Os desafios para a educação brasileira são imensos
Por CRISTOVAM BUARQUE
O Brasil tem um consenso sobre a tragédia de sua educação, mas ainda enfrenta quatro grandes discordâncias: sobre as causas desse estrago; suas consequências; as metas que devemos perseguir; e os caminhos para atingi-las. A Unesco nos instala em 72º lugar entre 125 países avaliados; o Pisa, em 57º entre 79 participantes. O país tem cerca de 10 milhões de adultos incapazes de ler. os que leem, a maioria não compreende, interpreta ou analisa o que lê.
Cerca de 100 milhões de brasileiros estão despreparados para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. Soma-se a isso o genocídio intelectual provocado pela brutal desigualdade de oportunidades conforme a renda e o endereço do indivíduo. Não há polêmica quanto ao reconhecimento desse quadro.
Direto ao ponto, e é crucial tê-lo em perspectiva: os problemas estruturais do Brasil — baixa produtividade, pobreza, desigualdade, violência, racismo — são causados, em grande parte, pela baixa qualidade e pela desigualdade da educação de base.
Falta adesão a uma meta ambiciosa que contemple aprender a ler e escrever com rigor; que faça os jovens fluentes em pelo menos um idioma estrangeiro; que autorize o encantamento com as artes e o debate rico em torno de temas de filosofia, política, história e geopolítica. A educação, desde o início, enfim, é o que nos permite indignar-nos diante da pobreza, da desigualdade, Além do consenso com a tragédia, as causas, as consequências, além dos objetivos a serem perseguidos, é preciso superar as divergências sobre como alcançá-los. Muitos acreditam que o Brasil já está no caminho certo e que basta esperar os resultados dos tímidos passos dados ao longo de décadas, por meio de programas como o do Livro Didático, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Pé-de-Meia e a Base Nacional Comum Curricular, entre outros.
SAIBA MAIS EM: https://veja.abril.com.br/coluna/cristovam-buarque/consenso-e-discordancias/ - Publicado em VEJA de 13 de junho de 2025, edição nº 2948