domingo, 16 de agosto de 2009

O PIOR INIMIGO ESTÁ DENTRO DE NÓS



O SEGUNDO EU DE TODOS NÓS
Theodiano Bastos

(Conteúdo do livro O TRIUNFO DAS IDÉIAS do mesmo autor

"Quem se propõe a escrever artigos e crônicas para a vida efêmera de um jornal, revista ou mesmo em livros, às vezes se pergunta: Vale mesmo a pena o esforço de escrever num país com tão poucos leitores, o pouco apreço e a incômoda sensação de que a literatura não tem mais a importância social que já teve no passado e a perda do glamour junto à mídia?”
Lendo o interessante livro do teólogo e psicanalista Rubem Alves, "O Retorno Eterno", encontrei um alento. Diz ele em uma de suas crônicas: "O escritor não é alguém que vê coisas que ninguém mais vê. O que ele faz é simplesmente iluminar com os seus olhos aquilo que todos vêem sem se dar conta disso... E o que espera é que as pessoas tenham aquela experiência a que os filósofos Zen dão o nome de "satori"; a abertura de um terceiro olho, para que o mundo já conhecido seja de novo conhecido como nunca foi".
A psicanalista e terapeuta brasileira Rosilane Josej Perelberg, professora de psiquiatria em Londres, alerta em sua entrevista no Jornal do Brasil, como o sexo afeta a vida das famílias e suas implicações sobre doenças mentais em seus membros.
Isso vem a propósito de dramas familiares conhecidos na vida. Alguns tendo como pivô a mulher com o perfil destrutivo, popularmente conhecida como mulher “tomba-homem", isto é, que atrai os homens com risinhos nervosos, tendo como objetivo secreto e compulsivo destruí-los. "Engraçado, disse-me uma delas confidencialmente no consultório: Homem nenhum nunca me fez mal e, no entanto, odeio os homens". Esse mal também atinge alguns homens que odeiam as mulheres, sem que nenhuma delas lhes tenham feito algum mal, são os misóginos, os que têm desprezo ou aversão às mulheres, ao casamento e a compromissos sérios com as mulheres.
Homens e mulheres com esses problemas deveriam ter a humildade de procurar um psicoterapeuta e resolver seus conflitos interiores, no mais comum das vezes fruto da desagregação familiar e seus traumas na vida da criança. Tudo isso tem origem no relacionamento entre os pais, no seio familiar, na usina psíquica que é a família. Freud já alertava: Quando um homem e uma mulher se relacionam na intimidade, não é um relacionamento entre duas pessoas, mas na verdade entre seis, pois cada um leva dentro de si o pai e a mãe, as influências recebidas no relacionamento entre os pais. É esse conflito mal resolvido que dá origem ao "segundo eu", ou seja a sombra, o lado negativo da personalidade de cada um de nós. O inimigo dentro de nós. “O pior inimigo está dentro de nós mesmos”.
Se a mulher teve um pai tirânico, que dominava a mãe sadicamente, que nunca assistiu no lar uma cena de amor, ternura e carinho entre os pais, certamente terá um relacionamento conflituoso e compulsivo com o sexo oposto, fruto do conflito interior mal resolvido, porquanto o pai é o primeiro homem na vida de uma mulher. E pelo complexo de Eletra ela se apega ao pai e no íntimo costuma ser rival da mãe. Já no caso do homem, de acordo com o complexo de Édipo, ele se apega à mãe e no fundo é um rival do pai. É da natureza humana, queira-se ou não.
É um ato de compaixão e sabedoria aceitarmos as fraquezas e as enfermidades da alma de nossos pais, lamentando o relacionamento conflituoso que tiveram e deram origens às neuroses dos filhos. "Os males que a mente causa, a mente cura", diz Karen Horney. A visão cristã diz que o homem nasce com o pecado original. Isso não significa que o homem é inevitavelmente mau, mas que tem de lutar contra o mal dentro de si.
Devemos sempre lembrar, daí a necessidade dos que sofreram na infância procurarem o socorro psicoterápico, pois o conflito interior não resolvido, é como um vírus no computador que alguém contagia com o objetivo de causar danos, tão logo seja acessado o arquivo ou dado para desencadear uma seqüência destrutiva guardada na memória do equipamento. Assim também na mente humana. Está tudo arquivado na memória inconsciente e tão logo surja algum acontecimento ou mesmo vaga referência ao trauma vivido, é disparado das profundezas do inconsciente uma seqüência incontrolável e compulsiva de reações que a consciência não consegue evitar ou controlar.

O texto está na Internet no Blog: theodianobastos.blogspot.com.br Theodiano Bastos é escritor, autor dos livros: O Triunfo das Idéias, A Procura do Destino e coletâneas e é presidente da ONG CEPA – Círculo de Estudo, Pensamento e Ação, em Vitória – ES www.proex.ufes.br/cepa.



O RESSENTIDO NÃO É FELIZ

O RESSENTIDO NÃO É FELIZ
Theodiano Bastos
A psicanalista Maria Rita Kehl acaba de lançar seu livro “Ressentimento” ed. Casa do Psicólogo e aborda uma enfermidade da alma dolorosa; o ressentimento. “A memória do ressentido é uma digestão que não termina”, dizia o filósofo alemão Nitetzche (Friedrich Wilhelm ,1844-1900). Ele catalogou de forma genial as oito principais características do ressentido:
a) “O ressentimento nunca é difuso: dirige-se contra alguém, alguma coisa, alguma entidade; o outro. b) Há um contencioso entre o ressentido e o objeto do ressentimento. O ressentido tem contas a ajustar. c) Para o ressentido, o desejo de vingança é suficiente. O ressentimento é uma revolta e, simultaneamente, o triunfo dessa revolta. d) O ressentido invariavelmente acredita que sua felicidade resulta do erro de outra pessoa, ou de um grupo; de outro. e) “É tua culpa se ninguém me ama”, raciocina o ressentido. “É tua culpa se estraguei minha vida, e também é tua culpa se estragaste a tua”. f) O ressentido atribui todos os erros ao outro e permanece a acusações irrevogáveis. Não consegue aguardar em silêncio o momento do acerto. Explode freqüentemente em amargar recriminações. g) O ressentido não sabe amar e não quer amar, mas quer ser amado. Mais que amado, quer ser alimentado, acariciado, acalentado, saciado. Não amar o ressentido é prova de maldade. h) Para poder sentir-se um homem bom, o ressentido precisa acreditar que os outros são maus.
O ressentimento é o oitavo pecado capital, adverte a psicanalista Maria Rita Kehl em seu livro , “é freqüentador dos subúrbios da ira, sobrinho do orgulho, primo da cobiça e irmão da inveja; irmão da inveja, com quem costuma ser confundido”; “não deixa de ser uma forma de inveja destrutiva”, diz a psicóloga Patrícia Abdub. O ressentido se melindra ou ressente com facilidade; “O ressentimento impossibilita a felicidade real”. Tudo que dificulta a felicidade merece uma atenção especial de todos nós, porquanto a busca da felicidade e do prazer tem forte significado na vida. Spinoza, em Ética, falando sobre o prazer e a felicidade, diz: A felicidade não é a recompensa da virtude, mas a própria virtude; não nos deliciamos com a felicidade pelo fato de refrearmos nossos apetites sensuais, mas, pelo contrário, por nos deliciarmos com ela, somos capazes de refreá-los. O hedonismo sustenta que o prazer é o princípio diretor da ação humana e que alcançar o prazer e evitar a dor são finalidade da vida e o critério da virtude. Mas Epicuro embora reconhecesse que o prazer era o alvo da vida, afirmava que, “conquanto todos os prazeres sejam em si bons, nem todos devem ser escolhidos”, porquanto alguns causam ulteriormente aborrecimentos maiores do que o próprio prazer; segundo ele, só o prazer certo deve favorecer uma vida sensata, boa e correta. O prazer verdadeiro consiste em serenidade da mente e ausência de temor. Erich Fromm em sua obra “Análise do Homem” lembra que homens bons, têm prazeres verdadeiros; homens maus, prazeres falsos.
O ressentido é antes de tudo um fraco, adverte a autora. Ele não conseguiu responder em tempo a uma agressão, real ou imaginária, e rumina a vingança que não será perpetrada. Ficará estacionada na amargura que envenena a alma. Para a autora, no Brasil, suposto habitat do homem cordial, a tribo dos ressentidos exibe formidáveis proporções. Eles estão aí bem ao lado, pouco adiante, na mesa à frente. Ou como convém, logo atrás, finaliza Maria Rita. As dores da alma doem que as do corpo; mas a psicanálise é um ciência libertária, pode ajudar os que sofrem.
Este artigo está no Blog Oficina de Idéias; theodiano.blog.terra.com.br
e está no livro O TRIUNFO DAS IDÉIAS DO MESMO AUTOR

Theodiano Bastos é escritor e presidente do CEPA – Círculo de Estudo, Pensamento e Ação (www.proex.ufes.br/cepa)

OS MITOS POLÍTICOS NO BRASIL

OS MITOS POLÍTICOS NO BRASIL

THEODIANO BASTOS

O povo brasileiro parece procurar um Messias. A expectativa de um messias é um modismo comum que ocorre em países com alto índice de desigualdade social, baixo grau de escolaridade da população e descrédito das instituições ou tremendamente injustos como é o caso do Brasil, onde existe a fantasia de que cada parto, se esteja dando a luz a um messias... Elegeram Getúlio Vargas em 1950 vendo nele o “Pai dos Pobres” e que deixou a presidência cometendo suicídio em 24.08.1954. Elegeram Jânio Quadros em 1960 e que renunciou em 08.08.1961 como Homem da Providência e depois em 1989 elegeram Fernando Collor de Mello como o Salvador da Pátria e na quarta tentativa elege como Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva como o Messias, é o mito do Operário Salvador, e que consta no livro de minha autoria O Triunfo das Idéias. “Quanto mais um país depende de pessoas, e não de instituições, menos republicano ele é”, diz Roberto Romano, da Unicamp.
Lula elegeu-se prometendo a mudança, e no governo praticou o continuísmo, mas mirando o bolso dos ricos e a barriga dos pobres. E segundo Paulo Arantes (Idéias JB 10/03/07), ao falar do colapso do petismo e da falência do governo Lula, diz: “o petismo sucumbiu ao pior tipo de capitulação, a capitulação sem combate e a adesão prévia ao programa do inimigo. A vitória de Lula foi uma derrota acachapante da esquerda”, conclui “Sem um núcleo de formulação de estratégia econômica, mas incontida ambição pelo poder”. Segundo Reinaldo Gonçalves, competente intelectual que pediu desligamento do PT, em entrevista ao Jornal do Brasil de 06/02/05, diz: havia ausência de diretrizes. O objetivo passou a ser, não a transformação, mas a chegada ao poder... e centralizar os esforços na reeleição. E é isso que está ocorrendo. A consolidação de estruturas retrógradas e a quebra da esquerda brasileira. Racha-se também o movimento sindical e a sociedade civil organizada. A herança de Lula, nesse sentido, pode ser pior que a do FHC e conclui: o partido não estava preparado para ser governo e, ao mesmo tempo, manter a sua identidade. Não havia maturidade e força política suficientes. O PT seria o único partido capaz de clamar por mudanças. Não existe mais o petismo, mas o lulismo, em decorrência da exaltação do próprio ego e da autopromoção, Lula até autodenominou-se “uma metamorfose ambulante”... A república sindicalista implantada pelo lulismo e o petismo, ao anestesiar o país e desmoralizar a política, deixará um triste legado. Lula não entregou os sonhos que vendeu!
Com a eleição de Lula, o mundo inteiro (menos os que sabiam), julgou que o Brasil iria mudar para melhor, pois acreditavam no que alguns petistas pregavam de que só eles eram honestos e conheciam todos os problemas e a solução, que dariam um salto para frente, mas nós saltamos para trás. diz Fausto Wolff. Já Felipe Pigna, escritor e jornalista argentino, diz: “O triunfo de Lula deixou contentes os progressistas argentinos. Lamentavelmente, logo Lula se mostrou mais preocupado em acalmar as inquietações do governo direitista dos Estados Unidos e mostrar-se como um muchacho confiável para o poder econômico mundial”. O país vai mal, eticamente mal. O futuro do país está conturbado e nebuloso. 20 mil famílias, em 2005, ganharam R$ 105 bilhões, graças aos juros obscenos que o governo do PT pagou, ao passo que apenas R$ 7 bilhões para os 8 milhões de beneficiários das bolsas-esmolas, segundo estimativas de Márcio Pochmann. Também a respeito do Governo Lula, diz o pensador César Benjamim, ex-integrante da cúpula do PT, vice na chapa de Heloísa Helena: “Temos 83% da população brasileira nas cidades, bloqueamos a mobilidade social e o Estado Nacional tornou-se refém do sistema financeiro. Estamos em vôo cego pois não temos uma teoria contemporânea do país”. O governo Lula, em números concretos, distribuiu R$ 530 bilhões para remunerar os rentistas e apenas R$ 30 bilhões para o Bolsa-Família, destinados aos mais pobres. “Os ricos nunca ganharam tanto dinheiro como no meu governo”, diz Lula com razão. O PT e Lula eram até há pouco
tempo, considerados uma certa reserva da nação, mesmo por seus adversários.
“Lula foi uma falsa chegada do povo ao poder. Lula foi uma fantasia coletiva, a encarnação do líder que ia comandar essa transformação fomos nós que criamos, porque precisávamos disso. Lula nunca foi isso, nem sequer foi um reformista, sempre foi conservador. O Lula é um tremendo equívoco. Um equívoco tão grande que não sei responder qual o efeito desse equívoco sobre o povo brasileiro. É um episódio meio patético, meio dramático, e que terá um impacto grande porque a decepção com Lula é muito mais profunda do que as decepções anteriores e sem limites éticos”, conclui César Benjamim.
“Toda grande causa começa como um movimento, vira um negócio e finalmente degenera numa quadrilha”, diz Eric Hoffer, cientista político americano.

VEJA TAMBÉM NO BLOG OFICINA DE IDÉIAS: theodiano.blog.terra.com.br
OS LÍDERES MESSIÂNICOS, O FENÕMENO LULA e REFORMAS: FHC E LULA FALHARAM e OS MITOS POLÍTICOS NO BRASIL.

OS LÍDERES MESSIÂNICOS

OS LÍDERES MESSIÂNICOS
por Theodiano Bastos



“Nenhum outro partido político brasileiro tem essa característica, de estar assentado sobre um único nome”, diz o sociólogo José de Souza Martins, da Universidade de São Paulo. “O PT tem eleitorado cativo e duradouro constituído por aqueles que optam pelo partido porque optaram por Lula, e optaram por porque nele enxergam a personificação de esperança messiânica” Veja 07/09/16 pag. 55
 


“O Brasil descrito por Lula na campanha eleitoral é a sucursal do paraíso. Pobres já se alimentam três vezes por dia, ricos não têm do que se queixar. A economia está uma festa (e dispensa correções dramáticas para crescer muito mais). A educação e a saúde se aproximam da perfeição. E é só o começo”. Mas o Brasil real está aí de volta: Dívida pública acima de R$ 1,1 trilhão (50,1% é a atual relação entre a dívida e o PIB); R$ 158 bilhões o Brasil pagou de juros em 12 meses; um medo difuso toma conta de todos. O crime organizado e o tráfico de drogas em expansão, e a insegurança se alastra por todo o país: roubos, assaltos, assassinatos (250% foi o crescimento do número de jovens assassinados entre 15 e 29 anos); ricos, pobres, remediados encurralados e enjaulados atrás de grades. Tivemos “Um candidato ébrio de soberba, prisioneiro do delírio de ter-se como Predestinado, o Messias, diz Roberto Pompeu de Toledo no ensaio “O Brasil Continua” (Veja 01/11/06 p. 150). Candidato pretensioso do “jamais visto neste país”, ou “pela primeira vez em quinhentos anos”, “Não conseguirão me calar, pois o sangue, minhas células, minha voz continuarão com vocês etc. comparando-se a Jesus Cristo a Tiradentes e a Antônio Conselheiro?. Lula tem uma imagem ilusória, exagerada pela imaginação popular.
O povo brasileiro continua a procurar um messias, um salvador, redentor, designado, um ungido, predestinado, iluminado, um salvador da pátria. Alguém enviado pelo destino, que aceite trilhar caminhos diferentes, aceitando com confiança o caminho inspirado pelo destino. O designado age como se fosse uma Lei de Deus, da qual não é possível esquivar-se. O salvador da pátria deve obedecer à sua própria lei, como se um demônio lhe insuflasse caminhos novos e estranhos. “Quem tem designação escuta a voz do seu íntimo, pois está designado”, daí a lenda que atribui a essa pessoa um demônio pessoa, que aconselha e cujos encargos deve executar, ensina o mestre Jung, que continua afirmando: “Designação é como uma convocação feita pela voz que provém do interior da pessoa. Assim será e assim deve ser, o que é próprio de líderes messiânicos. Essa voz interior lhe diz como chegar ao objetivo, faz com que ele se sinta designado, do mesmo modo que os grupos sociais por ocasião de uma guerra, revoluções ou outra ilusão qualquer”. E Lula acredita nisso. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA TEM O COMPLEXO DO MESSIAS? Eis aí algo assustador!
Líderes messiânicos me assustam. É um exagero, reconheço, mas a histeria dos petistas no segundo turno da campanha presidencial fez-me lembrar das cenas arrepiantes do documentário da cineasta alemã Leni Riefemstahl “O Triunfo da Vontade”, documentário sobre o Congresso do Partido Nacional Socialista alemão realizado em Nuremberg em 1934. Os discursos de Hitler e seus asseclas incendiando a multidão... E o nazismo acabou provocando a maior tragédia que o mundo viu até hoje. O exemplo é exagerado, reconheço, mas o Brasil de hoje tem muitas semelhanças com a Alemanha de 1930. A história mostra que líderes messiânicos sempre conduzem a tragédias, inclusive no Brasil com Antônio Conselheiros na Guerra de Canudos. É recorrente a lembrança das advertências de Carl Gustav Jung: "A qualquer momento alguns milhões de homens e mulheres podem ser acometidos de uma ilusão, uma epidemia
psíquica, estopim de revoluções e guerras devastadoras”, adverte Jung, que sempre temeu a ameaça dos poderes elementares da psique humana e diz que o psíquico se tornou uma grande potência que supera muitas vezes todos os outros poderes da Terra. “O esclarecimento, que tirou da natureza e das instituições humanas tudo o que havia de divino, conservou aquele deus do terror que reside na alma humana". Jung tinha medo do psíquico e também alertava para a possibilidade do surgimento do designado, ungido, predestinado, iluminado, uma personalidade salvadora, alguém enviado pelo destino, que aceite trilhar caminhos diferentes, aceitando com confiança o caminho inspirado pelo destino.
O mestre Erich Fromm em suas obras: A Sobrevivência da Humanidade, Anatomia da Destrutividade Humana, O Medo À Liberdade, Psicanálise da Sociedade Contemporânea, dentre outras, também adverte sobre os perigos dos líderes messiânicos. O escritor Affonso Romano de Sant´Ana no ensaio “A Cegueira e o Poder” (Jornal do Brasil 28/10/06), em alusão ao quadro político brasileiro, traça um paralelo com a tragédia grega – Édito Rei, de Sófocles, um texto sobre o poder. E fala sobre a cegueira no poder. Lembra Tirésias, o adivinho cego mas que enxerga a realidade dos fatos e zela para que a verdade venha a público e que adverte sobre o ficar cegos para aquilo que não quer ver.
Lula reelegeu-se no segundo turno com 58.295.042, 60% dos votos, derrotando Geraldo que ficou com 37.543.178 votos. Mas o PT teve 12% menos de voto em 2006 em relação a 2002, Uma perda impressionante. Afinal o presidente eleito é do PT. Isso nunca tinha acontecido no Brasil antes: um partido ter feito o presidente da República e perder votos nas eleições proporcionais. A elevada popularidade de Lula comprova a tese de que o eleitor brasileiro vê o político, não o partido diz José Márcio Camargo em entrevista no JB de 15/07/07 pág. A14 que conclui: “O PT se desgastou porque vendia uma imagem de partido ideológico. Como fez coisas que estavam em total desacordo daquilo que a legenda pregava, o PT perdeu consistência e votos”. Lula escolheu o caminho do capitalismo desenvolvimentistas com inclusão social, mas poderia consagrar-se se seguisse o exemplo de Felipe González na Espanha ao aprovar as reformas, mesmo impopulares, mas que promoveram um desenvolvimento sustentável no país com a “Concertacion”, isto é, um entendimento nacional em torno de um projeto nacional. Só assim o Brasil vencerá suas terríveis dificuldades. MAS TEM A MALDIÇÃO DO SEGUNDO MANDATO...
“Toda grande causa começa como um movimento, vira um negócio e finalmente degenera numa quadrilha”, diz Eric Hoffer, cientista político americano. 

Veja no Blog do Thede: theodiano.blog.terra.com.br SOBRE LULA: OS MITOS POLÍTICOS DO BRASIL, O FENÔMENO LULA e REFORMAS; FHC E LULA FALHARAM

O I CHING NA VIDA PESSOAL E NOS NEGÓCIOS

O I CHING NA VIDA PESSOAL E NOS NEGÓCIOS
THEODIANO BASTOS

Desejo compartilhar com os leitores minha experiência, também compartilhada com amigos, nas consultas ao I CHIG, o Livro das Mutações, da editora Pensamento, famoso oráculo e livro de sabedorias da China, com resultados espantosos.
É um desafio a tentativa de condensar tão importante obra, num pequeno espaço de jornal, pois há, inegavelmente, um choque psicológico ao penetrar numa cultura de mais de 4.000 anos, bem diferente da nossa. Mas graças a Carl Jung, o famoso discípulo de Freud e a Richard Wilhelm, autor do livro, esse caminho se tornou menos áspero com mais luzes iluminando o caminho.
O I Ching interpreta as perguntas utilizando o método em que “quem responde não é sinal quem pergunta”, isto é, tirando a resposta do inconsciente de quem pergunta.
O I Ching busca a expressão do inconsciente, do que há de mais verdadeiro, puro e essencial em nós, ajudando a encontrar nosso caminho através das complexidades do destino e da escuridão de nossa própria natureza.
Mas o que estarrece os estudiosos de nosso tempo, é como se explicar que probabilidade usada na teoria de Einstein e utilizar a linguagem binária dos computadores? É o grande mistério a ser desvendado.
Como o reverenciado clássico “ Ching o Livro das Mutações”, são de grande utilidade prática para nossos dias, para esse mundo em profunda crise de valores, a esse momento de perplexidade, é termos à mão um manual para uma perfeita compreensão da natureza humana e do Universo, um instrumento para a cuidadosa análise de nós mesmos, de autoconhecimento e da auto-indagação, como forma de orientar-se e conhecer-se melhor, olhando para o interior de si mesmo, em busca do conhecimento das forças que impulsionam nossos pensamentos, sentimentos, ações e omissões.
Tomamos conhecimentos do lado sombrio de nossa personalidade, ajudando-nos a aceita-lo integralmente e ensina como aplicar o poder regenerador do amor ao se sublimar os próprios defeitos. O lado da sombra, o segundo eu de todos nós, o inimigo dentro de nós mesmos tentando destruir-nos e nos levar para o abismo. Enfim, o que há de negativo na personalidade de todos nós.
O I Ching é um instrumento que nos ajuda a pesquisar o sentido mais profundo de nossa existência em situações confusas ou de perigo, em momentos de inquietação, identificando influências de forças e movimentos cósmicos agindo sobre nós. Pode proporcionar grande ajuda em momentos difíceis. Oferece grande utilidade prática para a psicologia prática.
Existe também a versão de Guy Damian - Knight de “I Ching na administração de empresas” , ed. Record Nova Era, de grande valia para empresários e empreendedores nos momentos de grandes decisões.
“Nada acontece por acaso; tudo o que ocorre está ligado à sincronicidade da vida. Tudo acontece de acordo com a Grande Lei. O “acaso” é simplesmente um nome dado a uma lei que não reconhecida”, ensina o Oráculo chinês Yang e Yin (luz e trevas) são ativados em 64 hexagramas para desvendar caminhos e trazer luzes em momentos difíceis de nossa vida, quando se descobrirá que o inconsciente dos homens é feminino (Anima) e o da mulher é masculino (animus), isto é, o dos homens tem polaridade feminina e o das mulheres, masculino.
Mas só quem sabe o que procura pode encontrar o caminho, ensina a sabedoria oriental. No I Ching, seguramente se achará o alimento da alma que é o conhecimento, conforme ensinava o velho sábio Platão.
Este artigo está no livro “A PROCURA DO DESTINO” de autor deste texto e foi publicado em “A Tribuna”, Vitória – ES de 25/01/01.
(*) Theodiano Bastos, fundador e presidente do Círculo de Estudo, Pensamento e Ação – CEPA - ES. é escritor, autor dos livros: O Triunfo das Idéias, A Procura do Destino e coletâneas. www.proex.ufes.br/cepa.
O texto está na Internet no Blog OFICINA DE IDÉIAS – (O Blog do Thede) (theodiano.blog.terra.com.br). ongcepa.terra.com.br

Sobre o tema, leia também no theodiano.blog.terra.com.br A DIMENSÃO COULTA DA MENTE, O AUTOCONHECIMENTO, AS RELIGIÕES E A MÚSICA, QUEM SOU EU? e O SEGUNDO EU DE TODOS NÓS

O MITO DO OPERÁRIO SALVADOR

                                       
O MITO DO OPERÁRIO OPERÁRIO SALVADOR                                        
THEODIANO BASTOS

Queiramos ou não, Lula é um fenômeno político. “Há pessoas que conseguem se destacar das massas, elevando-se como picos de montanha, escolhendo seu próprio caminho, enquanto a maioria se apega aos caminhos comuns, com medo de trilhar veredas desconhecidas, diz Carl Gustav Jung em sua obra “O Desenvolvimento da Personalidade”. Por que existem os que resolvem arriscar, abandonando os caminhos comuns? O que os impulsiona a trilhar caminhos desconhecidos? É a coação de acontecimentos, a necessidade premente que consegue ativar mudança da natureza humana, responde Jung. “Mas a personalidade jamais poderá desenvolver-se se a pessoa não escolher seu próprio destino”. Não há vento que sopre favorável para quem não tem rumo, diz a sabedoria popular. “Provém, enfim, da necessidade e também da decisão consciente, pois ninguém desenvolve sua personalidade porque alguém aconselhou, pois a natureza jamais se deixa impressionar por conselhos dados com boa intenção. Sem haver necessidade, algo que obrigue (o destino de cada um?), nada muda a natureza humana, ensina Jung.

Caçula de uma família de oito irmãos (os revolucionários sempre são os caçulas), metalúrgico, ex-vendedor de tapioca, engraxate, retirante nordestino, que chegou num pau-de-arara após 13 dias de viagem usando a mesma camisa, teve uma infância miserável e passou até fome em Caeté, sertão de Pernambuco; viúvo aos 39 anos quando perdeu no parto a esposa e o filho, casou-se com Maria Letícia, que foi babá aos nove anos e operária de uma fábrica de doces aos 13, também viúva de um motorista de táxi assassinado quando estava grávida de quatro meses, Luiz Inácio Lula da Silva se elege Presidente da República com 52.793.364 votos, derrotando no segundo turno o candidato da situação, José Serra, que ficou com 33.370.739 votos.

Em 2006 reelegeu-se no segundo turno com 58.295.042, (60% dos votos), (mas o PT só teve 18% dos votos) derrotando Geraldo Alckmin do PSDB que ficou com 37.543.178 votos. É um fenômeno político, queiramos ou não, um acontecimento inusitado, da maior significação na história do povo brasileiro. Líder nato, dotado de esperteza intuitiva, muito inteligente, carismático/messiânico, sem instrução formal, formado na universidade da vida, mas com grande desenvoltura, conforme se vê nas reuniões com líderes mundiais. É um orador carbonário, temido, porque pode incendiar o país acionando a CUT, o MST, o Movimento dos Sem-Tetos e outros. Sem nenhuma experiência administrativa, nem como prefeito, secretário de estado ou ministro, mas está cercado de cabeças coroadas da intelectualidade do país, artistas, empresários e militares. Elegeu-se presidente após sofrer quatro derrotas eleitorais: Em 1982, ficou em 4º lugar na disputa pelo governo de São Paulo, pleito vencido por Franco Montoro, teve uma passagem obscura na Assembléia Constituinte e perdeu três vezes para presidente da república: para Fernando Collor e duas derrotas para Fernando Henrique Cardoso, sempre no primeiro turno. Nenhum outro político brasileiro disputou a presidência por cinco vezes. Só queria ser presidente da república.

Lula corporifica o desejo real de mudança. Elegeu-se prometendo a mudança, e no governo praticou o continuísmo; é um neoliberal-populista. Transformou-se no porta-voz da indignação do povo, captando os votos da insatisfação, da revolta, do ressentimento e da insurreição. O povo clama por uma personalidade salvadora, clama por alguém que acenda o farol da esperança, mas tem pressa, quer soluções imediatas, quer mágica. Aí reside o grande perigo, o risco de uma decepção geral e existe a maldição do segundo mandato. O povo parece procurar um designado, um ungido, predestinado, iluminado, um salvador da pátria. Alguém enviado pelo destino, que aceite trilhar caminhos diferentes, aceitando com confiança o caminho inspirado pelo destino. O designado age como se fosse uma Lei de Deus, da qual não é possível esquivar-se. O salvador da pátria deve obedecer à sua própria lei, como se um demônio lhe insuflasse caminhos novos e estranhos. “Quem tem designação escuta a voz do seu íntimo, pois está designado”, daí a lenda que atribui a essa pessoa um demônio pessoa, que aconselha e cujos encargos deve executar, ensina o mestre Jung, que continua afirmando: “Designação é como uma convocação feita pela voz que provém do interior da pessoa. Assim será e assim deve ser, o que é próprio de líderes messiânicos. Essa voz interior lhe diz como chegar ao objetivo, faz com que ele se sinta designado, do mesmo modo que os grupos sociais por ocasião de uma guerra, revoluções ou outra ilusão qualquer”.

No poder, revelou-se um líder messiânico-pragmático e neoliberal-populista. Mas teve o bom senso de manter todo o arcabouço montado pelo governo do PSDB como o saneamento do sistema financeiro, as privatizações, as agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal, as metas de superávit primário e de inflação, o câmbio flutuante e a autonomia operacional do Banco Central. Com surpreendente desenvoltura e habilidade tem exaltado o Brasil aos olhos do mundo

Dilma Rousselff é na verdade é primeira-ministra e não chefe da Casa Civil. Deslumbrado com o poder, sem maioria na Câmara dos Deputados e no Senado, Lula governa na corda-bamba, dependendo dos votos do 14 partidos aliados: “o poder é um fardo em seu destino”. O corporativismo, o MST e a CUT e o sectarismo dos radicais do partido, de forte viés revolucionário e até totalitário. “Sem os exaltados não se fazem as revoluções; mas com eles, depois, é impossível governar”, alertava Joaquim Nabuco. Atualizando a advertência do estadista Joaquim Nabuco, podemos dizer: sem os “aloprados” não se ganham as eleições; mas com eles, depois, é impossível governar. 


A mensagem para o povão é clara: “Ele era um dos nossos, não importa o que tenha feito”.
 

Leia neste Blog: "OS MITOS POLÍTICOS NO BRASIL”, “OS LÍDERES MESSIÂNICOS” e " A REPÚBLICA SINDICAL PARALISOU AS REFORMAS"

O CAPITALISMO DE RAPINA

O CAPITALISMO DE RAPINA
(*) THEODIANO BASTOS

George Soros, o megaespeculador, diz em seu livro que “a grande ameaça de hoje no mundo não é o comunismo, mas o capitalismo. E explica: porque é um capitalismo que só obedece a regras que ele próprio cria, não aceita mudanças”. O capitalismo se tornou destrutivo ao esquecer o lado humano, o trabalhador e os Estados nacionais, na ganância do lucro fácil. Na sua entrevista a Veja de 06/01/99, intitulada “Assim Vai Quebrar”, diz ainda George Soros: “Hoje, a ideologia dominante é a que chamo de fundamentalismo de mercado. Por ela, o mercado tem seus próprios meios de corrigir os excessos do sistema e por isso não aceitam interferências externas... O mundo precisa estar preparado para reagir aos excessos do mercado financeiro. Não existe país que hoje possa enfrentar o capital financeiro”, alertava.
Mas dá para controlar, dizia Helmut Schmidt, ex-chanceler alemão, também em páginas amarelas de Veja de 21/02/01, diz: “Com a expressão capitalismo de rapina, refiro-me especificamente aos consultores e corretores que fazem as operações de anexação hostil de empresas, aos intermediários financeiros, aos palpiteiros de plantão do mercado de capitais, aos plantadores de boatos, enfim, a todos aqueles que participam dessa ciranda financeira desenfreada, ganhando rios de dinheiro, sem levar em conta as conseqüências de suas decisões, a ganância, impulso doentio para a riqueza fácil”. Vendem as ações num dia, soltam os boatos no outro, aí vendem o dólar na alta e assim ganham duplamente. Os governos perderam o controle no campo das finanças internacionais nos últimos vinte a trinta anos, alerta.
O capital financeiro-especulativo é da ordem de 167 trilhões de dólares, enquanto o capital real, empregado nos processos produtivos é de cerca de 48 trilhões de dólares anuais. Neste domínio se cometem os maiores atentados à razão e à moral nas manobras especulativas mais baixas, das especulações financeiras de curto prazo com papéis, ações e moedas. O que é absolutamente novo é o poder dos novos atores financeiros. Um poder nada transparente. É hora de os países mais desenvolvidos chegarem a um acordo sobre como controlar o fluxo do dinheiro”, diz. — Só se superarmos a “exuberância irracional, a ganância infecciosa”, de que falava o Alan Greenspan, presidente do banco central americano.
OS PARAÍSOS FISCAIS
Segundo levantamento do Banco Central pessoas físicas e jurídicas têm US$ 152,2 bilhões aplicados em outros países, dos quais US$ 75,7 bilhões estão em locais conhecidos como paraísos fiscais, em 53 países classificados como paraísos fiscais.(Mas quatro receberam US$ 72,3 bilhões): Ilhas Cayman, Ilhas Virgens Britânicas, Bermudas, Bahamas. Só as Ilhas Cayman receberam US$ 34,8 bilhões. .(JB 05/01/08 p.A17).
Helmut Schmidt é um estadista respeitado no mundo, autor de dezenas de livros, é um otimista com o futuro do Brasil, decorrente, em parte, de suas fantásticas riquezas minerais, do gigantesco potencial agrícola e também da formidável vitalidade de uma população em média ainda jovem. O Brasil será uma superpotência mundial em decorrência de sua capacidade econômica, de sua saúde social, da ausência de conflitos internos, do tamanho do território. Choques e crises econômicas mexicana (1994); asiática (1997), Russa (1998), Argentina e brasileira (1999), o estouro da bolha de tecnologia (2001), dos ataques de 11 de setembro de 2001 e com a perspectiva de eleição de Lula e agora a crise iniciada nos Estados Unidos contamina todos os países do mundo, sem exceção, de conseqüências imprevisíveis.
O que fazer, nos perguntamos? É o grande desafio à imaginação criadora dos sociólogos, economistas e pensadores. Como reintroduzir o social, o político, na relação da troca econômica, reencontrar o objetivo do bem comum, da busca de uma sociedade que não privilegie um bem-estar material destruidor do meio ambiente e do veículo social, de construir uma nova cultura.
(*) THEODIANO BASTOS É escritor e fundador e presidente do Círculo de Estudo, Pensamento e Ação CEPA - ES. Leia neste blog "A GLOBALIZAÇÃO É NEOCONIALISMO"
Esse texto está no Oficina de Idéias: theodiano.blog.terra.com.br