Foto na Catedral de Salvador, agosto de 23
Por THEODIANO BASTOS
Em 1971, com 32 anos, já casado e com um
filho, tinha só o equivalente a sexta série atual e no mesmo ano fez o
Supletivo de Primeiro Grau, do Segundo Grau e em, sem fazer cursinho, passou no
vestibular de Medicina na UFBA, estudando apenas na biblioteca de Ferira de
Santana, tendo feito opção única para medicina (podia optar por três cursos)
e... passei!
Se não me falha a memória, foram 06
disciplinas. Tive três SS em anatomia (SS é 10 sem tirar uma vírgula) e
também obtive notas excelentes nas outras disciplinas, inclusive na eletiva
Canto Coral que foi realizado no Seminário de Música da UFBa, continua
informando.
Getúlio Antônio da
Silva Bastos formou-se em Medicina em 1986 com, 47 anos, casado e com três filhos.
Aos 80 anos, aposentado pelo INSS com pouco mais de R$ 2 mil, continua
trabalhando como Médico de Família em Pé de Serra, perto de Feira de Santana.
Perdeu dois dos três filhos em
acidente de moto, ambos com 17 anos, mas em datas diferentes.
Chamado às pressas quando o corpo
de seu filho Ostiano chegou ao hospital.
Os colegas consternados, o viram costurando os pedaços do corpo do
filho. Uma picape com dois cavalos, dirigido por um filho de fazendeiro rico,
passou par cima da moto e dilacerou o corpo de meu sobrinho e não sofreu
nenhuma penalidade.
A
esposa e toda família foi contra que ele comprasse uma moto para o outro filho
e ele comprou dizendo que foi tudo uma fatalidade que não iria acontecer com o
outro filho e aconteceu na mesma via, no Contorno de Feira de Santana.
A
esposa pediu a separação e desabafou: dizem que o raio não cai no mesmo lugar e
na minha família caiu.
No outro, também foi chamado pelo
hospital, chegaram a abrir o tórax para massagear o coração, mas não conseguiram
e ali se ajoelhou ao lado do corpo e aos 85 anos é diagnosticado com doença
mental grave.
A Faculdade de Medicina da Bahia
foi a primeira do Brasil, onde nosso Pai, Ostiano
Cerqueira Bastos ,também médico, formado em 1935 e Theodora
da Silva Bastos. Ficou órfão de mãe aos 9 anos (o autor tinha 11). Nossa
mãe faleceu aos 39 anos deixando 7 filhos na orfandade e toda vida da família
se desmoronou...
Éramos 6 homens e três já
morreram e uma mulher. Na saída do caixão da casa em Candeias, meu pai discursou
e disso que jamais daria uma madrasta pra os filhos, e cumpriu. Foi pai e mãe e
tirou uma irmã que estava no convento em Salvador havia 24 anos para lhe ajudar
a criar os 7 filhos. Era Maria das Mercês. Mais uma Maria na minha vida... era
tia Yayá
“Durante o primeiro semestre redigi um
manifesto contra a pena de morte contra um colega da UFBA que ganhou expressiva
repercussão através do então senador Josafá Marinho que levou para ser
discutido em plenário e também o referido manifesto foi capa de alguns jornais
de Salvador e provavelmente do Jornal do Brasil, pois um repórter desse jornal
me entrevistou em Salvador, lança manifesto em apoio a Theodomiro Romeiro dos
Santos, condenado à morte pelo regime militar e por isso ficou mais de 5 anos sem
poder voltar a estudar
“Apresentei minha defesa em
jornais de Salvador - Tribuna da Bahia deu bastante destaque (A Tarde também
publicou) - e na Secretaria Geral de Cursos da UFBa, reiteradas vezes, até que
- se não me falha a memória - em 1977 retornei à Universidade”
Fiz na época em Salvador um
concurso da Petrobrás e fui bem classificado. Acho que fiquei entre os
dez primeiros. Foram chamados além desses dez e meu nome não saiu,” disse.
O autor entrou em conato com o
coronel Jarbas Passarinho, pedindo clamando por justiça e reexame da situação
desse irmão, falando de sua ingenuidade política, pois não criticava o regime
no manifesto. Por ser espírita, para usava o argumento de que se não se pode
criar a vida também não pode tirá-la e ele retornou ao curso de medicina em
1977.