 100 milhões, dos quais saíram propinas e dinheiro para o PT. Uma das ligações do caso com a senadora Gleisi Hoffmann (PT), mulher de Bernardo, é a participação no esquema do seu advogado em campanhas, Guilherme Gonçalves.
Um aspecto relevante em tudo isso é que a operação comprova que a “organização criminosa” do partido e aliados (PMDB, PP, PCdoB) não atuou apenas na Petrobras. Já haviam sido detectadas ramificações dela no setor elétrico (Eletronuclear, Belo Monte). Agora, na administração direta. E obedecendo ao mesmo padrão: financiamento eleitoral e bolsos pessoais.
Fonte:  http://oglobo.globo.com/opiniao/visao-conspiratoria-vitimizacao-lulopetistas-19579446#ixzz4CbBRAzoz


sexta-feira, 10 de junho de 2016

O2 DE OUTUBRO DE 2016: ELEIÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL CONSTITUINTE EXCLUSIVA



02 DE OUTUBRO/16: ASSEMBLEIA GERAL CONSTITUINTE EXCLUSIVA, por Theodiano Bastos

                      “É ingenuidade pedir a quem tem poder para mudar o poder”, Giordano Bruno.
                                 Junto com as eleições municipais já programadas para 02 de outubro de 2016, também seriam eleitos os Constituintes para elaborarem, a partir de janeiro de 2017 uma nova Carta Magna para o Brasil.
Essa nova Carta Magna, depois de aprovada, seria submetida a um referendo e a Assembleia Constituinte seria dissolvida e seus membros proibidos de concorrer  a cargos eletivos nas eleições seguintes, único jeito de se implantar o Parlamentarismo ou continuar com o presidencialismo, e aprovação das reformas imprescindíveis, como as políticas, fiscal, tributária, trabalhista e sindical, o que propiciará a execução de projeto ambicioso de “engenharia social” no Brasil, preservando-se do Estado Democrático de Direito. É um desafio neste mundo conturbado e preso à síndrome do medo, mas necessárias e desejadas a fim de se conseguir as mudanças profundas que dêem outro rumo ao Brasil, no interesse das maiorias sempre marginalizadas e excluídas.
                        A “Constituição Cidadã” de 1988, que já sofreu mais de 70 emendas, foi elaborada para vigorar num regime parlamentarista e mesmo assim seu texto foi aproveitado para o presidencialismo.
Pouco se fala em seu texto de deveres, mas está recheada de direitos. O então presidente José Sarney comentou: “está constituição deixará o Brasil ingovernável” E constituição de 1988 virou uma colcha de retalhos com dezenas PEC – Projetos de Emenda Constitucional aprovada para que o Brasil se tornasse governável. Os mesmos parlamentares que a redigiram candidataram-se no pleito seguinte de 1989 e 60% deles não se reelegeram e o Senhor Constituinte, Dep. Ulysses Guimarães, ficou em sétimo lugar como candidato a presidente da república.
                     O Brasil já teve oito textos constitucionais, incluindo-se os de 1967 e 1969 do Regime Militar, mas  nunca teve uma genuína Assembleia Nacional Constituinte, diz Mauro Santayna em seu artigo no Jornal do Brasil de 26/06/09. A primeira, de 1823, que o imperador dissolveria, fora escolhida entre as reduzidas elites rurais e os comerciantes das cidades portuárias. A Constituição de 1824, outorgada pelo imperador, ainda que se identificasse como liberal, determinava que só podiam ser cidadãos e eleitores os que tivessem determinados níveis de renda por ano. Os pobres, que viviam do trabalho manual, não se faziam representar, e continuaram não se fazendo representar depois da Proclamação da República, que acabou com o voto censitário, mas manteve fora da cidadania as mulheres e os analfabetos. O Congresso Constituinte, convocado por Deodoro, não mudou a natureza social da classe dirigente. Os republicanos eram republicanos, mas nem tanto: a maioria dos escolhidos provinha das mesmas oligarquias que sustentavam o Império. Além disso, as eleições posteriores, a bico de pena, só ratificavam o poder dos senhores do campo, que dominavam o sistema, associados aos comerciantes e industriais. Como sustentáculos dessa ordem de domínio agiam, de um lado, os militares e, do outro, os advogados. Associadas, a espada e a lei mantiveram o regime.
                         Os parlamentares eram quase todos bacharéis, e, em número bem menor, médicos e engenheiros A Revolução de 30 foi necessária, mas a situação internacional não permitiu que a plataforma democrática da Aliança Liberal se cumprisse na Carta de 1934, pervertida pelo corporativismo de inspiração italiana. Da Constituição totalitária redigida por Francisco Campos, em 1937, não há o que comentar. A Assembleia Constituinte de 1945 se reuniu sob a remanescente influência do Estado Novo, e manteve a hegemonia do poder central. Depois da Constituição de 1946, perdemos a oportunidade de convocar assembleia originária e exclusiva, a fim de elaborar a Carta de 1988. Antes tivemos as constituições impostas pelo Regime Militar. “Recorrer à soberania do povo, com uma Assembleia Constituinte exclusiva, que se dissolva depois de cumprida a tarefa, é a nossa única esperança a fim de retornar ao início da vida republicana, e fundar, finalmente, a República necessária. O nosso futuro continua no passado”, conclui Mauro Santayana.


                    TEMA POLÊMICO
Constituinte e ruptura
Ruy Fabiano é jornalista
A constituinte revisora, proposta pelo PSD – e já defendida anteriormente por partidos do governo e da oposição -, enfrenta dois tipos distintos de contestação: política e jurídica.
A política é volátil e casuística: o temor de não dominá-la, de ter o adversário como maioria. Daí o PT tê-la combatido e, posteriormente, proposto. Idem a oposição.
A jurídica tem como epicentro o princípio de que constituinte só se justifica se houver ruptura da ordem constitucional (golpe de Estado ou revolução). É a que importa avaliar aqui, já que a contestação política não tem cabimento ético.
Entre as formas de ruptura clássica, o Brasil pós-constituinte concebeu a sua: nem golpe, nem revolução, mas o esgarçamento lento e gradual do tecido constitucional.
Desde a promulgação, em 1988, já são 67 emendas ao texto original, havendo ainda mais de duas centenas de propostas de emendas em tramitação no Congresso e cerca de mil ações diretas de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.
No dia seguinte à sua promulgação, o então presidente da República, José Sarney, considerou-a fator de ingovernabilidade. Os presidentes que se lhe seguiram, incluindo Lula, se elegeram prometendo reformá-la. Desde então, instalou-se no país o espírito reformista compulsivo. Só que ao sabor de cada governante, que puxava a brasa para sua sardinha ideológica.
O GOLPE DA REFORMA POLÍTICA
Por Ruy Fabiano
A ideia de convocar uma Assembleia Constituinte a pretexto de promover uma reforma política é parte essencial do projeto de poder do PT: consolida-o e torna a hipótese de alternância algo tão remoto quanto não haver nada de ilícito nas contas da Petrobrás.
Basta examinar dois tópicos que o PT considera prioritários nessa reforma: financiamento público exclusivo de campanha e voto em listas fechadas. A propósito, o partido já deu ciência disso por escrito a seus filiados, e programa uma marcha sobre Brasília, nos moldes da que Mussolini promoveu sobre Roma, em 1922.

O objetivo é pressionar o Congresso de fora para dentro, tese com a qual concorda a presidente Dilma Roussef, conforme pronunciamento que fez na sequência das manifestações de junho do ano passado, em que também defendeu uma Constituinte.
Financiamento público, precedido, como já está, da proibição de contribuições de pessoas jurídicas, garante ao partido hegemônico a maior fatia do bolo, já que a divisão obedecerá o critério da proporcionalidade das bancadas.
Não bastasse, veda o acesso de novas legendas, que, com as migalhas a que terão acesso, terão que se contentar com manifestações nas redes sociais. Não tendo bancadas, não terão dinheiro; não tendo dinheiro, não terão bancadas.

De quebra, não impede o caixa dois; apenas o monopoliza: ninguém, com recursos e senso de sobrevivência, negará auxílio a quem se eternizará no poder; e, por extensão, não o dará a quem dele está prévia e definitivamente excluído. O jogo é esse.

O voto em lista fechada dispensa maiores explicações: deixa-se de escolher o candidato; vota-se na legenda. A cúpula partidária organiza as listas. Quem é amigo do rei conquista seu lugar; quem não é não tem acesso. O eleitor terá que se contentar com os critérios dos caciques partidários.

Não é de hoje que o PT sonha com essa reforma, para a qual quer uma Constituinte. E por que não a faz com o próprio Congresso, que tem poderes para reformar a Constituição? Simples: porque não teria votos suficientes para aprová-la.
A aprovação de emendas constitucionais exige complicado rito: três quintos de votos favoráveis em cada Casa do Congresso, em dois turnos. Numa Constituinte, vota-se uma única vez, em sessão unicameral, por maioria absoluta.
Em abril de 2007, o presidente Lula recebeu em audiência um grupo de dez juristas aos quais havia incumbido um estudo para mudar as regras das CPIs (estudo que foi arquivado). Estava escaldado com o massacre das CPIs do Mensalão.
No curso da conversa, porém, o presidente da República pôs inesperadamente outro tema em pauta: a reforma política. Sugeriu que talvez fosse mais eficaz fazê-la por meio de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva.

Um dos interlocutores, ex-presidente da OAB, Reginaldo de Castro, esclareceu num artigo: “Ideia dele (a Constituinte), trazida à conversa por iniciativa dele e tão-somente dele. A nós, coube ouvir e emitir opiniões improvisadas, já que não esperávamos tal assunto”. O presidente explicou: a Constituinte funcionaria paralelamente ao Congresso, seria integrada não apenas por representantes dos partidos políticos, mas também por cidadãos. Não explicou como isso se daria, nem ninguém lhe perguntou.
Finda a audiência, o Planalto informou que a tese havia sido sugerida ao presidente pelos juristas – e não o contrário, como ocorreu. Como entre eles havia quatro ex-presidentes da OAB, vinculou a entidade à proposta, que, no entanto, já a havia rejeitado, dois anos antes, em debate interno.
Foi uma escaramuça, uma técnica para aferir a receptividade de uma proposta e avaliar a oportunidade de sua apresentação. Constatou-se que não era o momento. Mas o tema não foi arquivado: ficou em banho-maria.
Após as manifestações de junho, constatou-se que chegara a hora. Ou o partido a punha em pauta já ou, diante do desgaste de que padece, correria o risco de não tê-la mais sob controle.

O plebiscito dará aparência de democracia, mesmo que para violentá-la, já que a maioria dos votantes desconhece a complexidade e sutileza do que nela está embutido.
É o golpe final, que repete o processo venezuelano, em cuja gênese estão as digitais do PT e do Foro de São Paulo. Quando o Foro completou 15 anos, em 2005, Lula, em meio às celebrações, reivindicou: “Fomos nós que inventamos o Chávez”. Ninguém duvida. O fruto da reforma, na ótica do PT, está agora maduro.”                                                                           Ruy Fabiano é jornalista.                                                                                                         Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/ 26/04/14
                                               ***
Somente 35 deputados, dos 513 da atual legislatura, se elegeram com votação própria. Por conta das coligações, o eleitor votava em seu candidato e elegia outro.
Senadores biônicos, compram os mandatos financiando o titular que logo é nomeado para outro cargo e assim chega ao Senado da República sem um único voto.