A recepção calorosa a Maduro entrará para a história como um dos capítulos mais tristes do terceiro mandato de Lula
A cena foi constrangedora. De mãos dadas com a
primeira-dama Janja, ao lado do assessor especial Celso Amorim e do chanceler
Mauro Vieira, o presidente Lula desceu a rampa do Palácio do Planalto para receber, com pompa e circunstância, um
convidado especial. Na expectativa de dar um caráter ainda mais simbólico ao
evento, não faltaram os Dragões da Independência, com seus capacetes em formato
de dragão e lanças nas mãos. Do carro posicionado em frente à sede da
Presidência da República, saltou o personagem merecedor de tanta honraria, ele
também ao lado da mulher: o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, há uma
década no poder, sucessor de uma dinastia que comanda o país vizinho há 25
anos. Depois do aperto de mãos e de uma reunião protocolar na sala da
Presidência, Lula fez um pronunciamento e classificou o encontro como “um
momento histórico”.
De fato, foi. Mas não pelas razões que o presidente
imagina. A recepção calorosa a Maduro, infelizmente, entrará para a história
como um dos capítulos mais tristes de seu terceiro mandato. Numa eleição
extremamente... Numa eleição extremamente apertada, Lula deve sua atual
Presidência, vale ressaltar, a uma parcela dos eleitores que votaram no seu
nome em defesa da democracia brasileira. Seu antecessor, Jair Bolsonaro, atacou
por diversas vezes as instituições e muitos viam em Lula um antídoto contra o
golpismo nostálgico da extrema direita. Uma vez empossado, no entanto, o
presidente parece ter esquecido os ideais democráticos para enaltecer um regime
que, atropelando todos os princípios básicos do livre pensar, se estabeleceu
como dominante na Venezuela. São casos e casos comprovados de tortura, perseguição política,
manipulação, corrupção, censura e desaparecimentos. Não se trata de uma questão
de opinião. Os relatos são avalizados por entidades internacionais com profunda
credibilidade como o Tribunal de Haia e a Organização das Nações Unidas.
Curiosamente, há quem enxergue em Bolsonaro características que estavam
presentes no idealizador do regime bolivariano, Hugo Chávez, que, aliás, não
tinha posições de esquerda no princípio — era um militar de baixa patente, de
postura autoritária.
Na política, assim como em outras áreas da vida, o
ponto de equilíbrio é a chave para o sucesso. De forma pragmática, pessoas de
bom senso são favoráveis ao reatamento das relações diplomáticas com a
Venezuela, país com o qual temos imensa fronteira e talvez algumas perspectivas
de negócio. O Brasil tem relevantes acordos comerciais com a China, por
exemplo, país de regime autocrático.
No terreno das preocupações mais mundanas, seria
fundamental, também, que a Venezuela pagasse a dívida de 1 bilhão de reais com
o governo brasileiro, contraída por meio de empréstimos feitos pelo BNDES. Aí
então seria possível restabelecer a convivência necessária. Mas daí a tratar
Maduro como herói do povo venezuelano, paladino dos bons valores, vai uma
distância muito grande. O Brasil não ganha nada com isso — e Lula também
não. A contradição com o seu discurso em defesa da democracia é,
certamente, um momento lamentável para todos os que acreditaram em suas
palavras.
Publicado em VEJA de 7 de junho de 2023, edição nº
2844 Leia
mais em:
https://veja.abril.com.br/brasil/carta-ao-leitor-um-momento-lamentavel/
Hideraldo: Estamos, lamentavelmente, sendo governados e representados por um maluco, mentiroso e bandido. Ele vive num mundo imaginário, ignorando a realidade dos fatos.
ResponderExcluirEstamos lascados, de ladeira abaixo, em todas as áreas.
Márcia Maioli, Serra:ES Lamentável. Vergonhoso.
ResponderExcluirDesumano com o povo venezuelano.
Fomos roubados de toda forma.
Peço a Deus nos livre destes vampiros.
Lucas F.F, Rio de Janeiro: Uma vergonha!
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