Por THEDIANO BASTOS
Trump é como um caudilho latino-americano, é menos
limitado por preocupações morais, diz Joseph Nye
Pouco mais de uma semana depois de Donald Trump repreender Volodymyr Zelensky
em público em uma encontro televisionado na Casa Branca, a Ucrânia anunciou
ter aceitado o acordo proposto
pelos Estados Unidos para um cessar-fogo na guerra com a Rússia.
A reunião foi uma "armadilha" plantada por
Trump que tinha um objetivo estratégico para as ambições do
presidente americano, explica Joseph Nye, cientista político da
Universidade Harvard, ex-Secretário Assistente de Defesa e ex-SubSecretário de
Estado dos Estados Unidos.
"Trump tem
pouca influência sobre [o presidente russo Vladimir] Putin. Por isso, tem de
intimidar Zelensky", explica Nye, em entrevista à BBC News Brasil feita
por videochamada a partir de sua casa na cidade de Boston.
"Trump quer poder gabar-se de cumprir sua
promessa de pôr
um fim rápido à guerra",
"Ele se vê como um grande fechador de negócios. Adoraria fazer acordos
favoráveis a si mesmo diante de homens fortes como Putin. Seria como demonstrar
quão bom ele é."
Nye é o criador do conceito de "soft power",
como batizou a capacidade dos países de persuadir outros a fazerem o que querem
sem o uso da força, um instrumento consagrado pela diplomacia americana que vem
sendo desgastado sob a liderança de Trump.
"Trump não tem uma ideologia, ele é o que se
pode chamar de personalista, como os caudilhos latino-americanos, se esforça
para ser um líder carismático. Isso significa que ele é menos limitado por
preocupações morais."
Pule
Novo podcast investigativo: A Raposa e continue lendo
Novo podcast investigativo: A Raposa
Uma tonelada de cocaína, três brasileiros inocentes e
a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
O episódio com Zelensky, que serviu de
"pretexto" para Trump interromper o repasse de recursos militares e
de informações de inteligência dos EUA aos ucranianos, é apenas mais um dos
movimentos que presidente americano tem feito para transformar a política
externa do país.
Trump faz reiteradas ameaças de tarifas (algumas das
quais já chegou a impor) e até de ação militar contra aliados como Panamá,
México, Canadá e Europa. Como resultado, tem obtido uma série de concessões
destes aliados, sob pressão.
"Os ganhos são reais no curto prazo. A questão
é: eles irão se manter a longo prazo?", questiona Nye.
SAIBA MAIS EM: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c14j7xjeej5o
- https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/russia-concorda-com-cessar-fogo-mas-os-detalhes-sao-essenciais-diz-putin/
Nenhum comentário:
Postar um comentário