domingo, 4 de março de 2018

RIO: PROBLEMA É DE SEGURANÇA NACIONAL, DIZ GENERAL



“São uma mistura de bandidos, traficantes, homicidas, guerrilheiros e terroristas”
O ANTAGONIISTA 04.03.18 

Em sua entrevista ao Estadão, o general Roberto Jugurtha Câmara Senna, que comandou em 1994 as ações militares da Operação Rio, detalhou os desafios da intervenção atual.

“O maior desafio está na mudança ou adequação da legislação.

Um bando armado, com armas de guerra, com líderes conhecidos (e até ídolos nacionais), que domina um território e sua população, que cria suas leis e as executa (incluindo a pena de morte), que impede a entrada de empresas de serviços públicos e órgãos de governo, que enfrenta com armas de fogo as forças federais e estaduais, que ameaça de morte juízes e delegados, que diz abertamente na imprensa que não tem medo de Justiça porque voltará para as ruas em poucos dias, que continua comandando o tráfico de dentro dos presídios, não pode ser tratado como criminoso comum. Eles enfrentam o Estado e comprometem a segurança nacional.

Na verdade, são uma mistura de bandidos, traficantes, homicidas, guerrilheiros e terroristas e, como tal, devem ser julgados por leis específicas, por tribunais especiais, e devem cumprir penas muito mais rigorosas. Para isso, deveria ser criado um tribunal especial no Rio, com o apoio de uma força tarefa específica para este fim.”

O novo ministro da Defesa, general da reserva Joaquim Silva e Luna, deveria conversar mais com o general Roberto.

“Bandido armado que atirasse para cima ou contra a tropa podia ser abatido”

O Estadão entrevistou o general Roberto Jugurtha Câmara Senna, que comandou em 1994 as ações militares da Operação Rio – quando o governo federal intercedeu na segurança do estado com tropas das Forças Armadas.
Atualmente na reserva, o militar de 77 anos comparou a ação de 24 anos atrás com a atual e defendeu maior liberdade de ação para os militares nas favelas.
“Por sugestão nossa, foi adotado pela Justiça um tipo de mandado de busca em que se designava um endereço específico acrescido de ‘e adjacências’. Isso permitia se visitar casa a casa na área de conflito. Muita arma foi encontrada não no domicílio do bandido, mas em casas de moradores que eram obrigados a guardar as armas dos bandidos.

As chamadas regras de engajamento para as tropas eram bem mais flexíveis, dando mais liberdade de revistar, identificar, buscar casa a casa e reagir aos confrontos. A população em sua grande maioria nas comunidades apoiava e colaborava com a tropa. Podíamos reagir aos tiros, nos confrontos, com maior liberdade de ação. Bandido armado que atirasse para cima ou contra a tropa podia ser abatido.”
Fonte: https://www.oantagonista.com 04/03/18








O general Roberto Jugurtha Câmara Senna comandou em 1994 as ações militares da Operação Rio - quando o governo federal intercedeu na segurança do Estado com as Forças Armadas. "Podíamos reagir aos tiros, nos confrontos, com maior liberdade de ação. Bandido armado que atirasse para cima ou contra a tropa podia ser abatido", disse o militar da reserva, de 77 anos, que também defendeu mandados coletivos de busca e apreensão.
A ação de 1994 não foi chamada de intervenção. Foi feito convênio com o governo (à revelia do então governador Nilo Batista, do PDT) para usar as tropas no combate a crimes federais (narcotráfico e armas).

Muitas comunidades foram ocupadas, numa ação de quatro meses. A longo prazo, porém, a operação não teve resultados significativos. Senna responsabiliza a gestão Batista pelo resultado. Ao Estado, o ex-governador negou ter boicotado a investigação sobre os presos na operação da época. 

O senhor coordenou as ações militares no Rio em 1994. Qual era a situação na época?
Naquela época, a criminalidade na cidade do Rio era bem menor. Não havia a quantidade de armas de guerra que os traficantes têm hoje, nem a quantidade de comunidades dominadas por traficantes com fuzis. O que levou o governo federal da época (gestão Itamar Franco) a intervir foi o grande impacto causado à sociedade quando a polícia do Rio se mostrou incapaz de entrar em comunidades dominadas pelo tráfico. A PM tinha poucos fuzis e ainda não tinha tática para atuar em grandes áreas dominadas pelo crime ou em enfrentamentos de maior magnitude.
A ação de 1994 foi necessária? 

Foi uma medida necessária e oportuna, apoiada por sociedade, imprensa e comunidades. Havia necessidade de um "choque de autoridade". 
Como o senhor analisa a situação da violência no Rio hoje?
O armamento dos bandidos hoje tem poder ofensivo bem maior. O número de comunidades dominadas é bem superior, assim como o domínio das facções criminosas sobre a população. Há agora milícias que atuam com a mesma violência que os traficantes, dominam territórios e populações e cometem ilícitos variados, o que não era significativo em 1994. Também não havia grandes questionamentos sobre a legalidade do emprego das Forças, talvez porque a palavra "intervenção" não tenha sido oficialmente adotada na ocasião. Fizemos tudo como se intervenção fosse, mas a palavra não foi usada. E a imprensa de uma maneira geral colaborava.
Hoje é muito diferente?

Eu não sentia tanta pressão por parte das autoridades, da Justiça e da imprensa, como agora com o general Braga Netto (interventor do Rio) e a interpretação da palavra intervenção. O presidente e seus ministros não se envolviam tanto.
Do ponto de vista jurídico, a operação de 94 era bem diferente da atual. O que podia ser feito? 
Foi adotado um tipo de mandado de busca em que se designava um endereço específico acrescido de "e adjacências". Muita arma foi achada não no domicílio do bandido, mas em casas de moradores que eram obrigados a guardar as armas. As regras de engajamento para as tropas eram bem mais flexíveis, dando mais liberdade de revistar, identificar, buscar casa a casa e reagir a confrontos

É função das Forças intervir na segurança pública dos Estados? 
O problema do Rio não é de segurança pública, mas de segurança nacional. Novas leis têm de ser aprovadas, incluindo emendas constitucionais, e procedimentos referentes ao emprego da tropa e das polícias têm de ser modificados para que o Estado vença essa guerra. É tudo ou nada. Ou o Estado vence a batalha ou não sei o que vai acontecer ao País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Fonte: Estadão Conteúdo

3 comentários:

  1. Diz HELIO CORREA, Vila Velha/ES por e-mail:

    Triste Theodiano, mas o Rio está vivendo uma fase difícil. Recentemente uma nota de um general relata dados espantosos sobre o Brasil que se transformou numa República de tráfico e dá os dados de nossa relação com o tráfico.
    1 - primeiro no consumo de crack.
    2 - segundo no consumo de coca.
    3 - primeiro centro de exportação de drogas. Não que produza, mas por ser o corredor natural para exportação de drogas.
    Dessa forma e pelo resultado obtido pelo tráfico por uma população extremamente carente, vamos ter um problema a resolver de longo prazo.

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  2. rubens silva pontes, Capim Branco/MG por e- mail

    Vamos perdendo, ao longo dos últimos anos, o que chamávamos de "voto de confiança"nas pessoas e nas suas intenções.

    Mas, disse um dia o então presidente do STF Ayres Brito, "a esperança é Deus dentro de nós", e, assim

    acreditando, acho que vale a pena renovar aquele voto quase perdido.

    Abraço, amigo Thede, e que tenhamos uma semana de acontecimentos mais amenos.

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  3. Aurélio Bolsanello

    DEGENERAÇÃO DO RIO DE JANEIRO

    Assaltos, agressões, arrastões, roubos, traficâncias, atentados, golpes, tiroteios de polícia contra traficantes, tiroteios de traficantes contra a polícia, balas perdidas que matam adultos e crianças...isso no Meyer, Copacabana, Tijuca, Baixada Fluminense ou em qualquer outro recanto da cidade com os seus sete milhões de habitantes. Será que falta alguma cousa para ser uma guerra civil implantada bem no coração do Brasil?

    Simples, muito simples de se diagnosticar. No Rio de Janeiro, como disse o célebre político francês Amiot:"-A verdade (leia-se administração pública) foi dilacerada pela ambição, violada pela falsidade e ultrajada pelo silêncio.

    -Dilacerada pela ambição do poder: são suficientemente bem conhecidas as trapaças, os conchavos, as intentonas, as conspirações na busca dos postos superiores da administração pública. Vence quem é mais ladino, esperto, corrupto, manipulador, astuto, trapaceiro e manipulador.

    -Violada pela falsidade:Que se examine o perfil dos últimos regentes da cidade antes maravilhosa. Que tipos de governantes administraram e ainda administram o Rio de Janeiro? A competência administrativa não é só uma condição de cargo ocupado, mas é sobretudo uma condição do comportamento e aptidões do administrador. O preço da chefia é sempre alto e cercado de imperativos. A situação se torna terrivelmente enredada quando os mandatários concebem construir um mundinho sensacionalista impelido por finalidades medíocres a alimentar uma multidão mergulhada na ignorância, na mediocridade, desprovida de horizontes, facilmente manipulável. Os que corrompem a opinião pública são tão funestos quanto os que roubam as finanças públicas. Muito pior ainda quando os governantes e dirigentes acobertam o vício, a degeneração, a degradação, o aviltamento dos subordinados. Prova disso é o que J.R.Guzzo descreve em a revista Veja, 28/02/2018, pág. 63 sobre " a tábua do sexo no Leblon".

    -Ultrajada pelo silêncio: A administração pública do Rio de Janeiro está eivada de "homo duplex", mandatários de duas caras. O "homo duplex" em vez de ser intransigente na consecução de sua obra é impelido por finalidades espúrias e apela surdamente por abusos graves a seu favor. Sigiloso e burlador, torna-se surripiador dos bens públicos. Quanto mais amealha, menos necessita, semeando por toda parte o sofrimento da decadência dos governados. Salteador ou ladra da cousa pública organiza sigilosamente corjas de agressores a delapidar e construir uma sucessão de crimes.

    Conclusão: A administração pública do Rio de Janeiro se deixou contaminar pelo vírus mortífero de gravíssima degenerescência altamente contagiante e de difícil extinção.

    Aurélio Bolsanello, Curitiba/PR, por e-mail

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